quinta-feira, 29 de julho de 2010

Princesas e seus paladinos

Na expressão artística existe o arquétipo da donzela em apuros, a princesa que espera ser resgatada por um galante príncipe a cavalo, que a venha salvar do seu infortúnio.
Ela representa a razão de ser do cavaleiro. Por causa dela é que ele enfrenta exércitos inimigos e arrisca a vida em defesa do seu país. A princesa é uma bela e jovem mulher, que representa a pátria do cavaleiro, na sua atávica idiossincrasia. Uma donzela pura de coração, que se encontra numa situação periclitante, devido à acção de um vilão ou de um monstro e necessita que um herói se apresse a salva-la.
A condição em que a princesa se encontra, acaba por se revestir de contornos fetichistas, onde a desventura da rapariga subtraída ao seu reino e agrilhoada por forças maléficas, adquire uma carga erótica substancial.
A ética cavalheiresca fez com que o cavaleiro se comportasse com cortesia, especialmente em relação às mulheres. O facto dos equestres serem uma classe dedicada à arte da guerra, fez com que estes seguissem um código, para contrabalançar a brutalidade do meio em que viviam.

O traço de união entre todos os cavaleiros, fossem eles paladinos da luz ou das trevas, era a noção superior de dever. O sentimento de que o bem comum, ou de uma determinada nação, é superior aos interesses individuais e ao ganho pessoal.
Com a consolidação da instituição cavaleiresca, certas virtudes que um cavaleiro deveria possuir, foram sendo estabelecidas. A traição a alguma delas, fazia com que o cavaleiro o deixasse de ser.
No caso dos cavaleiros negros. Estes não obedeciam aos princípios do sistema feudal e não tinham uma marca heráldica ou um escudeiro para tratar do seu equipamento, apresentando assim a armadura pintada de negro, para prevenir a sua oxidação. Em todo o caso, mesmo estes cavaleiros deveriam observar alguma forma de integridade.
O código de honra medieval impunha, desta forma, a todos eles, a coragem (tanto física como mental, a intrepidez e força de vontade) a prudência, a justiça, a cortesia, a pureza, devoção e misericórdia, e por fim, a resistência física e mental.

Nos dias de hoje, o arquétipo da princesa, ou a inocência, inerente ao acto de espera pelo seu príncipe encantado, acabam por ser conceitos que as jovens transportam, de uma forma inconsciente, para a idade adulta.
O homem perfeito acaba por ser uma miragem, embora esse sonho esteja imbuído de aspectos tão maravilhosos, que acaba por ressoar com bastante força no mais intimo do ser feminino.

Sem comentários:

Enviar um comentário