quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Freud iria ter um prato

Seria Freud ou Jung? Não sei se foi hoje ou se foi ontem, penso que dependerá do fuso horário. Mas sonhei. Devido à raridade desta situação, as minhas purgas oníricas sucedem-se em catadupa, como se a história que eu sonhasse se apresentasse num livro de arte sequencial. Como se estivesse a ler uma banda desenhada ou um manga. A preto e branco. Com painéis uns após os outros.
Se me lembrasse do sonho, provavelmente teria uma boa história, ou talvez um bom argumento. Creio ter pensado nisso à medida que ia sonhando, embora nunca me tenha assaltado a ideia de que se tratava efectivamente de um sonho. Informação... dados... enquadramento bidimensional... nada mais...
De repente, o meu organismo começa a pulsar, e dessa pulsação ela emerge. O sonho apresenta agora contornos coloridos e aparece-me como um filme, uma realidade onde nos movimentamos. Tridimensional.
Dizem que quando sonhamos com alguém não significa que essa pessoa quer alguma coisa de nós, mas que nós queremos alguma coisa dessa pessoa. Mas que poderia eu dela querer? Quando, nem há um par de dias, até ignorei que ela tinha nascido. Talvez fosse por isso... mas entretanto, lá estava ela. Com os cabelos castanhos escuros arrumados em franja, as bochechas sorridentes, mais o fato à Barney Stinson. Foda-se, o que eu odeio essa personagem!

O pano de fundo reflectia a estética consumista do cosmopolitismo lisboeta, e vinco aqui o factor cosmopolita do meu sonho, mesmo sem ir buscar o senhor Immanuel "pés-de-gato" Kant, ou sequer Henry Miller, porque esse mesmo pano de fundo parecia algo tirado do corte inglês sem L ou da fenáque do Chiado. Aquele tipo de pano de fundo cosmopolita merdoso, das aparências e da futilidade. Mas adiante... Nada de considerações filosóficas muito profundas, que atrapalhem a descrição dos factos. Se é que é possível chamar factos a electrolisações oníricas.
Primeiro ignora-me. Depois já não o consegue fazer, quando os nossos braços se tocam. Inventa meia-dúzia de desculpas femininas. Também existem desculpas masculinas, mas as femininas são mais interessantes.
Quem tem idade para perceber o que é a paixão, sabe como esse sentimento se manifesta. Parece uma onda que vem da outra pessoa e faz nascer uma torrente de energia vinda não se sabe bem de onde. Se do tórax, do abdómen, ou de algum outro lado. Naquele momento, pensei que realmente fosse aquilo que eu queria dela. Talvez um beijo, ou talvez quisesse somente sentir esse sentimento já sentido anteriormente na banda da serpente. Quando se toca música com pessoas com paixão, sente-se um fluxo de uma energia incontrolável a percorrer o corpo. Uma energia vinda da terra, vinda não se sabe bem de onde... talvez fosse isso.

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