quinta-feira, 10 de junho de 2010

A fealdade de certa comédia

De todos os géneros cinematográficos, aquele que me causa mais asco é a comédia romântica. Talvez seja por tratar os seus espectadores como pessoas idiotas, ao lhes dar um tipo de produto que provoca uma gratificação vulgar.
Outro motivo é que os actores de referência - aqueles nomes grandes a quem era geralmente reconhecida qualidade - se terem afastado do género. Do mesmo modo, os estadistas do antigamente, foram sendo substituídos por actores progressivamente medíocres.
Desta forma, a decadência da nossa comédia romântica progride. O xarope açucarado continua a embriagar os portugueses, embora as sacudidelas da realidade e os seus miasmas venenosos já comecem a desmamar alguns.

Ao estabelecer o paralelo com o facto da nossa sociedade ter perdido uma década inteira numa comédia amantizada com o crédito fácil que lhe hipotecou o futuro, até compreendo as comédias de fraca qualidade, pois são mais atractivas e compensadoras financeiramente. Tal como a comédia que engana os portugueses na distribuição do orçamento pelas corporações que dominam o país.
Só tenho pena da hipoteca que, fatalmente, as gerações futuras irão ter de pagar, ao verem o tempo que foi desperdiçado com essas comédias, agora finitas.
Talvez nessa altura, já poucos tenham vontade de rir.

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