sábado, 31 de dezembro de 2011

Se hibernasse, não jantava. Se não jantasse, não tinha de levar com isto

Se existe algo de bastante engraçado nas "revistas do ano", que todos os canais noticiosos costumam fazer por esta altura, é a constatação da quantidade infindável de notícias de merda e de manipulação que aconteceram durante o ano que agora finda. As pessoas que editam esse tipo de coisa poderiam apresentar os fenómenos que só se conseguem detectar a longo prazo, e aproveitar para desmistificar o jogo político, e a ilusão dada aos cidadãos de que têm opção de escolha eleitoral. Mostrar a parede de tijolo, como diria Zappa, onde tudo é encenado para que nós acreditemos. Houve este ano várias campanhas eleitorais, o que não houve foi eleições.
Claro que é sempre bonito recordar uma Sandra Felgueiras de lágrimas nos olhos, depois de levar com uma granada de gás lacrimogéneo, na tromba e em Atenas, ou da excitação do João Adelino Faria, ao falar do casamento real, que nas suas palavras foi extremamente importante, não só para Inglaterra e para Europa, como até para o mundo. Justificando esta última tirada, com o facto desse evento ter sido coberto por uma miríade absurda de media, usando assim a falácia do argumentum ad populum. Falácia essa, que foi atirada na cara dos telespectadores sob a forma de interrogação. Tão manipulativo, este nosso João Adelino! Deve ser o excesso de açúcar do Natal.

Mas nem só da amostra de jornalistas vive este fim de ano. O outro lado do espelho da propaganda manipulativa, no circo que é a sociedade portuguesa, são os políticos. O ministro da tutela foi passar o réveillon na Madeira. Miguel Relvas, que entende como ninguém a forma como a informação deve ser comunicada aos portugueses, em tipo, conteúdo e timing, juntou-se ao "Bokassa" da Madeira, para juntos fazerem uma operação de charme e, ao mesmo tempo, descansarem uns valentes dias dessa actividade extremamente extenuante, que é a de enganarem os portugueses.
Por fim, aproveito para exprimir os meus desejos para 2012, com todo o fel que envenena e apodrece esta sociedade. Não consigo ter qualquer espírito positivo, e de qualquer forma, esse tipo de pensamento não me assenta. O que desejo para mim e para a humanidade deste canto da Europa, é que estejam num sítio seguro, quando isto começar a decair e, depois, a desmoronar. Estas são palavras de esperança. Não aquele empacotado do marketing obamiano, mas uma que radica na crença da sobrevivência. Este ano vai ser o ano dos excluídos, dos pobres, dos velhos, dos jovens, e, de um modo geral, de todos os que precisam de ganhar consciência de que só se deixam manipular se assim quiserem. Não será fácil, mas espero que dê frutos.

Annum faustum
Apophis

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