O ano passado fiz a minha homenagem ao passar de José Afonso. Este ano, devido talvez a ser um número mais redondo, as homenagens surgiram em catadupa por toda a parte. Por norma, não gosto do tipo de celebração que se empola devido ao facto de se passarem 25 anos, mas deu para perceber a raiva que os sectores de direita têm pela figura do Zeca. Que ainda hoje têm.
Todos os canais televisivos tiveram um tratamento deplorável com a memória de José Afonso. A RTP encerrou um dos seus serviços noticiosos com uma prestação do Tozé Santos, do projecto Zeca Sempre, uma parvoíce que consiste em ganhar um cobres com a memória do Zeca, em "laivos pop-rock". Fazendo aquilo que qualquer estudante secundário faria caso tivesse uma guitarra e tentasse tocar José Afonso, mas em pior.
Na TVI, o pivot televisivo José Alberto Carvalho indaga sobre se a obra de José Afonso "ainda faz algum sentido nos tempos que correm", ao mesmo tempo que perora sobre o facto do "cantor de intervenção" "também ter sido um fadista". Não vou aqui analisar exaustivamente a diferença que existe entre o facto de inicialmente José Afonso ter procurado evoluir a forma da balada coimbrã, com o o facto de ser necessário, desde que o fado se tornou património mundial, aproveitar todas as oportunidades para o promover desenvergonhadamente. Vou somente fazer um paralelismo entre o nome do José Alberto, e o facto de o mandar para o caralho.
Mas a pérola tinha de vir do afilhado de Marcelo Caetano, Marcelo Rebelo de Sousa. No seu segmento televisivo semanal onde comenta sobre tudo e sobre nada, resolve referir a data redonda com a versão no Coliseu da Balada do Outono, sem nunca se referir ao nome da música, o qual provavelmente nem deve saber, tendo pedido ao editor que lhe arranjasse o vídeo, que foi prontamente amputado após o genérico do programa acabar. Homenagens e respeito pelos outros é algo completamente diferente de referir a data só porque tem de ser. Só porque está institucionalizado que devem ser referidos os 25 anos. Mais valia que nada tivessem feito, que era mais respeitador da memória dos mortos.
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