terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Dei Gratia

Jaime Graça (1942 - 2012)

Jaime Graça fez parte da equipa que ganhou o campeonato sem derrotas, e que construiu a mística benfiquista enquanto eu crescia. Obrigado Jaime Graça.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Porcos carregados de pérolas

O ano passado fiz a minha homenagem ao passar de José Afonso. Este ano, devido talvez a ser um número mais redondo, as homenagens surgiram em catadupa por toda a parte. Por norma, não gosto do tipo de celebração que se empola devido ao facto de se passarem 25 anos, mas deu para perceber a raiva que os sectores de direita têm pela figura do Zeca. Que ainda hoje têm.
Todos os canais televisivos tiveram um tratamento deplorável com a memória de José Afonso. A RTP encerrou um dos seus serviços noticiosos com uma prestação do Tozé Santos, do projecto Zeca Sempre, uma parvoíce que consiste em ganhar um cobres com a memória do Zeca, em "laivos pop-rock". Fazendo aquilo que qualquer estudante secundário faria caso tivesse uma guitarra e tentasse tocar José Afonso, mas em pior.
Na TVI, o pivot televisivo José Alberto Carvalho indaga sobre se a obra de José Afonso "ainda faz algum sentido nos tempos que correm", ao mesmo tempo que perora sobre o facto do "cantor de intervenção" "também ter sido um fadista". Não vou aqui analisar exaustivamente a diferença que existe entre o facto de inicialmente José Afonso ter procurado evoluir a forma da balada coimbrã, com o o facto de ser necessário, desde que o fado se tornou património mundial, aproveitar todas as oportunidades para o promover desenvergonhadamente. Vou somente fazer um paralelismo entre o nome do José Alberto, e o facto de o mandar para o caralho.
Mas a pérola tinha de vir do afilhado de Marcelo Caetano, Marcelo Rebelo de Sousa. No seu segmento televisivo semanal onde comenta sobre tudo e sobre nada, resolve referir a data redonda com a versão no Coliseu da Balada do Outono, sem nunca se referir ao nome da música, o qual provavelmente nem deve saber, tendo pedido ao editor que lhe arranjasse o vídeo, que foi prontamente amputado após o genérico do programa acabar. Homenagens e respeito pelos outros é algo completamente diferente de referir a data só porque tem de ser. Só porque está institucionalizado que devem ser referidos os 25 anos. Mais valia que nada tivessem feito, que era mais respeitador da memória dos mortos.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Reis Momos

O AJ Seguro não só é fraco, como é amigo pessoal de Miguel Relvas, e essa é a sua lealdade mais importante, sendo o PS simplesmente um trampolim para quando o ódio a Passos Coelho atingir o ponto de saturação. Extrapolando pelo que acontece noutros países, o próximo governo será um executivo FMI/Goldman Sachs, liderado talvez por António Borges. Deste modo, Seguro irá passar ao lado da cadeira de S. Bento, uma vez que, por essa altura, a farsa da democracia já não irá ser necessária.
Quanto a Louçã, o dilema deste, advém do momentum político que o Bloco tem enquanto o PS é governo, que agora lhe falta. Certas correntes de pensamento bloquista são semelhantes a outras do PS, e para estancar este tipo de pensamento é que pessoas como Zorrinho foram destacadas. Isto provoca um descomprometimento da generalidade do PS com a agenda do Bloco, fazendo este último esvair-se em termos de estratégia. Claro que o facto de Louça ter ajudado a empossar este governo, algo que deveria ser amiúde recordado, também não o ajuda. Mas a boa imprensa existe para isso mesmo.
Jerónimo não pode ser mais do que aquilo que é. Ao liderar um partido que apenas tolera as regras da democracia, para assim tentar expandir a influência desse mesmo partido na sociedade, nunca poderá aspirar a ser algo mais do que o transmissor da vox populi, nos dias bons, ou fazer um braço de ferro com o governo, qualquer que ele seja, através das greves gerais da CGTP, nos dias maus.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Os diários da Vampira

Malese Jow

Esta não é uma história sobre vampiros, e muito menos uma história sobre relações amorosas. Se bem que esse tipo de tradição romântica encontrou um fim prematuro, no momento em que uma escritora norte-americana, sem qualquer talento literário, decidiu enriquecer à custa de uma fusão entre esses dois géneros, criando o livro-que-não-pode-ser-nomeado. Mas essa é uma outra história.
Anna era uma vampira centenária, apesar de parecer humana, que se apaixonou por um humano que se queria tornar vampiro, depois de a conhecer. O nosso estereótipo repete-se até à exaustão. Copycats de tropes e clichés que se sucedem até não se conseguirem levantar mais. Até a vampira ficar sem uma pinga de sangue. Até arder numa pira, consumida pela chamas da sua própria falta de originalidade. Morta, pálida e ressequida. Trespassada por uma estaca. Mesmo assim, e depois de tudo isso, ainda consegue comunicar com o seu querido humano, a partir do "outro lado", sem que haja qualquer falta de credibilidade nesse argumento. Porque se já atingimos este momento desta nossa ficção, então tudo se torna imediatamente credível.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Matar pessoas não é só um modo de vida, é também um imperativo nacional

Não me chateiam os anticiclones com apófise polar. Prefiro que a referida protuberância esteja situada na Sibéria do que sobre o Atlântico Norte, uma vez que o tempo frio e seco se torna menos incomodativo do que o tempo frio e húmido. Foram semanas frias e cheias de cinismo, em que se apelou aos portugueses para serem menos piegas, ao mesmo tempo que se fodia o Carnaval e que o Deutsche Bank apostava com a vida dos velhos. Mas calma, que tudo isso foi antes do ministro Gaspar se curvar em agradecimento ao seu mestre alemão, e da Grécia ficar em chamas. Embora o incêndio helénico tenha sido num banco, que os gregos sabem perfeitamente de quem é a culpa. Mesmo que a televisão por vezes se vá esquecendo de o dizer.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O Titi fez-me um bóbó

O animal mais conhecido por Leontopitecus rosalia chama-se Titi-leão em português. "Mico-leão" é brasileiro. Mas talvez fosse esperar muito que num jornal televisivo português, se falasse português. Pelos vistos não é só a ortografia, também querem que mudemos os vocábulos, o léxico e o resto. O autor da pérola foi João Pacheco Miranda, "jornalista" da RTP, que para além de ser um conhecido sabujo do poder, também é um promotor da ignorância entre as massas, e desse desígnio cultural de abrasileirar a sociedade portuguesa.
O coiso da Cultura, de seu nome Francisco José Viegas, tem razão quando afirma que "a língua é de quem a fala". O problema do brasileiro é que é um dialecto, não é uma língua. Não é uma questão de ortografia, ou até de sotaque, é uma diferença de estrutura frásica e de vocabulário. Enquanto se insistir no engodo de que o português e o brasileiro são a mesma língua, iremos ter sempre este tipo de discussão. A única razão porque o brasileiro se impôs ao português, na tentativa de uniformização ortográfica, é porque o Brasil tem mais população e mais poder económico. Deixem o Brasil registar a sua língua na ONU como brasileiro, uma vez que já é uma nação independente, e acabem com o mito de que o português é uma das línguas mais faladas no mundo. O governante Viegas, como representante do lobby livreiro, tem todo o benefício em defender o acordo, para que as suas editoras melhor possam vender num mercado mais alargado, com menor custo, uma vez que, tal como o resto do governo, ele só vê o lucro e o ganho pessoal à frente. Mas o português é assim mesmo, meio macaco e meio leão.