Partindo do bom princípio que estamos perante uma relíquia da Guerra Fria, que deveria jazer completamente obsoleta nos livros de história, surpreende-me ver a vitalidade deste monstro em forma de aliança, cujo respectivo tratado foi assinado em Washington, a capital do seu maior promotor e mentor, quatro anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.
O sistema de defesa colectiva assenta no apoio de todos os seus membros ao país que sofrer uma agressão externa, funcionando tal como o seu antigo contraponto soviético. A clausula foi invocada pela primeira vez, de uma forma bastante perversa, após os ataques do 11 de Setembro. Os Estados Unidos, suposto país atacado, usaram a referida clausula para iniciar a Guerra ao Terror, um conflito actual em larga escala e do qual não se conhece o beligerante oponente. Desta forma, Portugal combate nesta guerra por imposição. Algo de que os próprios portugueses se esquecem.
Como a definição de terrorismo não é unanimemente aceite, qualquer movimento de rebelião contra as potências ocupantes é designado por "insurgência" e englobado no oponente, mesmo que não seja terrorista por natureza.
A Guerra ao Terror implicou o esforço militar da Aliança numa faixa que vai desde o Magrebe ao Sahel, passando pelo Corno de África, Península Arábica e Mesopotâmia, até ao Hindu Kush e ao Sudeste asiático. Claro que a intensidade da colonização aliada varia conforme o grau de investimento em cada região, desde os protectorados afegão e iraquiano até às presenças menos intensas em outras zonas.
A cimeira que se realizou em Lisboa teve o marco histórico de acabar de vez com a Guerra Fria. As garantias dadas aos russos, os herdeiros do antigo bloco soviético, parecem ter sido suficientes. A Guerra ao Terror consome recursos em demasia para um impasse na relação entre a Aliança e a Rússia.
O presidente Obama, ao distribuir a sua costumeira cordialidade, referiu os apontamentos que tirou para quando os Estados Unidos realizarem a próxima cimeira. A ultima lá realizada foi quando a Aliança bombardeou e derrotou a Sérvia.
Deve ter sido devido ao facto de ter recordado esta semana os episódios de uma série da minha infância, fortemente anti-guerra, chamada Mirai Shōnen Konan, que estou com este estado de espírito, ou então é por não gostar de bajuladores imperialistas.
Imagem da Associated Press aqui
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