sábado, 31 de dezembro de 2011

Se hibernasse, não jantava. Se não jantasse, não tinha de levar com isto

Se existe algo de bastante engraçado nas "revistas do ano", que todos os canais noticiosos costumam fazer por esta altura, é a constatação da quantidade infindável de notícias de merda e de manipulação que aconteceram durante o ano que agora finda. As pessoas que editam esse tipo de coisa poderiam apresentar os fenómenos que só se conseguem detectar a longo prazo, e aproveitar para desmistificar o jogo político, e a ilusão dada aos cidadãos de que têm opção de escolha eleitoral. Mostrar a parede de tijolo, como diria Zappa, onde tudo é encenado para que nós acreditemos. Houve este ano várias campanhas eleitorais, o que não houve foi eleições.
Claro que é sempre bonito recordar uma Sandra Felgueiras de lágrimas nos olhos, depois de levar com uma granada de gás lacrimogéneo, na tromba e em Atenas, ou da excitação do João Adelino Faria, ao falar do casamento real, que nas suas palavras foi extremamente importante, não só para Inglaterra e para Europa, como até para o mundo. Justificando esta última tirada, com o facto desse evento ter sido coberto por uma miríade absurda de media, usando assim a falácia do argumentum ad populum. Falácia essa, que foi atirada na cara dos telespectadores sob a forma de interrogação. Tão manipulativo, este nosso João Adelino! Deve ser o excesso de açúcar do Natal.

Mas nem só da amostra de jornalistas vive este fim de ano. O outro lado do espelho da propaganda manipulativa, no circo que é a sociedade portuguesa, são os políticos. O ministro da tutela foi passar o réveillon na Madeira. Miguel Relvas, que entende como ninguém a forma como a informação deve ser comunicada aos portugueses, em tipo, conteúdo e timing, juntou-se ao "Bokassa" da Madeira, para juntos fazerem uma operação de charme e, ao mesmo tempo, descansarem uns valentes dias dessa actividade extremamente extenuante, que é a de enganarem os portugueses.
Por fim, aproveito para exprimir os meus desejos para 2012, com todo o fel que envenena e apodrece esta sociedade. Não consigo ter qualquer espírito positivo, e de qualquer forma, esse tipo de pensamento não me assenta. O que desejo para mim e para a humanidade deste canto da Europa, é que estejam num sítio seguro, quando isto começar a decair e, depois, a desmoronar. Estas são palavras de esperança. Não aquele empacotado do marketing obamiano, mas uma que radica na crença da sobrevivência. Este ano vai ser o ano dos excluídos, dos pobres, dos velhos, dos jovens, e, de um modo geral, de todos os que precisam de ganhar consciência de que só se deixam manipular se assim quiserem. Não será fácil, mas espero que dê frutos.

Annum faustum
Apophis

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Set Up

Katherine Moennig

Disclaimer: O texto seguinte não se refere a nenhuma mulher ou gaja em particular, tratando-se apenas de um retrato a preto-e-branco sobre esse espécime complexo e falho, mais conhecido como sexo feminino.

A compatibilidade ou incompatibilidade entre os seres humanos varia com o grau de receptividade e desconforto que estes estão preparados para aceitar entre si, nas suas relações de interdependência. O ser humano é um ser social, e o facto de viver em grupos de indivíduos, desde o passado mais remoto, habilitou esta espécie a definir quais é que são os limites que cada indivíduo encara na sua relação com o outro.
No caso dos indivíduos do sexo feminino, essa relação tornou-se ainda mais complexa, devido ao facto de terem de lidar com determinadas fragilidades no seu íntimo, e que podem ser desde inseguranças físicas e psicológicas até verdadeiras faltas de carácter. Qualquer mulher conhece os seus pontos fracos melhor do que ninguém.

A atitude das gajas nas relações interpessoais baseia-se no facto da generalidade delas ser naturalmente hipócrita, devido a uma resposta evolutiva que privilegiou a dissimulação ao longo de milénios, desembocando num ser incapaz de se confrontar com as suas próprias falhas, sejam estas a dissimulação, o engano, ou a traição. Um tipo de neotenia psicológica genérica, que faz com que as gajas nunca cheguem a atingir a maturidade e, consequentemente, a se tornarem mulheres de verdade.
Mesmo que a mulher se sinta à vontade com a sua própria histrionia, isso não implica que ela vá utilizar esse tipo de comportamento para abusar ou desrespeitar o outro. Claro que, neste caso já não estamos a falar propriamente de gajas.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Conto de Natal


Uma empresa nipónica de topo quer(ia) instalar uma unidade fabril em Portugal, dumas cenas que funcionam a iões de lítio. Nos idos de Fevereiro, o Primeiro do anterior governo lá foi lançar a primeira pedra e esperava-se que o processo decorresse normalmente. O país Portugal necessita urgentemente de investimento estrangeiro, uma vez que está em quebra económica, e toda a captação é bem vinda.
Acontece que, quatro meses depois da primeira pedra, o governo do país muda. O Primeiro já não é o Primeiro que lá lançou a primeira pedra, e começam a evidenciar-se os primeiros sintomas de ganância. Em Dezembro, a referida empresa anuncia que vai suspender a construção da unidade fabril das cenas que funcionam a iões de lítio, uma vez que o projecto, negociações, contrapartidas e compensações financeiras já foram todas para benefício do anterior governo.

Ainda se o actual governo lucrasse alguma coisa com esse projecto, talvez a população que iria realmente beneficiar com o investimento fosse mais considerada. Mas "o lucro é mais importante do que a vida humana". Bom Natal, minha gente!

Imagem: "California Gurls", Katy Perry

sábado, 24 de dezembro de 2011

Vésperas

Miku Ohashi, AV Idol

O Natal no Japão é algo mais parecido com o nosso Dia dos Namorados, como aparece exemplificado na novela ilustrada Asobi ni iku yo!, do que com a reunião familiar típica da tradição ocidental. Apesar da primeira missa natalícia em terras nipónicas ter sido celebrada por portugueses, supostamente padres jesuítas; a expressão de boas festas (メリークリスマス merii kurisumasu) denota a influência que os norte-americanos tiveram na recriação do Natal, e na sua difusão pelo resto do mundo. O Natal americano dos finais do século XIX, e institucionalizado durante o século XX, é o paradigma que vigora num país onde o apelo religioso do Cristianismo é fortemente minoritário, mas bastante consumista.

Com um metro e cinquenta e oito, e vinte e quatro anos feitos neste dia vinte e quatro, Miku Ohashi é a prenda natalícia do Ofídio. Google it and rejoice.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A filha-putice como um estilo de vida



Aquilo que começou com os insultos à visita de Passos Coelho a Matosinhos só pode ser entendido como a reacção à doutrina Freidmaniana (vamos chama-la assim) deste governo, cujo pressuposto dogmático se baseia na crença de que "o lucro é mais importante do que a vida humana". A malta de direita tem dificuldades cognitivas, ou então faz parte daquela minoria que efectivamente lucra com o estado de coisas, demonstrando que a filha-putice pode ser um estilo de vida. Infelizmente para eles, é mais difícil defenderem um governo do que ataca-lo, como faziam anteriormente.
Os fazedores de opinião da situação ficaram muito ofendidos com as declarações de um deputado do PS, que queria usar o não pagamento da dívida como arma. Já tinha anteriormente avisado para os excessos dos jantares de Natal, e a influência que o álcool pode ter nas nossas vidas. Mas, pelos vistos, só desta forma certas pessoas encontram a coragem para falar de certos assuntos que, em condições normais, nem sequer abordariam.

Percebe-se a argumentação em torno da dívida. Os spin-doctors tentam comparar coisas diferentes (uma falácia que usam habitualmente) como comparar os créditos pessoais com a dívida soberana. A dívida serve para escravizar países com o intuito de os controlar. Os credores da dívida portuguesa não se interessam pelo dinheiro. O dinheiro para eles é um modo de atingirem um fim, que é a submissão dos devedores.
O que o cidadão comum pensa, é que o Parlamento se tornou numa casa de putas. Mas com uma sessão presidida pela Teresa Caeiro não se poderia esperar o contrário. Ver aquilo é melhor do que ir ao circo, e os blogues e jornalistas avençados a esta maioria fazem parte do mesmo prostíbulo. Estas pessoas estão a destruir o país, estão a cometer Alta-Traição, e esta situação não se vai inverter só com palavras.
Por fim, o Demagogo-Mor Paulo Portas, em entrevista televisiva conseguiu a habilidade de exprimir três falácias argumentativas na mesma frase. O homem é um talento nato. Por muito que se trabalhe a arte da retórica, certas coisas já nascem com a pessoa.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O post corporativo

Já desconfiava que não exista ninguém que percebesse de Geografia na comunicação social. Só assim se explica o desinteresse e a ignorância repetida ad infinitum por jornalistas e políticos. Só assim se explica a ausência de representantes do Partido Socialista e do Bloco de Esquerda na Comissão de Educação e Ciência, da Assembleia da República, cujo objectivo seria debater a possível fusão das disciplinas de Geografia e de História, no ensino básico e secundário, numa manifesta falta de respeito pelos professores destas disciplinas. Ter interesse mediático deve ser meio caminho andado para os nossos representantes se mostrarem, o que passa uma ideia bastante clara daquilo para que servem.
Porque eu não me esqueço de quando o Diário de Notícias da Madeira resolveu atacar o geógrafo madeirense Raimundo Quintal, insultando simultaneamente toda uma classe, apenas porque este tinha deixado o alerta em relação às responsabilidades que o Governo Regional teve nas cheias de Fevereiro do ano passado, ou quando caiu uma palmeira em Porto Santo, em Agosto desse ano. Acidentes onde morreram pessoas. Claro que nada disso apareceu na última tomada de posse, porque os jornalistas presentes, para além de não serem geógrafos, trabalham todos para o "Bokassa".

Porque eu não me esqueço da difusão da alarvidade, que políticos e jornalistas fazem, ao confundirem desertificação com despovoamento, sem que ninguém lhes explique que a desertificação não é o mesmo que falta de população.
Porque eu não me esqueço que já tive um ministro do Ambiente, Nunes Correia, que era um promotor de barragens hidroeléctricas, e que a actual ministra, Assunção Cristas, em directo para a televisão, afirmou que "os planos são dinâmicos"; enquanto se promovia com a gestão da orla costeira; quando qualquer estudante do primeiro ano sabe que os planos são estáticos, e que o que é dinâmico é o planeamento. Mas esse é o resultado de quem não percebe nada do sector, e tenta aprender em dias, algo que demora anos a estudar. Ler na diagonal não costuma dar bons resultados. Felizmente para ela, ninguém deu pela gaffe.
Por fim, a decisão política de aumentar a carga horária das disciplinas de História e de Geografia serviu para Marcelo Rebelo de Sousa difundir rumores no seu programa televisivo. Rumores que, apesar de tudo, vieram a ser confirmados pelo ministro Nuno Crato. Embora este último não tenha explicado o custo curricular nem a estratégia educativa que sustenta essa medida.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Dai-me paciência!

"Desenhando em Terços", por Márcia X.

O tempo adventício é marcado pelos jantares de Natal e outras confraternizações que felizmente só acontecem uma vez por ano. Escolas e empresas fecham para balanço, e as pessoas aproveitam esse tempo para meditarem na porcaria que obviamente, ou não, andaram a fazer nos restantes meses do ano.
O povo faz tudo errado. Esta devia ser uma época de penitência, onde as festas mundanas e as danças deveriam estar arredadas desta quaresma. Mas é precisamente o contrário. Com os corpos embriagados pela cornucópia de carne e álcool, o povo lá vai destilando o seu complexo de inferioridade, sem se ver ao espelho da sua própria incompetência, testando os limites da reptiliana paciência de quem escuta a sua embriaguez pela enésima vez. Não aticem muito a serpente com o cajado, que pode dar mal resultado.

A etimologia da palavra "aturar" vem provavelmente da língua occitana, também chamada de provençal, ou langue d'oc, pelos franceses; o occitano é uma língua falada no sul de França. "Aturar" significa parar ou cessar o movimento, que é aquilo que as pessoas que falam de assuntos mesquinhos, estúpidos, e sem interesse, fazem ao cérebro daquelas que as aturam.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Tempo de nevoeiro

O nevoeiro sempre foi considerado como um fenómeno nefasto. Deve ser devido ao facto das sombras se projectarem num padrão tridimensional através das gotículas de humidade, conferindo-lhe um aspecto místico e sobrenatural. O nevoeiro onde os cães de Annwn caçam as almas perdidas, onde os espectros vagueiam sem destino, e onde se diz que voltará o "Desejado" Sebastião de Portugal. Mas ainda faltam algumas horas para amanhecer esse desencanto.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O ser humano

Sócrates (1954 - 2011)

O primeiro campeonato do mundo de que me lembro conscientemente foi o de 1982. As revistas brasileiras de quadradinhos; os chamados "gibi"; davam destaque e apoiavam a equipa brasileira, que se esperava que fizesse um grande mundial em Espanha. Foi aí, e lendo sobre eles, que conheci o Sócrates, o Falcão e o Zico. Deste modo, Sócrates já era uma lenda, mesmo antes de o ver jogar.
O futebol moderno não tem, nem nunca voltará a ter, um jogador assim. Nem nunca voltará a ter uma equipa como o Brasil de 1982. No jogo com a Argentina, na altura detentora do título, a bola fica naquilo que parece uma eternidade na posse do Brasil, que ia trocando a bola com o adversário a ver jogar.
A especialização do futebol profissional moderno privilegia jogadores acéfalos, com poucos sentimentos, ainda menores escrúpulos, e que sejam semelhantes a máquinas, para poderem ser trocados, vendidos, injectados e descartados quando deixarem de funcionar. Os jogadores com coração, emoção e inteligência são prejudiciais para o sistema, uma vez que este sistema se alimenta do consumo das massas, num regime tecnocrático que despreza a vida humana.
Sócrates era a humanidade no futebol. A vontade de fazer com que o jogo fosse um conforto da alma das pessoas. Sócrates soube viver, porque uma boa vida é aquilo que se espera que o ser humano tenha.

Imagem: The Inquisitor

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Discórdia

Na filosofia oriental chinesa acreditava-se que os números se encontravam ligados à sexualidade, com os algarismos pares a representarem a feminilidade e os ímpares a representarem a masculinidade. Os números primos eram considerados como os mais masculinos de todos e o 23 tinha um estatuto especial, pois era constituído por dois algarismos primos consecutivos.
As células humanas têm 23 pares de cromossomas, e o número 23 é um dos números sagrados de Éris, a deusa grega da discórdia, segundo o Principia Discordia, texto sagrado do Discordianismo. O enigma do 23 é uma crença que acredita que a maioria dos acidentes e acontecimentos está ligada este número. Este número é perigoso.

おめでとう ダコバ

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Gente Bem

"Depois de entrarem no palácio, os conspiradores procuraram Miguel de Vasconcellos, mas dele nem sinal. E por mais voltas que dessem, não encontravam Miguel de Vasconcellos. Já tinham percorrido os salões, os gabinetes de trabalho, os aposentos do ministro, e nada.
Ora acontece que Miguel de Vasconcellos, quando se apercebeu que não podia fugir, escondeu-se num armário e fechou-se lá dentro, com uma arma. O que finalmente o denunciou foi o tamanho do armário. O fugitivo, ao tentar mudar de posição, remexeu-se lá dentro, o que provocou uma restolhada de papéis. Foi quanto bastou para os conspiradores rebentarem a porta e o crivarem de balas. Depois atiraram-no pela janela fora.
O corpo caiu no meio de uma multidão enfurecida que largou sobre ele todo o seu ódio, cometendo verdadeiras atrocidades, sendo deixado no local da queda para ser lambido pelos cães, símbolo da mais pura profanação.
"
in wikipedia, Miguel de Vasconcelos

ionline: "Então também não entrará de forma hostil na Impresa?"
Nuno Vasconcellos: "Nem na Impresa nem em lado nenhum. Nós somos uma empresa de cariz familiar, com várias gerações, já passámos por grandes dificuldades, duas guerras mundiais, revoluções... e continuamos de cabeça erguida, com transparência e nada a esconder. Tomo como exemplo o que me foi dado no passado, não criar hostilidades. Queremos fazer o nosso caminho sem pisar ninguém, mas a defender os nossos interesses. Só investimos onde somos bem-vindos. Veja o BCP. Comprámos e quando vimos que não éramos bem-vindos, saímos."
ionline: "Não acha que a proposta apresentada à Impresa possa ter sido vista como uma tentativa de golpe de Estado?"
Nuno Vasconcellos: "Por amor de Deus, isso é insultuoso. Somos uma família de negócios que quer criar valor e crescer. Não nos movemos pelo poder, movemo-nos porque queremos criar valor para o accionista. É diferente. Criamos valor onde estamos mas só se formos bem-vindos, se não paciência, amigos como sempre. Agora também temos a liberdade de fazer propostas e expressar opiniões e de não nos deixarmos inibir. Se não foi uma ditadura que nos impediu de fazer negócios, nada nos inibe."
ionline, 10 de Agosto de 2009

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O Fado que já não é só nosso

TM

O Camané, a Mariza e o Carlos do Carmo são muito queridos no meio da intelligentzia lisboeta. Existem outros fadistas, culturalmente tão ou mais importantes do que estes exemplos, mas quiçá por cheirarem muito a povo, não são considerados pela classe elitista que define aquilo de que se deve ou não gostar.
Quanto à candidatura, o Nery vendeu o Fado muito bem, apesar deste ser certamente mais fácil de vender a entidades estrangeiras do que empresas como a REN ou as Águas de Portugal.

domingo, 27 de novembro de 2011

O último recurso do guerreiro frustrado


Isto compreende-se. Eles queriam sentir o Inferno da Luz, e como a equipa deles não chegou a aquecer, foi este o resultado. Um psicólogo social poderia explicar as causas profundas da frustração, mas parece que esta gente já aprendeu o significado de superioridade ilusória e já consegue baixar a crista. Pelo menos os mais inteligentes, se bem que as capacidades cognitivas desta seita deixem um bocado a desejar.
Os hominídeos primitivos também sabiam fazer fogo. Não é complicado. Se virassem toda aquela frustração contra a desculpa de equipa e de direcção que têm, ficariam muito mais aliviados. Se fosse em Alvalade, sempre podiam ter batido nos polícias ou tentado o suicídio no fosso, que ficava-lhes mais barato.

Imagens: Lusa/José Sena Goulão

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cagadelas de pombos

Os pombos não fizeram greve. A sério, às sete da manhã lá estavam eles perfilados nos beirais, preparados para levantar voo, ignorando a monumentalidade do dia. Ricardo Salgado é recebido pessoalmente pelo Primeiro-ministro, mas o cidadão comum simplesmente não tem voz. Os pombos voam e cagam nos manifestantes e nos polícias, nos trabalhadores em greve e em labor, nos sindicalistas e nos governantes. Se ao menos o povo compreendesse a noção de poder, as suas idiossincrasias e peculiaridades, talvez tivesse mais sucesso a lutar contra esse mesmo poder. Deste modo, vai só entretendo a comunicação social com esse desporto recém-inventado da "queda das baias". Aliás, "baia" é o compartimento ou espaço ao qual se recolhe o animal.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Escarlate

Scarlett Johansson

Scarlett faz anos. Vinte e sete, para ser mais preciso. Apreciada pela maioria dos homens, odiada por certas mulheres, a artista enquanto jovem é o ícone sexual mais importante do nosso tempo. As auto-fotografias telefónicas do seu corpo nu são uma notícia mais importante do que a situação económica ou as catástrofes naturais.
Scarlett, uma musa cinematográfica ainda longe do reconhecimento (afinal, ela é typecast...). Na espera que o talento de Woody Allen lhe dê "aquele" papel. O papel que a faça inscrever o seu nome num entalhe de mármore na galeria da história do cinema. Que a torne imortal.
Scarlett, que nunca se desvia um milímetro daquilo que lhe pode garantir a perfeição artística, cujo planeamento aniquila todo o tipo de emoção que pudesse transmitir. Scarlett é uma imagem, uma cor entre o vermelho e o laranja, mas sem a paixão ardente do primeiro, ou a melancolia outonal do segundo.

sábado, 19 de novembro de 2011

O palácio que ninguém vê

A pergunta que ainda ninguém fez em relação ao vídeo dos universitários burros, é o porquê de uma empresa do grupo Cofina estar a promover um produto do grupo Media Capital? A premissa base do vídeo parece ser a comparação da cultura geral do país universitário com a de uma concorrente do país dos reality shows ou "país real". Apesar do Ofídio apreciar a Cátia, por ela ser uma porca que mexe despudoradamente nas virilhas masculinas, não compreende o gozo que os portugueses gostam de ter com a ignorância alheia. O esplendor do palácio só depende do tipo de burro.
Não me surpreende a arrogância jornalística desde que vi uma reportagem de rua que inquiria se as pessoas sabiam o que era a nomofobia, perante a estupefacção do entrevistador. As regras deontológicas e profissionais não se aplicam a estes quasi-jornalistas, que provavelmente nem sequer devem ter carteira profissional, e supostamente trabalham num regime de recibos verdes, avenças, ou qualquer outro tipo de escravatura empresarial. A caridade humana pede para sentir pena por tal gente. Mais ainda, do que pelos universitários apanhados na armadilha mediática.

Manipulação é aquilo que o grupo Cofina melhor sabe fazer. Uma estratégia que se adequa na perfeição ao estilo tablóide de pasquins como o Correio da Manhã, a Sábado, o Record, o Destak e por aí fora. Quando o próprio sindicato e a entidade reguladora andam a toque de caixa de certos jornalistas, aqueles que serviram os vários governos durante anos, nada de bom se pode esperar. Quando certos elementos da classe gostam de dizer, não sem uma certa razão, que escolhem os políticos que temos e condicionam a nossa Justiça, então estamos conversados.
Se eu quisesse fazer um inquérito desse tipo, procurava perguntas mais prosaicas e concisas. Gostaria de saber quem são os donos da Newshold? Que, para quem não sabe, detém mais de 10% da estrutura accionista da Cofina, para além de serem os donos do semanário Sol e de 2% do grupo Impresa. Porque razão a Newshold é detida por um offshore manhoso situado algures no Panamá, e porque se ventilam os rumores de que são capitais angolanos que estão por de trás dela? Tantas perguntas, nenhuma resposta; e desconfio que a razão não seja bem devido à ignorância.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Triunfo dos Porcos

"Euro Pigs", por Trumble

Uma dose colectiva de alprazolam para a mesa do canto, para a malta se esquecer de como é vista lá fora e de como é traída cá dentro. A França é a nossa besta negra e a Holanda tem vontade de se desforrar dos espanhóis, "A cada cerdo le llega su San Martín". A Inglaterra tem, talvez devido ao peso da libra esterlina, uma longa tradição a tratar dos irlandeses, e a Grécia já é propriedade da Alemanha. A Itália tem a Goldman Sachs a preparar-lhe o presunto.
A Croácia tem o kuna, a Dinamarca e a Suécia têm a coroa, tal como a República Checa, apesar de ser uma república; a Polónia tem o zlóti, a Rússia tem o rublo e a Ucrânia tem o grivna. Euro... qual euro?

terça-feira, 15 de novembro de 2011

15 anos de Tomb Raider

Lara Croft

O videojogo Tomb Raider faz 15 anos. Foi em 1996 que a Eidos o lançou para a Saturn, iniciando assim uma mudança de paradigma na indústria. Apesar de existirem personagens femininos nos videojogos desde os anos oitenta, como a Samus Aran e a Tyris Flare, ou símbolos sexuais, como a Mai Shiranui e a Morrigan Aensland, nenhuma delas dava o incentivo de ser um modelo para as jovens como Lara Croft.
Uma protagonista livre dos estereótipos femininos, que fazia as raparigas acreditarem nas suas capacidades de serem tão boas ou melhores do que os rapazes, num meio que, até essa altura, era fortemente dominado pela testosterona.
A era Clinton de meados dos anos noventa foi importante para a afirmação das jovens mulheres. O movimento contestatário das Riot Grrrls começou a sair do underground e a ser subvertido e assimilado pela pop, transformando a sua mensagem no slogan "Girl Power" das Spice Girls, que lançavam o seu primeiro single, precisamente em 1996. Entre as Riot Grrrls, as Bikini Kill assinavam o seu último álbum nesse ano e as Babes in Toyland já tinham feito o mesmo um ano antes. As L7 e as Hole estavam paradas. As últimas devido ao facto de Courtney Love ter participado no filme sobre o Larry Flint. Foi também em 1996 que se formaram as Kittie, embora os rapazes as vissem mais como uma versão feminina dos Korn do que outra coisa qualquer.

Por sua vez, a rebeldia existente na música fazia parte de um movimento feminista mais vasto, em que as raparigas podiam pegar nas suas próprias armas, fossem as guitarras ou um par de pistolas, e ir à luta. As jovens eram encorajadas a exprimirem todo o seu potencial sem receio.
Nas séries televisivas, o ícone feminista da altura era Lucy Lawless, em Xena: A Princesa Guerreira, e no cinema foi o ano de Sem Limites, dos irmãos Wachowski, com a famosa cena lésbica entre Gina Gershon e Jennifer Tilly, e de Amigas, onde Angelina Jolie, que mais tarde encarnaria Lara Croft, interpretava uma adolescente num gang juvenil feminino. A animação japonesa transpirava esse espírito de poder da mulher em Ghost in the Shell, e é interessante lembrar que mesmo o mainstream Dragon Ball GT tinha uma rapariga como protagonista, dois anos antes dos estúdios Disney criarem Mulan, a princesa mais assertiva e combativa até então.
Apesar de toda esta análise, somente estando na pele de uma rapariga que leva com todo o impacto cultural desta avalanche se consegue realmente compreender o entalhe perene no seu desenvolvimento e formação. As restantes pessoas não fazem ideia da dimensão deste paradigma e podem cair no erro bastante frequente de pensarem que Lara Croft é somente "mais uma" personagem de videojogos.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Alienação em três actos

Acto I: A bola enquanto produto cultural.
Existe ainda aquela noção romântica do futebol de defender um emblema sem outra recompensa que não seja a paixão pelo desporto em si. Mas isso é algo que hoje em dia está completamente arredado do futebol profissional e deve ser posto de parte neste exercício teórico. O objectivo aqui é sintetizar algumas ideias que definem a minha posição em relação a este fenómeno quasi religioso e tão semelhante ao "ópio do povo" marxista. O desporto em si chama-se association football e todo o impacto cultural em torno dele toma o nome de "bola".
O entretenimento desportivo para adultos, cuja invenção cultural é algo recente, foi estudado pelo britânico Alan Watt, que analisou a forma como os adultos sob o seu efeito ficam mentalmente presos na idade dos quinze anos. Este narcótico de massas nada tem a ver com a educação física, que é uma das etapas da instrução natural do indivíduo, embora, qual sanguessuga, o futebol corporativo se aproprie deste conceito para criar esquemas legais em proveito próprio, como o estatuto de utilidade ou de interesse público e o posterior beneplácito e adulação por parte do poder político.

Acto II: A mentalidade de rebanho.
A manipulação das massas é algo que tem sido estudado pela psicologia e posto ao serviço das corporações que têm o objectivo de controlar o indivíduo, perdido no meio da massa anónima. O papel privilegiado da Igreja em juntar o rebanho foi ocupado numa sociedade pós-industrial pelo deporto de massas. Mais uma vez, Watt afirma que, nos cem anos do "anglo-american establishment", esta reforma cultural foi projectada e implementada de forma consciente e eficaz. Watt refere H. G. Wells, o escritor de ficção científica que preconizou as "arenas desportivas", que se espalhariam pelo mundo, numa altura em que ninguém acreditaria que tal seria possível.
A pergunta pertinente a fazer é de que forma poderemos combater este esquema corporativo se estamos envolvidos na nossa própria guerra tribal? A resposta é simples: não se consegue. A tomada de decisões acontece num nível superior ao da nossa própria comunidade, uma vez que esta se encontra destruída e a energia dos indivíduos está canalizada para o desporto corporativo de massas, devido à orientação e para benefício dos nossos líderes culturais e engenheiros sociais.

Acto III: Valerá a pena alimentar o monstro?
Alan Watt afirma que quando se retira a virilidade ao individuo, este projecta-a em outros. Neste caso, numa equipa ganhadora, uma vez que, na realidade, esse mesmo indivíduo não tem poder nenhum. A atitude reprovável que certos pais tomam, ao filiarem um filho recém-nascido num determinado clube, mostra que desde cedo somos obrigados a escolher um lado da guerra, devido ao facto inerente de sermos seres tribais, seja de forma consciente ou não. Na opinião de Watt, esse tipo de "weekend warrior" é uma anedota. Eu simplesmente penso que é um ser básico.
Mas porque razão tomo eu partido numa guerra tribal? Se não tenho qualquer tipo de compensação por isso, seja financeira, emocional ou outra, como acontece com a generalidade de paineleiros e colunistas da bola. A questão está intrincada no princípio da guerra. Segundo a definição de Clausewitz: "A guerra é assim, um acto de força para obrigar o inimigo a fazer a nossa vontade" e a coerção é uma qualidade reptiliana. Pessoalmente acredito que a guerra é um aspecto integral da cultura humana, de que não podemos fugir, seja na guerra verbal entre indivíduos ou no conflito entre nações.

domingo, 13 de novembro de 2011

Era uma vez... o Homem

Esta história poderia começar assim: "C'era una volta l'uomo..." como na série animada dos anos setenta. As manifestações de júbilo por toda a Itália parecem as mesmas dos povos que finalmente conquistam a liberdade. Embora neste caso, esses mesmos povos estejam mais cerceados do que nunca. A Goldman Sachs já tinha avisado a meio da semana de que forma é que queria o novo governo italiano. Já não estamos em tempo de fingimentos e nada melhor do que um Trilateral-Bilderberg-Goldman como Mario Monti para endurecer a acção. Quando o ostrogodo Odoacro se tornou no primeiro Rei de Itália, no distante ano do Senhor de 476, este limitou-se a tomar a coroa que era de facto dele, acabando de vez com a farsa do poder imperial romano.
Dizem os entendidos que aquilo que acontece em Itália tem repercussões no resto da Europa; fazendo talvez um paralelismo com a influência egípcia no resto de África e do Médio Oriente. Embora aqui não haja Primavera, só um Inverno bastante frio.

A Itália esteve desde sempre no centro do poder europeu e mundial; foi a origem do Império Romano, fez parte do Império Franco, do Sacro Império, da Casa dos Habsburgos e do Império Napoleónico. Foi na Itália dos Gonfaloniere de Florença que se criou o florin, a moeda de ouro mais valiosa da Idade Média e do Renascimento, o que permitiu que banqueiros como a Casa dos Medici dominassem o poder político mundial, que a oligarquia dos Doges de Veneza detivesse o monopólio sobre o comércio com o Oriente, e que a Casa dos Bórgia conseguisse corromper e manipular a nobreza do Ocidente. Foi em Itália que a ideologia fascista foi primeiro posta em prática e depois se difundiu pela Europa. Foi onde se assinou o Tratado de Roma, que veio a estabelecer aquilo que mais tarde se veio a designar por União Europeia.
Por alguma razão os nossos políticos tomaram a decisão consciente de degradar o ensino da disciplina de História: o cidadão ignorante não teme aquilo que desconhece.

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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Onze

Foram, pelo menos, quatro dias seguidos, com direito a meia hora diária nos telejornais; a reportagem sobre o assunto primordial para a vida dos portugueses: o relvado da Bósnia. Certas coisas nunca mudam. Apesar dos jornalistas já conseguirem pronunciar Zeni-tsa, ainda não conseguem pronunciar Kustori-tsa, mas vamos a ter fé na evolução da fraca inteligência das criaturas, especialmente se nem todas forem como o espécime Nuno Luz.
Vou de seguida justificar o meu desapoio à selecção, antes que me acusem de ser anti-patriota ou simpatizante terrorista: uma selecção que paga uma viagem, com o dinheiro dos contribuintes, para que Pinto da Costa vá passear a Copenhaga com uma prostituta, não merece credibilidade nenhuma e "só pode parir abaixo do zero." Isso não é Portugal. Isso é uma propriedade privada dos vermes Madaíl e Amândio; e que futuramente irá pertencer a Fernando Gomes, adjuvado pela quota governamental na pessoa de Hermínio Loureiro.

As alminhas que agora se indignam pelo estado lamentável do relvado, e se carpem com queixas à UEFA, são as mesmas que nada disseram acerca das brincadeiras com a iluminação em Braga, ou com as mentiras encomendadas que fizeram as delícias da comunicação social. Em ambos os casos, o provincianismo de quem tem de usar esquemas anti-desportivos para tentar ganhar, ou pelo menos, para tentar quebrar o ímpeto do adversário.
Segundo se diz, as equipas de Association football têm onze jogadores, porque no século XIX era esse o número de lugares dos dormitórios das escolas inglesas. No campo, são onze contra onze. A expressão "décima-primeira hora" refere-se ao último momento em que é possível tomar alguma medida, o que normalmente implica uma situação de emergência ou de perigo. Onze é o primeiro número que não se consegue contar com os dedos, sendo talvez por isso a percentagem favorita dos agiotas medievais, popularmente designados por "onzeneiros".

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Todos à mólhada


Manuel João Vieira e Mónica Ferraz - All Together Now

A parceria até não está assim tão má, apesar da gaja dos Mesa não saber cantar. O introito do Manuel João é simplesmente fenomenal e o resultado final sempre é bem melhor do que as outras coisas semelhantes da mesma colectânea. Apesar de todas as loas de que esta publicidade tem sido alvo, é bom que se perceba a falta de gosto da maior parte dela. Factor que era tão recorrente na pornografia vintage, apesar do seu estatuto lendário.

Já agora, o que raio é que ele iria rimar com "jota"? Malandrice!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Missiva pelo seguro

Tu és vazio. Tu és uma vergonha. Tu és uma anedota. Tu és amigo pessoal do Miguel Relvas. Tu és um cota. Tu és lesivo para os interesses do povo. Tu és um insulto à inteligência. Tu não és nada de novo; és um oligarca; és uma indecência. Sempre foste um oligarca, sempre irás ser um oligarca. Tu és só um nome, só uma marca. Tu só existes porque nunca tiveste um Breivik na tua vida, mas no fundo és um nada, e essa é uma verdade metafísica. Tu nem chegas a ser um cata-vento, daqueles que se vira para onde é soprado. Porque tu estás fora de tempo. Tu estás datado. Porque tu não entendes a revolução. Tu és um sapo inchado de postura de Estado. Tu, que nem chegas a ser camaleão. Tu, que já pertenceste a uma juventude, mas que nasceste velho e pregas bem o teu evangelho. Pega também nas tuas malas e sai da tua zona de conforto. Vai-te embora e emigra para bem longe. Para bem de nós todos, que de ti eu já estou farto!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Samhain

Nas sociedades agrárias, o princípio do Inverno era sinónimo do pagamento de um imposto pelas tribos subjugadas. As colheitas já estavam feitas, bem como o pasto dos animais. Os animais eram então arrebanhados e eram somente poupados ao abate aqueles que estavam destinados à reprodução, uma vez que durante a estação mais fria se tornava difícil de os manter.
Segundo o Lebor Gabála Érenn, colecção medieval de narrativas acerca das origens míticas da Irlanda, a tribo nemediana tinha de entregar, na altura do Samhain, e com um sentimento de ira e tristeza; dois terços dos animais, do trigo e do leite, aos semi-divinos fomorianos. Este dízimo era assim, um tipo de sacrifício feito a entidades sobrenaturais.

Na nossa sociedade bancária, o sino do Banco Central Europeu, que vela por todos nós, vai a partir de hoje passar a ser dobrado por Mario Draghi, alumni do banco de investimento e domínio mundial chamado Goldman Sachs. Com o simbolismo ritual que representa a tomada de posse a 1 de Novembro.
O facto de ser italiano não o torna mais sensível às idiossincrasias dos países do sul da Europa, como defendem alguns analistas, sendo essa uma característica fundamental para vergar a vontade de soberania desses mesmos povos. Especialmente quando a Itália estiver a ser ocupada mais intensivamente, e a Grécia e Portugal se encontrarem em ruínas. Mas tal como diria o demoníaco Lloyd Blankfein, chairman da Goldman Sachs: "I'm doing God's work."

"A roda do ano girou, a colheita veio de novo. Semeei muitas sementes do pensamento desde o último Samhain. Que as boas sejam recolhidas; que as que me ferissem ou prejudicassem sejam deitadas fora."

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Halloween Jiggle

Hannah Minx

Hannah Minx é uma das vloggers mais populares do youtube, onde abana a sua experiência local com a cultura japonesa, embora eu possa garantir que nesses vídeos não tomei atenção a quase nada.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Medidas contra a austeridade

1. Usar um edredão na cama, devido ao acentuado arrefecimento nocturno.

A estratégia de Passos é a mesma de Sócrates: aplicar as medidas a conta-gotas, ou algo espaçadas no tempo, para a proverbial capacidade de adaptação dos portugueses as conseguir ir aceitando sem muito desconforto, e a sua imagem política se degradar o menos possível. Assim, vamos alegremente caminhando para o Inverno.

A adaptação é mais fácil devido ao facto do BCE não imprimir mais moeda, o que faz com que a inflação não dispare. Por outro lado, os nossos bancos comerciais são obrigados a estar constantemente a despejar capital na economia, o que no nosso caso significa "grandes empresas públicas deficitárias", recusando o crédito às pequenas empresas. As mortes lentas são as preferidas dos sádicos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Olé, olé

Tenho de deixar de sonhar com cadáveres carbonizados, que dão a ilusão que se movem devido ao vento. Quando não me lembrava dos sonhos, a vida era mais fácil. Devo no entanto avisar os membros do governo mais os deputados das comissões da treta para acabarem com a guerrilha partidária. ...é só porque o pessoal já anda farto! Até podem continuar na mesma a fingir que governam, mas o pessoal já anda farto...
Já aqui tinha escrito, a propósito da Inês de Medeiros, que tolero melhor a arrogância num político do que a mentira ou a manipulação. A manipulação da vitimização. Coitado do pobre de espírito do senhor Miguel Macedo. Comparando com o que ganham, por exemplo, as crianças operárias filipinas que fabricam os bens que nós usamos, que ganham um punhado de tostões, literalmente cêntimos de euro, ninguém consegue reconhecer a elevação do senhor, ao se ter desprendido de tão fabulosa maquia.

Mas as comparações com os países em vias de desenvolvimento empalidecem com as comparações com os países desenvolvidos, aqueles países onde os ministros que são apanhados têm o imperativo moral de se demitirem. Portugal tolera bem os seus sem-vergonha. O ministro, mesmo sendo apanhado, poderia continuar a usufruir da sua pequena subvenção, que não iria ser isso que o iria desgastar. Será que os cidadãos contribuintes ainda não compreenderam que o dono do MAI pode fazer o que quiser? Será que o BPN já não mostrou ao cidadãos contribuintes que o dono do MAI pode fazer o que quiser? Tanta indignação para quê?
A espuma ao canto da boca do senhor Miguel Macedo, dono do MAI, com as suas tropas de choque em prontidão para aviarem no cidadão contribuinte, e depois este último indigna-se desta forma. Que injustiça!

domingo, 23 de outubro de 2011

Tempo de Chuva

Caem devagar as gotas de chuva no quintal,
enquanto assim sacodem de manso o limoeiro.
Amanhã verás os mercados do grande capital,
levarem a tua forragem de Inverno por inteiro.
Tudo o que tiveste, ó pequeno burguês, te será levado,
quando os doutores em economês te tratarem como gado.
Mas não te preocupes, que o pouco que te deixarão,
será o que agradecerás, de joelhos e chapéu na mão.

sábado, 22 de outubro de 2011

Escolha o seu ditador favorito (actualização)

Conferir o post original aqui

A invasão da Líbia começou na Primavera. Após oito meses de extensivo e regular bombardeamento da OTAN já podemos encerrar este capítulo e os pescadores de Tripoli já podem lançar as suas redes sem correrem o risco de levarem com um drone americano na cabeça. O ditador poderia ter sido julgado, caso tivesse sido capturado por um exército regular, que cumpre regras, em vez de o ter sido por um bando de animais. Os verdadeiros assassinos são o Obama, a senhora Clinton, e o papá Sarkozy. Parabéns.
A verdadeira notícia é a de que a senhora Bruni pariu a filha da mãe - o pai já se encontra na andropausa, apesar da tesão toda que os Rafale dão - e os felizes papás poderiam ter-lhe dado o nome de Líbia, que é nome de rapariga.


Médio Oriente e Norte de África


Muammar al-Gaddafi, Líbia (desde 1969)
Ali Abdullah Saleh, Iémen (desde 1978)
Ali Khamenei, Irão (desde 1981)
Hosni Mubarak, Egipto (desde 1981)
Bashar al-Assad, Síria (desde 2000)

Monarquia Absoluta:
Bin Said al Said, Omã (desde 1970)
Abdullah Bin Abdul-Aziz, Arábia Saudita (desde 2005)


África Subsariana

Paul Biya, Camarões (desde 1975)
Nguema Mbasogo, Guiné Equatorial (desde 1979)
Robert Mugabe, Zimbábue (desde 1980)
Omar al-Bashir, Sudão (desde 1989)
Idriss Déby, Chade (desde 1990)
Isaias Afewerki, Eritreia (desde 1993)
Ismail Omar Guelleh, Djibuti (desde 1999)
Joseph Kabila, Congo (desde 2001)
Salou Djibo, Níger (desde 2010)

Monarquia absoluta:
Mswati III, Suazilândia (desde 1986)


Extremo Oriente

Than Shwe, Myanmar (desde 1992)
Kim Jong-il, Coreia do Norte (desde 1994)
Choummaly Sayasone, Laos (desde 2006)
Nguyen Phú Trong, Vietname (desde 2011)


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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Freud iria ter um prato

Seria Freud ou Jung? Não sei se foi hoje ou se foi ontem, penso que dependerá do fuso horário. Mas sonhei. Devido à raridade desta situação, as minhas purgas oníricas sucedem-se em catadupa, como se a história que eu sonhasse se apresentasse num livro de arte sequencial. Como se estivesse a ler uma banda desenhada ou um manga. A preto e branco. Com painéis uns após os outros.
Se me lembrasse do sonho, provavelmente teria uma boa história, ou talvez um bom argumento. Creio ter pensado nisso à medida que ia sonhando, embora nunca me tenha assaltado a ideia de que se tratava efectivamente de um sonho. Informação... dados... enquadramento bidimensional... nada mais...
De repente, o meu organismo começa a pulsar, e dessa pulsação ela emerge. O sonho apresenta agora contornos coloridos e aparece-me como um filme, uma realidade onde nos movimentamos. Tridimensional.
Dizem que quando sonhamos com alguém não significa que essa pessoa quer alguma coisa de nós, mas que nós queremos alguma coisa dessa pessoa. Mas que poderia eu dela querer? Quando, nem há um par de dias, até ignorei que ela tinha nascido. Talvez fosse por isso... mas entretanto, lá estava ela. Com os cabelos castanhos escuros arrumados em franja, as bochechas sorridentes, mais o fato à Barney Stinson. Foda-se, o que eu odeio essa personagem!

O pano de fundo reflectia a estética consumista do cosmopolitismo lisboeta, e vinco aqui o factor cosmopolita do meu sonho, mesmo sem ir buscar o senhor Immanuel "pés-de-gato" Kant, ou sequer Henry Miller, porque esse mesmo pano de fundo parecia algo tirado do corte inglês sem L ou da fenáque do Chiado. Aquele tipo de pano de fundo cosmopolita merdoso, das aparências e da futilidade. Mas adiante... Nada de considerações filosóficas muito profundas, que atrapalhem a descrição dos factos. Se é que é possível chamar factos a electrolisações oníricas.
Primeiro ignora-me. Depois já não o consegue fazer, quando os nossos braços se tocam. Inventa meia-dúzia de desculpas femininas. Também existem desculpas masculinas, mas as femininas são mais interessantes.
Quem tem idade para perceber o que é a paixão, sabe como esse sentimento se manifesta. Parece uma onda que vem da outra pessoa e faz nascer uma torrente de energia vinda não se sabe bem de onde. Se do tórax, do abdómen, ou de algum outro lado. Naquele momento, pensei que realmente fosse aquilo que eu queria dela. Talvez um beijo, ou talvez quisesse somente sentir esse sentimento já sentido anteriormente na banda da serpente. Quando se toca música com pessoas com paixão, sente-se um fluxo de uma energia incontrolável a percorrer o corpo. Uma energia vinda da terra, vinda não se sabe bem de onde... talvez fosse isso.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Isto é só um jogo

O ódio ao funcionalismo público, que o governo pretende fomentar e usar em seu favor, é a premissa base deste texto. A manipulação governamental tenta passar a ideia de que o Estado é caro, gordo e inútil, quando se sabe muito bem que não é possível erradicar todas as redes de comportamentos corruptos que lá existem, sem destruir a rede de assistência social, que é uma das obrigação do Estado.
Se o objectivo fosse tornar o Estado mais eficiente, não era preciso virem com esse tipo de discurso. Se o objectivo fosse dinamizar o mercado, tomavam-se medidas para estimular a concorrência, em vez de se privatizar sectores que são por natureza monopolistas, aproveitando a desculpa da crise, para os vender a um valor mais baixo.
Justificar o facto do governo ser obrigado a despedir funcionários públicos; os chamados cortes na despesa, com a falta de produtividade sistémica que se verifica na economia portuguesa é uma fraude. O governo só vai despedir porque é obrigado pelo exterior, e só tem medo porque é impopular. Não é por causa da ineficiência.

Dizer que os trabalhadores do sector público ganham mais do que os do privado é uma mentira. A falácia está no facto de se pegar na massa salarial do sector público e compara-la com a massa salarial do sector privado, quando certas actividades do Estado não existem no privado.
Os casos em que funcionários públicos ganham mais do que o seu equivalente privado está no facto dos primeiros terem progredido na carreira o suficiente para verem a sua experiência remunerada. Os aumentos dos salários na função pública estabelecem os aumentos dos salários no sector privado. Por isso, os últimos são sempre superiores.
O que este governo quer fazer é balizar tudo por baixo: um Estado mínimo e miserável para quem não puder pagar, e um sector privado que explore os seus trabalhadores em nome da falta de produtividade. Há que denunciar a agenda deste governo, que é bastante óbvia. A discussão entre o mérito devido ao trabalhador público versus o privado é uma discussão estéril e impede de ver o que está aqui realmente em causa.

Tenta-se confundir a opinião pública com o problema do défice. A comunicação social já não se refere ao défice em percentagem do PIB, porque um valor inferior a 10% não causaria muito impacto no cidadão. Se falarmos em cerca de 10 mil milhões de euros, o povinho fica muito mais impressionado. Não é, senhores jornalistas?
Tenta-se convencer a opinião pública que o problema é a dívida, sem referir se se trata da dívida soberana (governamental e municipal) ou da dívida privada, ou se é dívida interna ou externa. O verdadeiro problema é que a dívida soberana externa é simplesmente dinheiro fictício, com o qual vendemos a nossa soberania e fomos ocupados por forças estrangeiras. O que antes era chamado de Alta Traição. Dívida que só existe porque os credores sabem que é uma forma de manter Portugal em sentido. Mesmo que entremos em default, os "credit default swaps" reembolsam os credores. Eles sabem, tal como o governo, que a dívida vai ser impossível de pagar, mas mantêm a ilusão para o povo ir aceitando melhor a austeridade.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Dakovismo


Mina Leigh, a folhear um livro

A probabilidade de auto-evolução é infinitamente pequena nos seres humanos, mas quando tal acontece, o indivíduo torna-se um deus, uma nova entidade.
O indivíduo do sexo feminino capaz de criar nova realidade a partir do nada tem muitos nomes - tal como o Diabo - nas línguas do élfico negro e do necromântico, e os títulos que são atribuídos a Sua Divindade como "broken doll", "meretrix", "penis of Doom" ou "serva de Hades", revelam a reverência por um ser que se encontra imerso numa existência sombria, por uma deusa das trevas.
O caminho do divino é misterioso, mas a familiarização com os mundos virtuais permite entender melhor o conceito de criação de realidade. "Tudo é ilusão", já dizia o Buda. O nosso próprio mundo é tão virtual como aqueles que julgamos ser assim, criando em nós um efeito de dissociação com a suposta realidade.
Assim sendo, uma nova realidade poderia ser automaticamente criada, caso os seres humanos tivessem a imaginação necessária para operar este milagre. Como afirmava Einstein: "a imaginação é mais importante do que o conhecimento", e ninguém consegue ter mais imaginação do que uma rapariga com as hormonas desequilibradas.

domingo, 16 de outubro de 2011

Teorias do descontentamento

Os vários fora deveriam ter analisado o problema deste modo: Comparar o valor de 691 mil milhões de dólares (mais de 500 mil milhões de euros à taxa actual) do banco de investimento Lehman Brothers, com o PIB anual de Portugal, de cerca 172 mil milhões de euros, para meter as coisas em perspectiva.
Essa foi a maior falência da história da humanidade, e se o nosso país entrasse em bancarrota, o impacto não seria tão grande, excepto na estabilidade do próprio Euro. Mesmo a descomunal dívida externa portuguesa de mais de 370 mil milhões de euros, fica aquém do valor acima demonstrado.
Deveriam ter falado dos 1,5 mil biliões (1.5 quadrillion/quinze zeros) de dólares da crise dos derivativos financeiros, que englobam as alavancagens especulativas, através de contratos como os futures ou os credit default swaps. O jargão parece complicado mas é só para afastar o cidadão comum da compreensão deste meio. Algo que os media informativos poderiam ajudar a decifrar, caso fossem deontológicamente isentos e não seguissem os interesses corporativos de quem lhes paga.

Sabendo que algo deste género seria inevitável, o cartel financeiro encontrou forma de passar este tipo de perdas para o cidadão contribuinte, para que este absorvesse o embate. O sistema funciona assim, e tudo correria sobre rodas, caso o cidadão contribuinte aceitasse que a culpa é dele.
Hoje em dia já não existem os afamados líderes do passado, que guiavam as massas. As próprias manifestações fogem ao controlo dos partidos políticos de protesto. A razão está na partilha de informação, onde as massas já não aceitam que alguém lhes filtre a informação e se torne num líder, num condutor. As massas podem estar sujeitas à demagogia e ser irracionais. Mas estas massas percebem, tal como um touro que é toureado, que algo está mal, quando lhe espetam com a austeridade.
Quem manda no toureiro não está interessado no dinheiro. O que lhes interessa é o poder. O dinheiro é apenas uma forma de submeter aqueles que não aceitam ficar sem soberania, que não aceitam ficar com a sua terra conquistada.
Os media informativos contam outro tipo de história, glorificando os parasitas.

Apesar de toda a manipulação, o cidadão contribuinte tem um limite para aguentar e o movimento resultante da sua indignação adquire contornos globais. Do mesmo modo que as estradas romanas serviram tanto para a expansão, como para o declínio do império, também a Globalização pode voltar-se contra si própria, desde que as pessoas, mais do que meros cidadãos contribuintes, tenham vontade para isso.
O "occupy everything" demora a descolar, mas torna-se mais forte à medida que ganha ímpeto. Não se vê nada no futuro que o faça abrandar: os governos vão continuar a ser controlados pelos grupos económicos, vão continuar a impor austeridade aos seus concidadãos, vão continuar a destruir a economia, vão vendendo aquilo que é de todos a alguns, a preço de saldo, ao cartel oligarca que manda no governo, cujos membros serão amplamente recompensados quando cessarem funções, dando ao povo a ilusão da participação democrática.
Os "indignados" são adversários do poder, e devem ser rotulados como um bando de indivíduos perigosos, pelos media informativos, para justificar a repressão.

Nota: O tratamento mediático da manifestação foi deplorável. A agenda dos jornais televisivos, desta tarde de Domingo, parecia o jornal do Crime, rebuscando a ideia de condenar a agressão a agentes de autoridade com a prisão preventiva. Pode ser que o cidadão pense duas vezes antes de atacar os cães de guarda que estão a defender um símbolo do poder, como a Assembleia. Desde o suposto arrastão da praia de Carcavelos, que são mais cuidadosos com a manipulação, mas não deixam de ser eficientes.
Em segundo lugar, a repressão está nos genes deste governo. 1982, ministro da Administração Interna: Ângelo Correia - dois operários mortos na véspera do 1º de Maio, pela polícia. 1994, ministro da Administração Interna: Dias Loureiro - revolta na ponte, reprimida pela polícia. Há aqui um padrão.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Populismo, qual populismo?

A razão principal do discurso da direita portuguesa tem os seus alicerces nos 10% de analfabetismo, mais os 50% de iliteracia, juntamente com a constante desinformação a que são sujeitos os portugueses, que não são cidadãos (é um conceito que para a direita não existe). No máximo são consumidores, uma vez que quem domina os meios empresariais e financia os partidos do poder partilha da mesma ideologia.
Claro que o discurso tem evoluído devido ao tropismo da própria sociedade, mas a partir do momento em que temos o exemplo de um deputado da JSD que vem apresentar uma proposta demagógica e populista, que ignora a separação de poderes do estado de direito, e ainda por cima os jornalistas lhe dão espaço mediático, temos tudo dito sobre a forma como o mindset da sociedade funciona.

Como dizia o José Mário Branco: "A ver quem vai ser capaz de te convencer de que a culpa é tua e só tua". O facto é que o vão conseguindo. Dito de outra forma: "os portugueses têm vivido acima das suas possibilidades", foi o grande hit deste Verão.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O doutor recomenda

O Conselho de Ministros ia apresentar mais medidas de austeridade, mas como Portugal perdeu, fica para outro dia. Tratou-se de um erro estratégico. Qualquer pessoa minimamente inteligente percebe que uma defesa constituída pelo João Pereira ou pelo Rolando é simplesmente uma merda.
Pode parecer um pouco despropositado estar aqui a crucificar dois jogadores que, no fundo, fizeram aquilo que eu esperava deles. Não se pode desgostar de pessoas assim. O que me abespinha é existirem pessoas a jurarem a pés juntos e a exaltarem com a sua suposta qualidade.
Recuando até ao momento de maior glória da "época Paulo Bento", temos o jogo de Novembro do ano passado, em que espetámos quatro à Espanha, e onde o Capdevila, que é um jogador banal, apesar de ter sido campeão do mundo e europeu, fez o que quis e lhe apeteceu do João Pereira. A semente do desastre já estava plantada, mas claro que a euforia de termos ganho desprezou esse facto. Nesse jogo foram titulares, e jogaram de facto, o Bosingwa e o Ricardo Carvalho.

Mas fico contente pela azia. Pela azia de Pinto da Costa, que se deslocou a Copenhaga, onde lhe foi servida uma sopinha de Ministério Público. Pela azia do secretário do Desporto, Alexandre Mestre, o homem do "pensamento estruturado". Pela azia do ministro Miguel Relvas. Pela azia de Madaíl. Pela azia de Amândio de Carvalho. Pela azia do repórter Nuno Luz - já ninguém se lembra do "mama... filhos da puta!" - e por fim, pela irritação de Paulo Bento. Ele que, mais do que ninguém, fez da frase "condutor de homens", uma coisa completamente dissociada da sua figura.
Assim, compreendo a razão pela qual o doutor da sexualidade, Machado Vaz, seja um dos vários comentadores da bola. As pessoas referidas são doentes. Muitas delas com problemas de erecção devido à idade avançada, e torna-se necessário um especialista.
Embora os opinion-makers da bola sejam mais do que as mães, o povo precisa de se entreter com o seu ópio, e existe a necessidade desses comentadores fazerem uma terapia de grupo ao bom povo e de o liderarem. Especialmente se, como foi o caso, o ópio for de má qualidade.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Situar a estratégia do coração ou o coração estrategicamente situado

Michelle Trachtenberg

De vez em quando olho para trás e volto a ler alguns dos meus posts. Alguns dos quais deixam-me satisfeito por ter conseguido ter a habilidade necessária para os escrever, embora outros já façam pouco sentido actualmente, porque se está sempre a evoluir; o pensamento sedimenta, consolida-se, e aquilo que antes se acreditava como certo vai paulatinamente mudando.
Isso nota-se especialmente nas minhas divagações sobre política. Usava com relativa frequência a expressão "tirar o sangue", ao referir-me à acção que o inimigo - o nosso inimigo - nos estava - e continua ainda - a fazer. A retrospectiva torna-se útil neste aspecto: saber onde estava o coração e onde se calcula que ele esteja agora. Claro que ainda penso que nos estão a sangrar, mas desconfio que o mesmo coração esteja já seco, devido ao facto do líquido vermelho há muito o ter abandonado.

A pergunta que se levanta é a da possibilidade de se viver sem coração. Só o conseguem espíritos corrompidos, consumidos pelo desespero e pelo vazio. Não estão vivos no sentido biológico do termo. Servem outro propósito. Os seres humanos continuam a bater, inconscientemente.
Ditaria então a lógica que obliterasse essa parte do Ofídio. A parte onde estou a ser muito mesquinho, rasteiro ou pessoal. Mas a verdadeira natureza deste blogue é criticar e funcionar como uma válvula de escape contra os pulhas com que levo todos os dias: os políticos, os spin-doctors, os jornalistas com agenda, opinion-makers e afins.
Estou-me a cagar para o Steve Jobs. O homem fez login, ou logout, conforme o ponto de vista. Morreu. Siga. Mais logo vou torcer pela Dinamarca, que é a coisa mais patriótica a fazer. Para ver se acordo.

Afinal ainda continua a bater!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Partido Único


Portugal, 1969
União Nacional ................................................................................ 88,05% (120 deputados)
outros partidos ................................................................................. 11,95% (0 deputados)


Cuba, 2008
Delegados do Comité para a Defesa da Revolução......................... 90,90% (614 deputados)
outros candidatos ............................................................................... 9,10% (0 deputados)
brancos e nulos .................................................................................. 4,77%
abstenção ........................................................................................... 3,11%


Coreia do Norte, 2009
Frente Democrática para a Reunificação da Pátria .......................... 99,98% (687 deputados)
abstenção .......................................................................................... 0,02%


Birmânia, 2010
Partido do Desenvolvimento e da União Solidária ............................ 78,28% (259 deputados)
outros partidos .................................................................................. 21,72% (71 deputados)


Madeira, 2011
Alberto João Jardim ........................................................................... 48,56% (25 deputados)
outros partidos ................................................................................... 48,78% (22 deputados)
brancos e nulos .................................................................................... 2,65%
abstenção ........................................................................................... 42,55%


Gosto de farsas, mas é mais no teatro.
s.f. (do latim popular farsa) 1. Gênero teatral cómico, menos exigente que a alta comédia, que tem por objectivo principal divertir o público. (encicl.) 2. Acto ridículo, coisa burlesca. 3. Fingimento; impostura. 4. Ilusão, mentira, burla.

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domingo, 9 de outubro de 2011

Snake Day


PJ Harvey - Snake

The European Snake Society organises its annual Snake Day on Sunday October 9, 2011 at Expo Houten in Houten (5 km south of Utrecht), in the Netherlands.

sábado, 8 de outubro de 2011

Deus não sabe, mas imagina...

Aya Hirano

A Melancolia de Haruhi Suzumiya - série animada onde Hirano dá voz à personagem titular - foi reconhecida pelo impacto que já conseguiu ter na animação japonesa, e pela popularidade descomunal que atingiu. Qualquer fã actual de anime que não tenha visto Haruhi não sabe o que anda cá a fazer. Com tal ambiente de fanatismo à sua volta, torna-se natural que o impacto de acção/reacção por parte dos fãs, e respectiva pressão mediática, seja um bocado extrema.
De qualquer modo, Aya Hirano ainda tem bastante por onde prosseguir na carreira, uma vez que tem uma voz única e mais ninguém a consegue fazer daquela forma.


Aya Hirano - "God knows…"

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

República

República, do latim res publica, "coisa pública"; é uma forma de governo, onde o povo, ou parte significativa dele, tem um controlo supremo sobre a governação; através do estado de direito, da separação de poderes e do respeito pelos direitos fundamentais; e onde os cargos do Estado não são distribuídos devido a relações de poder familiar, militar ou empresarial.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Se não tiverem uma calculadora, eu empresto

O Centro Cultural de Belém (CCB) inaugurado em 1993 e inicialmente orçado em 4 milhões de contos (19 milhões de euros) acabou por custar mais de 20 milhões de contos (99 milhões de euros).
O custo total do projecto Expo 98 atingiu os 421 milhões de contos (2100 milhões de euros) em 1998, já com a derrapagem de 60 milhões de contos na despesa de investimento em relação ao orçamento de 1996.
Em 2004, os submarinos do Sr. Portas ficaram pela módica quantia de 832,9 milhões de euros, já com os 63,6 milhões de derrapagem; mas sem a contabilização dos juros até os mesmos serem pagos, o levou a que o valor total ascenda a mais de 1000 milhões de euros.
O buraco da gestão fraudulenta do BPN é inquantificável, uma vez que estava a ser constantemente aumentado. No entanto, a injecção do Estado para o tentar tapar chegou aos 4600 milhões de euros.
A dívida da Madeira, para o primeiro semestre de 2011, era de 6328 milhões de euros.

A dívida externa portuguesa, a 30 de Junho de 2010, era de 373.527 milhões de euros. O PIB anual de Portugal, segundo dados do ano passado do FMI, foi de 171.947 milhões de euros; e a dívida soberana, segundo uma estimativa do Eurostat, era de 93% do PIB em 2010, embora na previsão para 2011 vá atingir os 106% do PIB.

sábado, 1 de outubro de 2011

Dois anos de Ofídio

Para comemorar a magnífica data, eis um wordle com a verborreia destes dois anos.

Aos passantes, legentes e comentantes,
dōmo arigatō

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A mulher enquanto forma de arte

Monica Bellucci

Hoje é o aniversário de Monica Bellucci. O padrão da beleza feminina. A deusa do sexo que torna as mulheres em lésbicas e os homens em lobos famintos. A expressão da arte italiana primus inter pares, feita nas margens do Tibre, abençoada pelas ninfas Tiberinas. A rainha imperial, a noiva vampírica, a succubus, a princesa, a prostituta; com e sem coração de ouro, a mulher violentada, la donna, o esplendor do gineceu, o modelo a representar outro modelo e a actriz a representar uma actriz.

Imagem criteriosamente escolhida aqui.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Banha da cobra

"Trusty" por Aaron Eiland

Peça artística desenhada pelo ilustrador texano Aaron Eiland, que tem como inspiração os comentários recentes feitos por Rick Perry, actual Governador do Texas e candidato presidencial Republicano às primárias da eleição presidencial de 2012.

Visto aqui

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

F - A# - G# - C#

A vaidade intelectual é uma coisa lixada. Impede muita gente de ver a grandeza inerente em determinado momento musical e o impacto cultural resultante do agitar de pântanos estagnados. Porque foi isso que o álbum Nevermind fez, uma fotografia de uma catarse sonora, um instantâneo das emoções de Kurt Cobain, passados sob a forma de música.
"Smells Like Teen Spirit" rompe com o habitual na monotonia das canções pop que se ouviam até aí, através de uma fórmula de variação dinâmica que já se encontrava presente, por exemplo, no trabalho dos Pixies.
Nevermind é um rastilho, que depois incendiou os media. Os mesmos que já tinham utilizado o termo "grunge" no final dos anos 80, mas que não tinham nenhuma banda que fosse popular o suficiente para o massificar. Um rastilho semelhante ao "Anarchy in the U.K." dos Sex Pistols, que tinha sido lançado quinze anos antes, havendo por isso toda uma geração de pessoas que nunca tinha assistido a nada parecido.

Como qualquer rasgão no status quo musical, o torpedo sonoro entregue pelos Nirvana era pouco complexo e estimulava directamente os centros de recompensa do cérebro. Fazia parte da "Electric Church" popularizada por Jimi Hendrix, outro nativo de Seattle e, ao tempo, um arquitecto da Revolução.
Todas as bandas aspiram à Revolução, penso que esta frase foi dita pelos Sonic Youth, e a música anti-situacionista, seja a do Hendrix, a dos Pistols, ou a dos Nirvana, tem sempre o mesmo objectivo: mexer com a consciência das pessoas, agitar as águas, acordar qualquer coisa dentro da alma das pessoas que previamente estavam a dormir, embaladas pela música sem alma que lhes é fornecida pelo sistema.
Claro que o próprio sistema abraça essa mesma música, para depois a regurgitar e comercializar sem qualquer pudor, mas isso é algo que lhe é inerente. A pancada inicial, essa, fica para sempre, bem como o entalhe resultante na história. Reconhecer o seu contributo actual é algo da mais elementar justiça. O resto é inveja.


Nirvana - Smells Like Teen Spirit

sábado, 24 de setembro de 2011

O jardineiro das anonas

Isto sem bombas incendiárias não é a mesma coisa. Onde é que já se viu um clássico sem uma declaração da guerra tribal que lhe está associada. Maldita gente, que pensa que isto é só um jogo de futebol. Deve haver aqui mão da Administração Interna, que o antigo ministro deixava-se fotografar por entre os croquetes das festas da Luz, distribuindo incompetência. Desta feita, nem uma subida de tom, nem uma bolinha de golfe, e com o antigo ministro relegado a mero opinador do Correio da Manhã.
Devo esclarecer que este tipo de postura favorece a equipa que é naturalmente mais sofisticada, apesar da sua componente popular, uma vez que os tripeiros medram no ódio e na confusão que estes próprios geram.
Cada golo de empate foi como se fosse uma facada na alegria portista, e assim é que deve ser. Na guerra não existem empates, apenas vitórias tácticas.

“Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando para o pasto que começava a ficar verdejante”, perorava Aníbal Cavaco Silva, continuando a abusar dos sufixos superlativos absolutos, e indicando que, de facto, os bovinos não se poderiam encontrar mais satisfeitos do que aquilo que já estavam. Desconhece-se se estava a referir-se aos adeptos do Sporting.
O afamado político teceu ainda algumas considerações sobre a poda das anonas, um fruto neotropical, tal como os jogadores sul-americanos, em amena conversa que manteve com um experimentado agricultor de anonas e abacates da ilha Graciosa. A explicação deste último acerca do facto da poda não ser essencial neste tipo de planta, convenceu o chefe de Estado a não fazer a poda em algumas das anonas das quais é feliz proprietário.

Nota: O chá de anonas é bom para a hipertensão, irritações cutâneas, nevralgias, complicações nervosas, palpitações, insónias, indigestão, disenteria, diarreia, febre, náuseas, espasmos musculares e restantes maleitas que possam atacar o Jorge Fucile.