Após as várias interrogações e comentários acerca do discurso presidencial deste 10 de Junho (de 1580) o dia em que se comemora o desaparecimento de Portugal, decidi escrever o que penso sobre a forma como o Presidente da República se referiu à situação do país, qualificando-a de "insustentável", bem como sobre o comportamento de tal figura nos últimos tempos.
Por momentos, pensei que tal contexto se referia novamente ao exemplo da tal "moeda má", adaptado ao empobrecimento da classe política portuguesa. Teoria explicada mais a fundo aqui.
Claro que, na altura em que este dissertou sobre a metáfora monetarista, o referido senhor poder-se-ia ter incluído a ele próprio no rol, embora a sua traição às suas próprias convicções não fosse na altura muito evidente. Tal só se veio a revelar recentemente, na ausência do seu veto à proposta de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Embora esta proposta fosse uma arma de arremesso governamental para desgastar a imagem do Presidente, esta deveria ter merecido mais do que uma simples avaliação estratégica de derrota e consequente evasão por parte deste.
Apesar de ser consensual que a bravata não faz parte da personalidade deste Presidente, toda a sua argumentação cai por terra, quando se pensa que, no fundo, este quer o mínimo incómodo na sua imagem nos próximos meses, quando já todos se esquecerem do caso das escutas de Belém.
Sem perder tempo a referir o óbvio da realidade portuguesa estar afundada no nepotismo, compadrio e do sucesso individual depender da capacidade de financiamento de cada um. Factores que assassinam o mérito, a força de vontade e a alegria dos restantes portugueses. O mais alto magistrado da Nação deveria ter a atitude assertiva de chamar os cidadãos à realidade do seu país e contribuir para dar uma machadada no sistema corporativo. Mas ele próprio faz parte do sistema, por isso as palavras que profere, "leva-as o vento".
Imagem do Funil
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