domingo, 24 de janeiro de 2010

O ocaso em vermelho... branco e azul

Jennifer Lyn Jackson (1969 - 2010)

Não tenho por hábito fazer elogios fúnebres, uma vez que são sempre devido a motivos tristes e certamente deve existir quem tenha mais habilidade para os fazer do que eu.
Jennifer Lyn Jackson, faleceu anteontem na sua casa em Westlake, Ohio. Tinha sido playmate do mês da revista Playboy, no já distante ano de 1989. A sua sessão, fotografada por Arny Freytag, foi utilizada algumas vezes em números seguintes da revista. A notícia do seu desaparecimento deve ser apenas uma nota de rodapé nos jornais, uma vez que a sua relevância mediática era residual, ao contrário do outro Jackson que teve honras de despedida até à náusea.

O seu percurso é, no meu entender, um retrato ou alegoria do fim do sonho americano na América do Midwest. Após a sua aparição na revista, Jennifer tinha seguido os estudos em Gestão e Finanças na Universidade de Kent State. Ambicionava seguir a "estrada dourada do sucesso" na senda da febre yuppie dos anos 80, cuja economia especulativa prometia tudo a quem vendesse a sua alma.
Nos vinte anos que se seguiram, este tipo de filosofia foi entrando em declínio até se atingir a recessão de finais de 2007 e consequente crise económica de 2009, despoletada pela bolha especulativa do mercado imobiliário, fim do sistema capitalista até agora conhecido.

A mulher de quarenta anos que, nas suas recentes aparições em tribunal, devido a condução sob o efeito do álcool, já pouco fazia lembrar a de à vinte anos atrás, revela a cruel realidade da situação actual daquele país: O fim de uma promessa de sucesso.
Morava em Westlake, um subúrbio de Cleveland, numa trailer home. Local onde foi encontrada morta, provavelmente devido a uma overdose de heroína.
Aqui fica a memória de um sonho que nunca o chegou a ser.

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