Na expressão artística existe o arquétipo da donzela em apuros, a princesa que espera ser resgatada por um galante príncipe a cavalo, que a venha salvar do seu infortúnio.
Ela representa a razão de ser do cavaleiro. Por causa dela é que ele enfrenta exércitos inimigos e arrisca a vida em defesa do seu país. A princesa é uma bela e jovem mulher, que representa a pátria do cavaleiro, na sua atávica idiossincrasia. Uma donzela pura de coração, que se encontra numa situação periclitante, devido à acção de um vilão ou de um monstro e necessita que um herói se apresse a salva-la.
A condição em que a princesa se encontra, acaba por se revestir de contornos fetichistas, onde a desventura da rapariga subtraída ao seu reino e agrilhoada por forças maléficas, adquire uma carga erótica substancial.
A ética cavalheiresca fez com que o cavaleiro se comportasse com cortesia, especialmente em relação às mulheres. O facto dos equestres serem uma classe dedicada à arte da guerra, fez com que estes seguissem um código, para contrabalançar a brutalidade do meio em que viviam.
O traço de união entre todos os cavaleiros, fossem eles paladinos da luz ou das trevas, era a noção superior de dever. O sentimento de que o bem comum, ou de uma determinada nação, é superior aos interesses individuais e ao ganho pessoal.
Com a consolidação da instituição cavaleiresca, certas virtudes que um cavaleiro deveria possuir, foram sendo estabelecidas. A traição a alguma delas, fazia com que o cavaleiro o deixasse de ser.
No caso dos cavaleiros negros. Estes não obedeciam aos princípios do sistema feudal e não tinham uma marca heráldica ou um escudeiro para tratar do seu equipamento, apresentando assim a armadura pintada de negro, para prevenir a sua oxidação. Em todo o caso, mesmo estes cavaleiros deveriam observar alguma forma de integridade.
O código de honra medieval impunha, desta forma, a todos eles, a coragem (tanto física como mental, a intrepidez e força de vontade) a prudência, a justiça, a cortesia, a pureza, devoção e misericórdia, e por fim, a resistência física e mental.
Nos dias de hoje, o arquétipo da princesa, ou a inocência, inerente ao acto de espera pelo seu príncipe encantado, acabam por ser conceitos que as jovens transportam, de uma forma inconsciente, para a idade adulta.
O homem perfeito acaba por ser uma miragem, embora esse sonho esteja imbuído de aspectos tão maravilhosos, que acaba por ressoar com bastante força no mais intimo do ser feminino.
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