segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O post corporativo

Já desconfiava que não exista ninguém que percebesse de Geografia na comunicação social. Só assim se explica o desinteresse e a ignorância repetida ad infinitum por jornalistas e políticos. Só assim se explica a ausência de representantes do Partido Socialista e do Bloco de Esquerda na Comissão de Educação e Ciência, da Assembleia da República, cujo objectivo seria debater a possível fusão das disciplinas de Geografia e de História, no ensino básico e secundário, numa manifesta falta de respeito pelos professores destas disciplinas. Ter interesse mediático deve ser meio caminho andado para os nossos representantes se mostrarem, o que passa uma ideia bastante clara daquilo para que servem.
Porque eu não me esqueço de quando o Diário de Notícias da Madeira resolveu atacar o geógrafo madeirense Raimundo Quintal, insultando simultaneamente toda uma classe, apenas porque este tinha deixado o alerta em relação às responsabilidades que o Governo Regional teve nas cheias de Fevereiro do ano passado, ou quando caiu uma palmeira em Porto Santo, em Agosto desse ano. Acidentes onde morreram pessoas. Claro que nada disso apareceu na última tomada de posse, porque os jornalistas presentes, para além de não serem geógrafos, trabalham todos para o "Bokassa".

Porque eu não me esqueço da difusão da alarvidade, que políticos e jornalistas fazem, ao confundirem desertificação com despovoamento, sem que ninguém lhes explique que a desertificação não é o mesmo que falta de população.
Porque eu não me esqueço que já tive um ministro do Ambiente, Nunes Correia, que era um promotor de barragens hidroeléctricas, e que a actual ministra, Assunção Cristas, em directo para a televisão, afirmou que "os planos são dinâmicos"; enquanto se promovia com a gestão da orla costeira; quando qualquer estudante do primeiro ano sabe que os planos são estáticos, e que o que é dinâmico é o planeamento. Mas esse é o resultado de quem não percebe nada do sector, e tenta aprender em dias, algo que demora anos a estudar. Ler na diagonal não costuma dar bons resultados. Felizmente para ela, ninguém deu pela gaffe.
Por fim, a decisão política de aumentar a carga horária das disciplinas de História e de Geografia serviu para Marcelo Rebelo de Sousa difundir rumores no seu programa televisivo. Rumores que, apesar de tudo, vieram a ser confirmados pelo ministro Nuno Crato. Embora este último não tenha explicado o custo curricular nem a estratégia educativa que sustenta essa medida.

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