sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Meninas más e travessas

Tarot, Witch of the Black Rose, por Jim Balent

Admito que tenho uma atracção fervorosa por aquele tipo de miúda retorcida. Aquelas mulheres que têm uma personalidade forte, independente e maléfica. Elas estão por toda a parte.
A Menina Má é também um arquétipo da anti-heroína e uma forma iconográfica na banda desenhada desde os anos '90 chamado de Bad Girl Art, exemplificado na Lady Death do Brian Pulido, na Witchblade do Marc Silvestri ou na Tarot do Jim Balent. Todas elas têm um estilo exuberante e um elemento de sobrenatural associado. As bruxas foram as primeiras Bad Girls da História. Numa altura em que o Cristianismo se estabelecia na Europa, elas desafiavam a autoridade ao praticarem ritos de uma religião primitiva, o que levou a que fossem associadas ao demónio e perseguidas, e as suas festividades substituídas pelas cristãs, como aconteceu por exemplo com o Samhain, o começo do ano entre as tribos célticas, neste caso substituído pelo dia de Todos-os-Santos.

domingo, 25 de outubro de 2009

Onde está Ele afinal?

Disclaimer: O texto seguinte poderá causar reacções fundamentalistas. O autor reserva-se no direito de exprimir a sua opinião pessoal e ao direito à heresia.

Existe algo chamado Consciência Universal. Trata-se do somatório de todas as consciências individuais e colectivas, unidas em rede e produzindo uma série de ressonâncias espirituais através da Árvore da Vida.
Yddgrasil é um supercomputador cósmico que lança probabilidades sobre a nossa existência. Nada acontece por acaso, todas as coincidências são significativas. Tudo acontece por uma razão e todos estamos ligados através dessa teia que as Nornas tecem.

Este fim de semana decidi encontrar Deus. Embora haja quem esteja uma vida inteira com esse objectivo e nunca O encontre, por alguma razão arrogante eu achei que conseguiria esse desiderato em tal breve espaço de tempo. Sendo eu próprio um avatar das Trevas, inspirado num antigo deus esquecido, para além de ser um devoto templário de uma deusa escatológica e cruel, sinto a emergência do divino em todo o meu ser.

Decidi então empreender a minha busca religiosa no mundo belo e maravilhoso da pornografia online. Se é verdade que Ele se encontra em todo o lado, também se deverá encontrar nesse recanto da nossa existência. Comecei então a receber mensagens de um ser superior. Era algo incompreensível, do tipo: "Parece que você está a usar AdBlocking Software" ou "Conheça uma amiga hoje à noite em Álvaro". Estas mensagens continuam a ser um mistério e gostava que algum Ministro da Fé as interpretasse para mim, especialmente esta última.

Sem perder a fé, porfiei na minha demanda e foi então que obtive a revelação. Surgiu-me nas carnes planturosas de uma bela húngara que se encontrava rodeada por três senhores que a auxiliavam em todos os sentidos, e cuja ligação, infelizmente para minha e vossa desilusão, não posso reproduzir aqui.
Sendo assim, e com a certeza de ter atingido, qual Messias, o êxtase divino, aconselho os seguidores deste texto a interpretarem as pistas dadas pela supra-citada revelação e que qualquer motor de busca mais refinado deverá encontrar.

Este texto apesar de não conter nenhuma escritura sagrada, leva em linha de conta que a perfeição pornográfica é algo bastante sério, que não deve ser tratado de uma forma leviana, e que tal como dizia o filósofo Kant, o ideal de Bem Supremo como relação entre a Felicidade e a (I)moralidade são essenciais para a Ideia de Deus.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"...e então ele matou Abel"

O livro do Génesis sempre teve um certo fascínio em mim, possivelmente pela serpente do Éden, essa antepassada promotora do conhecimento e do desafio pela autoridade que permitiu aos humanos darem esse salto cultural conhecido como revolução do Neolítico.
Com efeito, a sedentarização levou à competição interpessoal, e daí até ao homicídio é um passo.
Até aqui nada de novo.

O escritor José Saramago resolveu escrever sobre o tema, o que se compreende uma vez que é escritor. Pensei eu que a pouca originalidade referida não fosse um grande abono, apesar de considerar o tema bastante interessante.
A polémica permitiu-me constatar o que já desconfiava.
Primeiro, não existe abertura por parte desta sociedade para a discussão de temas sérios.
Segundo, qualquer pessoa que tente discutir esses temas é submetida a uma cortina de indiferença, ignorância ou de areia atirada para os olhos ou de tudo isto ao mesmo tempo.

A questão da cidadania é um bom exemplo. Ao ver certo indivíduo a questionar-se sobre o caso pensei tratar-se de alguém com algum tipo de atraso de ordem neurológico, mas eis que então observando melhor, reparei que se tratava de um eurodeputado, o que me permitiu somente qualifica-lo de aventesma.
O Cavaquismo sempre lidou mal com a figura de Saramago. Sem estar a referir as desavenças sobejamente conhecidas entre o Todo-Poderoso Aníbal e o escritor, deixou-me perplexo essa ridícula terceira figura em bicos de pés a tentar confrontar o Nobel.

Faz-me confusão este apego à doutrina, que é injectado sob a forma de liturgocaína nas mentes e corações dos fieis. Claro que o partido comunista faz o mesmo com os seus, apenas substituindo o dogma teológico pelo ideológico.
Rejeito a atitude de acreditar sem questionar, embora isso seja a base da Fé.

Já é a segunda polémica em duas semanas a envolver um caso de patriotismo, para gáudio da turba (eu incluído).
Será que há aqui algum vírus a provocar isto? E qual é que vai ser a polémica para a semana?

domingo, 18 de outubro de 2009

Not a member yet? Click here to join! (Help)

Antes de mais, uma actualização. Pelos vistos o problema do texto anterior resolveu-se a si mesmo. Estava à espera que a polémica se estendesse por mais tempo, mas deve-lhe ter faltado um soundbyte (que sempre é mais eficaz nesse particular) para que a onda chegasse mais longe.

Posto isto, o propósito deste escrito é contribuir com a talvez irrelevante e desinteressante experiência que tenho do fenómeno das redes sociais.
A Internet pela sua facilidade de acesso e uso (enfim pelo menos para alguns) tornou possível novas formas de interacção entre pessoas.

Vou em primeiro lugar escrever um pouco sobre as comunidades online que já experimentei:
Blogger. Blog host onde espero que alguém esteja a ler isto. As razões para o ter criado estão no primeiro texto que escrevi.
deviantART. Comunidade artística. Aprecio bastante, apesar da minha indolência não me permitir ser mais assíduo.
IMVU. Instant messaging com a possibilidade de criação de um avatar tridimensional. Conceito interessante, embora prefira o Messenger.

Em relação às redes sociais. Aquelas que tenho ou já tive:
Facebook. É provável que seja o futuro, conseguiu destronar o myspace, o que não é de somenos e continua cada vez a crescer mais. Tenho de reduzir o meu uso do Farmville senão enlouqueço. As aplicações são extremamente viciantes.
Hi5. O rebanho tuga. Azeite com fartura. Mais permeável do que uma saqueta de chá e que gera mais lixo do que um aterro sanitário. Praticamente inútil, apesar de quase todos o terem.
MySpace. A forma que o Tom Andersson encontrou para fazer fortuna à conta dos Emos. Muito americanizado.
Eficaz para quem tem uma banda de garagem e quer massacrar amigos e conhecidos com convites até à exaustão para estes comentarem os seus temas musicalmente irrelevantes.
Bebo. Quase igual às anteriores. Criei um perfil após um convite de uma amiga que se encontrava a ressacar pelo facto do Myspace estar indisponível durante uma semana. Posteriormente apaguei.
Netlog (anteriormente conhecida como Facebox e Bingbox). Tinha um perfil no Blingbox que apaguei, depois criei um no Facebox, o que me causou alguma confusão quando o Facebook surgiu. Apesar de ainda ter o perfil, o meu interesse nesta rede é próximo do zero.
WAYN. Poderá ser útil para quem anda a viajar pelo mundo, o que infelizmente não é o meu caso.
Zorpia. Menos que zero.

Aquelas que não tenho (mas que poderia ter, ou talvez não):
Vampirefreaks. Comunidade potencialmente interessante para quem aprecia goth rock e industrial.
MyAnimeList. Para quem gosta de manga e anime.
Last.fm. Internet radio. Apesar de não ser uma rede social, disponibiliza um bom serviço de radio, que actualmente parece que funciona somente através de subscrição.
oBRkut. Não tenho, nunca tive e faço questão de não vir a ter, por razões óBRvias.
Sonico. Tagged. imeem. Não, não e não. Idem aspas.
Twitter (familiarmente conhecido como Piu Piu). O fim da privacidade online. Agora já se pode actualizar o estado a partir da retrete e sincroniza-lo com as restantes redes sociais. Bendita tecnologia.

No fundo e apesar dos receios orwellianos de todos estarem a disponibilizar uma base de dados para usufruto da Google, Microsoft, Yahoo! ou sabe-se lá mais quem, existirão cada vez menos a não querer estar ligados em rede de uma forma ou de outra.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Aleivosias culturais

Antes de mais o caso Maitê é uma questão cultural.
Facto: A actriz é uma representante da cultura e das artes do seu País. Tem portanto uma responsabilidade acrescida todo e qualquer acto seu.
Não me vou alongar sobre o significado esotérico do 3 invertido, nem sobre as restantes alarvidades históricas que proferiu. A ignorância das outras pessoas não é algo que me surpreenda por aí além.

Aquilo que realmente me causou algum espanto foi a forma leviana como foi tratada a fonte do claustro, onde outrora os monges lavavam as mãos num ritual de purificação e cujo leão é o símbolo heráldico de S. Jerónimo. Não se trata portanto de uma simples fonte.
Tal profusão de saliva causa-me algum nojo, embora isso tenha mais a ver com uma questão de educação.
Eu entendi a ideia da tentativa de imitação do fontanário, mas só uma cabeça demente poderia encontrar alguma piada naquilo.

Agora a questão principal: O porquê da difusão desta reportagem no tal programa televisivo?
Aqui entra o estatuto da actriz. Como é do conhecimento geral nestas coisas dos artistas, o estatuto conta muito. Muito mais do que o próprio talento em si, que no caso e como se pode confirmar, é pouco ou nenhum.
Mais estranho ainda é ficar por apurar o porquê deste caso vir a público neste momento, cerca de dois anos após a sua transmissão televisiva.

Após a divulgação do vídeo na Internet, este recebeu de uma forma inteiramente justa as mais ricas reacções em português vernáculo, o que contribuiu para a aprendizagem por parte de alguns brasileiros de vocábulos tão belos da nossa língua que me escuso agora a citar.

A actriz sem se dar conta da magnitude daquilo que desencadeou tentou atenuar com o argumento da falta de humor a causa de tal indignação, demonstrando altivez e zero de arrependimento e cuspindo novamente em todos nós.
Curiosamente o factor da menopausa (que sem dúvida, lhe deve estar a afectar o cérebro) quase não foi referido em lado nenhum.

Isto é efectivamente uma Causa, o desrespeito a que o País foi sujeito uniu os portugueses, o que deveria levar em teoria, a que este acto fosse sancionado severamente por ambos os países e considerar como persona non grata no nosso país Maitê Proença, Mônica Waldvogel, Betty Lago e Márcia Tiburi.

Se a vontade dos patriotas for superior à sua capacidade de resignação a unica forma de parar esta onda de choque e indignação será ver o esfíncter da referida senhora ser completamente destruído em publico, uma vez que a sua reputação já o está.

Link para aderir à Causa

Link para o Abaixo-Assinado

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A ilusão do tempo

Uma segunda-feira!
Que dia tão odiado pela maioria das pessoas.
O tempo está bom e o céu está limpo. Nem se vislumbram traços de chemtrails. Deve ser a ressaca da ilusória liberdade de escolha do escrutínio.
Aliás, que outro motivo teria eu para escrever sobre algo mais que não fosse o tempo?
Já se sabem os nomes das ilustres personalidades que irão degustar demoradamente a coisa pública. Estamos todos muito mais tranquilizados.

Vamos ver se depois das campanhas que estagnaram esta quinta durante cerca de um mês e meio (estou a ser simpático) alguém se resolve a meter a engrenagem do País a funcionar novamente.

Talvez esteja a pedir muito.

sábado, 10 de outubro de 2009

O Pacificador

Eagle and Iraq Dove, por David Klein

E o Prémio Nobel da Paz vai para o Comandante-em-Chefe de:

548.000 militares no Exército
332.000 militares na Marinha
323.000 militares na Força Aérea
201.031 militares nos Fuzileiros Navais
41.000 militares na Guarda Costeira
850.000 militares na Reserva Territorial

7.851 Carros de Combate M1 Abrams

1 Porta-aviões USS Enterprise
10 Porta-aviões Nimitz
22 Cruzadores Ticonderoga
55 Contratorpedeiros Arleigh Burke
51 Fragatas Oliver Hazard Perry
48 Corvetas LCS Freedom
1 Sea Fighter FSF-1

18 Submerssíveis Balísticos Ohio
45 Submerssíveis de Ataque Los Angeles
3 Submerssíveis de Ataque Seawolf
5 Submerssíveis de Ataque Virginia

685 Caças F-15 Eagle/Strike Eagle
1.317 Caças F-16 Fighting Falcon
145 Caças F-22 Raptor
974 Caças F/A-18 Hornet/Super Hornet
13 Caças F-35 Lightning II

270 Caça-bombardeiros
141 Bombardeiros Estratégicos
20 Bombardeiros Furtivos
1.196 Aviões de Transporte Militar
54 Aviões de Comando e Controle
416 Aviões de Guerra electrónica e vigilância
670 Aviões de reabastecimento

929 Helicópteros de ataque

cerca de 300 UAV Drones

5.735 Ogivas Nucleares operacionais
4.225 Ogivas Nucleares desactivadas

663.7 mil milhões de dólares de Orçamento Militar

Parabéns!
A capacidade de argumentar é bastante importante.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O Palhaço da Madeira

Um dos melhores contributos do youtube para o não-lugar do ciberespaço tem sido a divulgação de videos acerca da situação em países onde a liberdade de expressão e de informação não existe.
Tal fenómeno ocorre numa ilha atlântica da União Europeia onde um cacique local, de seu nome Alberto João Jardim, segue a bela tradição dos 'pagliacci' (um tipo de actor cómico de origem italiana).
Na recente campanha eleitoral registaram-se confrontos que foram gravados e disponibilizados online em plataformas como o youtube. Posteriormente eram divulgados pelos restantes media como se fossem oriundos de uma qualquer ditadura repressiva.
A mediar os confrontos encontravam-se elementos da administração interna (vulgo polícia) uma autoridade fora do controlo directo do cacique.
Por não se sentir defendido, o indivíduo lá confessou que se sentia mais seguro sem a polícia por perto, afirmação que não seria de estranhar vinda de um líder de tendências mafiosas.
Passados alguns dias já se encontrava em campanha novamente, desta vez cercado pela sua guarda pretoriana.

Se eu fosse susceptível ao sentimento de vergonha, quase que sentiria vergonha de ser português.

domingo, 4 de outubro de 2009

Estupidez até à extinção


Um destes dias vi o documentário "The Age of Stupid" sobre a dinâmica apocalíptica da mudança climática.
Graficamente o filme é muito bom, mas a partir de uma certa altura começa a ser algo repetitivo, em minha opinião.
Gostei da parte que se refere a uma citação de Alan Greenspan, economista e actual ex-Presidente da Reserva Federal Americana, que eu desconhecia:
"I am saddened that it is politically inconvenient to acknowledge what everyone knows: The Iraq war is largely about oil"

Que edificante!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A falência do sentido


Em primeiro lugar o sentido de escrever um blogue e a minha reticência em me juntar ao fenómeno da blogosfera.
O porquê de um blogue numa altura em que eles se multiplicam como cogumelos numa voragem de diatribes pessoais muitas vezes inúteis.
A resposta é a necessidade de partilha de pensamentos pessoais como esta reflexão acerca do sentido.
Tempos houve em que era necessário fazer sentido, premissa que pelos vistos foi entretanto abandonada, quando se tenta confundir a opinião pública e manipular os acontecimentos.

A sociedade portuguesa rejubila com a intriga protagonizada pelo mais alto magistrado da nação, que não se coíbe de fazer subir a parada na mesa de jogo política, mesmo quando todos já viram que não apresenta jogo nenhum.
Todos esperariam um honesto assumir da manipulação, embora isso implicasse uma demissão ou uma impugnação, algo provavelmente inédito na história do nosso País, mas que em todo o caso eu gostaria que a miríade de comentadores televisivos me tivesse a bondade de explicar a mecânica institucional das mesmas.

Embora este caso tenho sido dado à laia de exemplo, o simples facto destes intervenientes se encontrarem no topo da pirâmide social do nosso País deveria ser motivo para nos preocupar a todos.
Mas, no fim de contas, provavelmente isso talvez não faça tudo muito sentido.