quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tempos de angústia

José Afonso (1929 - 1987)

Faz hoje vinte e quatro anos que desapareceu José Afonso. A resistência das suas quadras continua a fazer sentido hoje, mas o problema é que a sua música se institucionalizou. Todos aqueles que se alvoram de democratas, prestam-lhe tributo no Vinte e Cinco de Abril e apropriam-se da sua música.
Estamos em Fevereiro e talvez não seja de bom tom, porque não estamos em Abril. Em Portugal, as instituições são para celebrar até que fiquem vazias de conteúdo e, pelos vistos, não interessa preservar esta memória. Compete a todos nós libertar as correntes que amarram o Zeca e devolve-lo ao povo.

O ano do Senhor de 1987. Acabados de entrar na então distante Comunidade Económica Europeia, com a Revolução lá longe e a Guerra Fria ao pé. A Líbia de Gaddafi, sempre ele, combatia e perdia uma guerra com o vizinho Chade.
O presidente americano Ronald Reagan é operado à próstata, o que não deixa de ser constrangedor para uma super-potência, depois de ter vendido armas ao inimigo Irão e aos Contras da Nicarágua.
O aviador alemão Mathias Rust provou que o sistema de defesa soviético era de facto uma porcaria, ao aterrar em plena Praça Vermelha. Foi um ano de memória, não sei se boa, se má.

José Afonso - Era um redondo vocábulo

Adenda: 1987 foi também o ano em que o F.C.Porto conquistou a sua primeira Taça dos Campeões Europeus, numa final contra o Bayern. Na altura, eu era ingénuo o suficiente para torcer por eles (por nós). O que vale é que o Zeca "não ia em futebois", embora eu desconfie que ele fosse da Académica de Coimbra.

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