Um cavaleiro desloca-se para a Cidade Eterna, a cidade que existirá até ao final dos tempos. Ao passar por uma floresta, o cavalo que carregava a sua bagagem é atacado por um urso.
Enquanto o urso se encontra a devorar o cavalo, Corbiniano (era este o nome do cavaleiro) sente que o espírito divino lhe irá dar a força suficiente para aplacar a fera. Esta, apesar da sua fúria bestial, ajoelha-se a seus pés. Instante que Corbiniano aproveita, para prender o carro que levava a sua bagagem ao urso, prosseguindo a sua viagem em direcção a Roma.
Corbiniano foi o orientador espiritual de muitas pessoas durante a sua juventude no Reino dos Francos, e por ser devoto, deslocou-se a Roma, onde foi ordenado bispo pelo Papa Gregório II.
O Papa envia Corbiniano numa missão à Baviera, para evangelizar as populações germânicas. Estabeleceu o bispado em Freising, cidade a Norte de Munique, onde os bávaros eram liderados por Grimaud, o mordomo franco da Austrásia.
Apesar da nobreza franca se ter inicialmente revoltado. A morte de Grimaud em batalha, fez com Corbiniano voltasse à Baviera para consolidar a sua evangelização.
A implicação do "Urso Corbiniano" é a de que "o Cristianismo amestrou e domesticou a ferocidade do paganismo, criando assim a fundação de uma grande civilização no Ducado da Baviera".
Para um Papa de origem bávara, como Bento XVI, esse simbolismo ressoa mais alto. Tal como o facto do urso ser o animal de carga do Senhor, o que simboliza o peso do cargo papal.
Bento XVI sabe bem as dificuldades que o seu pontificado irá atravessar. Por essa razão, sempre foi conservador, afirmando que a doutrina da Igreja não está sujeita a opinião. Sublinhando que o relativismo, ou seja, "aquilo que é verdade para ti, não o é para mim" é um tipo de argumentação que corroí as fundações da sociedade e dos crentes, uma vez que estes dependem da verdade universal.
Todas os totalitarismos converteram ideologias que dependiam de diferentes pontos de vista, e transformaram-nas em verdades absolutas, contribuindo para o falhanço social.
Todo o anticlericalismo que atravessa a sociedade ocidental, especialmente a europeia, mais laica e progressista, confronta as visões do Vaticano nesse aspecto importante, relativizando tudo. O que me leva a pensar que o fardo do pontificado talvez venha a ser muito pesado.
Numa altura em que o líderes políticos mais bem sucedidos são aqueles que dominam a linguagem, não deixa de ser reconfortante, ou talvez não, que o Papa seja um teólogo conceituado, com várias obras publicadas.
O seu nome pontifico significa "o abençoado", devido ao seu desejo de conduzir os crentes através de um cenário e de um tempo de Guerra e o desejo de regressar às raízes cristãs da Europa.
A Europa, apesar da sua herança cristã, amplamente conferida nas cruzes das bandeiras dos respectivos países, tende, progressiva e progressivamente, a afastar-se desses valores. Estes incluem a adoração a Deus, a fidelidade no Matrimónio, a renúncia à mundanidade e à violência, o perdão pelos pecados e o amor incondicional.
Claro que as sociedades modernas, especialmente as europeias, encaram a Liberdade como um valor acima desses todos. A liberdade de não acreditar, a liberdade de afectos e sentimentos, a liberdade de trair, a liberdade da indulgência e do hedonismo, a liberdade de odiar.
A Liberdade versus a Ordem, os demónios versus os anjos. Vivemos tempos apocalípticos e é com essas escolhas que teremos de viver.
Os valores a que te referes como sendo católicos, aqueles que estamos a abandonar, são universais e anteriores à maioria das religiões hoje existentes (à excepção talvez do hinduismo e taoismo, as mais antigas). Todas as sociedades humanas partilham estes valores mais que não seja no seio do seu grupo. Podem ser guerreiras mas no seio do grupo, não só procuram, como criaram regras e leis para possibilitarem a ordem social harmoniosa...O que me leva a pensar que as religiões já nem para moralizadoras servem...O ser humano passa bem sem elas, vai é ter de reaprender a assumir os seus erros e actos, em vez de os reportar a um Deus ou Destino.
ResponderEliminarEm todas as religiões existem vários pontos em comum. Embora neste caso seja o cristianismo católico, devido ao facto de, na visita do Papa, ninguém ter referido isto.
ResponderEliminarApesar do aspecto moralizador da religião já se encontrar em declínio, devo só acrescentar que Bento XVI escreveu uma encíclica sobre esses valores, daí a referência.