sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Opressão oligárquica

Ninguém ganha eleições em Portugal. O partido ocasionalmente no poder, perde-as de uma forma circunstancial. Este fenómeno ocorre quando a capacidade de tolerância dos portugueses atinge o seu limite, gradiente que pode atingir o seu máximo em períodos de aproximadamente dez anos, se bem que o controlo da Fazenda Pública tenha sido sempre partilhado alternativamente entre as alternadeiras do Partido Socialista e do Partido Social Democrata. Isto claro, se excluirmos a intrusão do Partido Popular (para comprar submarinos e vender sobreiros ou o Casino de Lisboa) obviamente com o único propósito de sentar o PSD mais confortavelmente na cadeira do poder, antes de José Manuel Barroso fugir para o seu idílico cargo europeu com um manguito ao seu adorado povo.

A oligarquia parte do princípio que meia-dúzia de pessoas controla o país, o que, a acreditar no sentido de responsabilidade dos portugueses que não se dignou a ir votar nas últimas eleições, e que se contabiliza por mais de metade dos eleitores, explica muita coisa.
A demissão do ministro da tutela devido ao caso dos eleitores que não conseguiram votar (tal como acontece nos regimes não democráticos) devido à falha do cartão único, parecia-me uma situação bastante óbvia para mim, mesmo antes de ver a oposição aos saltos em relação ao tema.
Simplesmente, não concebo a noção de "cargos de responsabilidade" se nenhum tipo de responsabilidade puder ser assacada a esse mesmo cargo. Pelos vistos, qualquer um pode ter uma pasta ministerial, se o sentido de responsabilidade não for algo necessário para tal, ou talvez o ministro, que no fundo é uma projecção de todos nós, esteja a imitar o sentido de responsabilidade dos restantes portugueses, como aqueles que demonstraram pouco interesse em votar.

O ministro poderia ter cavado uma trincheira ideológica e ter feito referência à responsabilidade de alguns ministros cavaquistas do PSD, cujo facto das dezenas de escândalos em que estiveram envolvidos nunca ter produzido uma demissão que se visse, mas talvez não fosse de bom tom atacar dessa forma um partido irmão.
No fundo, apesar de ter sido algo "muito grave", não teve porém a gravidade de uma "muitíssimo grave" perda de vidas humanas ou de uma paralisação total do país, por exemplo. Bastou abrir um inquérito, demitir um responsável inferior da pirâmide de comando e futuramente arquivar o caso, que se irá esbater na medida em que a voragem da actualidade se encarregar do o obliterar.


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