sábado, 29 de junho de 2013

Trinta e Nove

Existem três problemas principais quando se sobe na escala evolucionária de reptiliano até paramamífero e de paramamífero até mamífero. O primeiro é que a componente emocional é basicamente residual nos répteis, em virtude da pressão metabólica do sangue frio. O segundo problema é que os répteis conseguem suportar melhor o calor. Para estes, nunca está quente demais. Depois existe o trinta e nove. Trinta e nove é o título de várias canções. Os escravos na Roma Antiga eram chicoteados trinta e nove vezes (quarenta menos uma). Trinta e nove nanosegundos foi o tempo que durou a reacção nuclear do engenho mais poderoso jamais detonado, a Tsar Bomba. Já os japoneses usam o trinta e nove para dizer "thank you" online, porque três diz-se san e nove é kyu.

Imagem: Shingo Matsunuma

sábado, 22 de junho de 2013

Like a Boss

James Gandolfini (1961 - 2013)

O glamour do humor sarcástico no cinema dos anos cinquenta e sessenta foi sendo abandonado em favor de abordagens politicamente mais correctas. Até que no novo milénio surgiu The Sopranos, série televisiva que estava muito à frente da sua época. Na altura que estreou entre nós, esta série "familiar" apanhou-me numa fase de transição da minha vida, o que talvez me tenha permitido um equilíbrio que eu não tinha até aí. Equilíbrio semelhante ao que eu gostava de encontrar actualmente.
Tony era cool. Praguejava como ninguém, agarrava num taco de basebol e resolvia as coisas logo no momento. Como é possível não gostar de alguém assim?
Agora Gandolfini morreu e só ficam as imagens na minha cabeça e a música nos meus ouvidos... "Woke up this mornin', got yourself a gun. Got yourself a gun. Got yourself a gun..."

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Solstício

Não é engano. Eu não estou no hemisfério sul... é mesmo solstício de Verão.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Os indecentes

Existe uma confluência tribal em Portugal entre o Partido Social Democrata e o Futebol Clube do Porto, intercessão de interesses que assomou ao poder em finais dos anos setenta, princípios dos anos oitenta, através da promoção do sectarismo. Para além do ódio ao vermelho, o que identifica esta confluência é a tentativa de dividirem o País, colocando portugueses uns contra os outros, para no meio dessa espécie de guerra civil levarem adiante verdadeiros actos de banditagem contra o Estado de Direito. No pós-25 de Abril, este nunca os conseguiu travar devido ao facto de se encontrar manietado pela sua própria inacção, o que motivou uma sensação de impunidade desta nova elite de personagens tão conhecidas do grande público, como o autarca Luís Filipe Menezes ou o líder parlamentar Luís Montenegro.
A verdadeira face desta gente revela-se na plenitude neste twit de Cabreu Amorim, deputado do PSD e adepto do FCP, acerca dos magrebinos e que é tão estúpido que só dá para rir. No entanto, nada é inocente naquilo que um propagandista como o Cabreu Amorim diz ou escreve. A guerra norte-sul foi uma manobra de manipulação de massas que começou com Pinto da Costa e que deu bastante jeito ao FCP para se tornarem o que são hoje, ao tentarem alienar a homogeneidade nacional que o Benfica tinha e ainda hoje tem. Não passando só por comprar árbitros, a estratégia sempre foi mais abrangente. Embora os jornalistas e políticos vendidos sejam menos mediáticos.

Aqueles que deveriam denunciar a manipulação têm o problema de se considerarem elitistas o suficiente para acharem que a bola está abaixo da política, não devendo ser dada muita atenção à primeira sob pena de levarem com o epíteto de populistas. No fundo, ambas são uma guerra tribal onde o Cabreu utiliza as mesmíssimas tácticas: o apelo à emoção, a arrogância iluminada e o desprezo por quem o lê. A função de Cabreu é a de arrebanhar pessoas acéfalas para a causa PSD/FCP, e já nem sequer entro pelo teor xenófobo do twit, que é indigno de um deputado da República.
Cabreu Amorim desculpou-se mais tarde pelo comentário, como o bom hipócrita que é, porque isto de ser candidato à Câmara de Gaia oblige. Hipocrisia essa, que já se tinha visto quando criticou o ministro Vítor Gaspar. O que lhe valeu a carinhosa alcunha de "ratazana gorda" entre os seus correligionários, devido à expressão idiomática sobre roedores e navios a afundarem. Não se pode agradar a todos.
O próprio ministro Gaspar aproveitou para fazer uma piada, uma vez que está na moda fazerem-se piadas com o Benfica, naquilo a que os americanos chamam de fair game. Piada que surtiu efeito, uma vez que se ouvem as gargalhadas da audiência. Contudo, Gaspar não sofre com o Benfica, como ele diz, uma vez que é um psicopata, e as características de um psicopata são a falta de empatia e a superficialidade emocional. Por isso, não... Gaspar não sofre. Mas goza.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Inconformismo

No final de Abril tive a felicidade de ter estado com pessoas que já não via há algum tempo e de perceber que quem passou pelas mesmas situações que eu consegue compreender o que me sucede na alma com esta ansiedade que me tenta dominar, e que viver numa casa cheia de vida é muito mais saudável do que viver numa casa onde existe uma energia mais parada e onde me sinto contaminado pelo ambiente doentio que me rodeia. Trata-se de feng shui e cada casa tem os seus próprios ritmos.
Concluí que o principal problema na vida de cada pessoa é que cada uma delas cria os seus próprios vícios existenciais pelo facto de se sentir em casa. Isto acontece com os seres humanos de uma maneira geral. A procrastinação e a falta de motivação para se fazerem coisas simples, como passear o cão ou correr, advém disso. Do facto de uma pessoa estar imersa de tal modo na sua própria dinâmica que escapar-se-lhe se torna quase impossível. Isto é algo inerente e quase impercetível. A solução encontra-se no espírito, sendo do conhecimento geral que este assume a forma de uma espada, que permite cortar com esta modorra asfixiante. O grande mistério das pessoas que se conformaram ao seu estado de coisas é perceber onde é que as outras, as que têm uma espada, encontram a força de vontade para conseguirem acontecer.