Existe uma confluência tribal em Portugal entre o Partido Social Democrata e o Futebol Clube do Porto, intercessão de interesses que assomou ao poder em finais dos anos setenta, princípios dos anos oitenta, através da promoção do sectarismo. Para além do ódio ao vermelho, o que identifica esta confluência é a tentativa de dividirem o País, colocando portugueses uns contra os outros, para no meio dessa espécie de guerra civil levarem adiante verdadeiros actos de banditagem contra o Estado de Direito. No pós-25 de Abril, este nunca os conseguiu travar devido ao facto de se encontrar manietado pela sua própria inacção, o que motivou uma sensação de impunidade desta nova elite de personagens tão conhecidas do grande público, como o autarca Luís Filipe Menezes ou o líder parlamentar Luís Montenegro.
A verdadeira face desta gente revela-se na plenitude neste twit de Cabreu Amorim, deputado do PSD e adepto do FCP, acerca dos magrebinos e que é tão estúpido que só dá para rir. No entanto, nada é inocente naquilo que um propagandista como o Cabreu Amorim diz ou escreve. A guerra norte-sul foi uma manobra de manipulação de massas que começou com Pinto da Costa e que deu bastante jeito ao FCP para se tornarem o que são hoje, ao tentarem alienar a homogeneidade nacional que o Benfica tinha e ainda hoje tem. Não passando só por comprar árbitros, a estratégia sempre foi mais abrangente. Embora os jornalistas e políticos vendidos sejam menos mediáticos.
Aqueles que deveriam denunciar a manipulação têm o problema de se considerarem elitistas o suficiente para acharem que a bola está abaixo da política, não devendo ser dada muita atenção à primeira sob pena de levarem com o epíteto de populistas. No fundo, ambas são uma guerra tribal onde o Cabreu utiliza as mesmíssimas tácticas: o apelo à emoção, a arrogância iluminada e o desprezo por quem o lê. A função de Cabreu é a de arrebanhar pessoas acéfalas para a causa PSD/FCP, e já nem sequer entro pelo teor xenófobo do twit, que é indigno de um deputado da República.
Cabreu Amorim desculpou-se mais tarde pelo comentário, como o bom hipócrita que é, porque isto de ser candidato à Câmara de Gaia oblige. Hipocrisia essa, que já se tinha visto quando criticou o ministro Vítor Gaspar. O que lhe valeu a carinhosa alcunha de "ratazana gorda" entre os seus correligionários, devido à expressão idiomática sobre roedores e navios a afundarem. Não se pode agradar a todos.
O próprio ministro Gaspar aproveitou para fazer uma piada, uma vez que está na moda fazerem-se piadas com o Benfica, naquilo a que os americanos chamam de fair game. Piada que surtiu efeito, uma vez que se ouvem as gargalhadas da audiência. Contudo, Gaspar não sofre com o Benfica, como ele diz, uma vez que é um psicopata, e as características de um psicopata são a falta de empatia e a superficialidade emocional. Por isso, não... Gaspar não sofre. Mas goza.
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