segunda-feira, 28 de março de 2011

Hoje acordei mal disposto

Eu sei que os blogues de direita andam todos entesados com o facto dos seus donos poderem chegar ao poder, e que certos jornais e televisões impingem sem pudor uma mensagem sebastianista que eu não desejo comprar.
Mas de facto, porque razão haveria de existir pudor? Se todos sabem qual é a mão que lhes dá de comer. Em relação à bloga, moderem os vossos ataques pessoais. Discutam ideias em vez de agredirem os olhos e a inteligência das pessoas que passam pelas vossas lixeiras. Tanta contaminação mete medo.
O ataque mais cobarde é feito a Paul Krugman. Economista norte-americano que na opinião dessa gente, se trata simplesmente de um "adivinho" que nunca deveria ter recebido o prémio Nobel. O objectivo é atacarem, por interposta pessoa, o suposto sustentáculo ideológico do partido do governo.
Krugman é Neo-Keynesiano, e eis o que escreve acerca do ataque que o próprio Keynes havia sofrido às mãos dos conservadores:
«A hostilidade maior a Keynes, porém, sempre partiu da direita. Porque será que os conservadores detestam a economia keynesiana? Em parte porque não gostam de Keynes, o homem - esteta, homossexual e membro do temível grupo de Bloomsbury»

O grupo de Bloomsbury era um grupo de intelectuais londrinos da primeira metade do século vinte, entre os quais se encontravam os escritores Virginia Wolf, Edward Forster e o próprio John Maynard Keynes, e que tinham ideias e atitudes modernistas em relação a temas como o pacifismo e a sexualidade.
Mais adiante, Krugman aponta o facto da direita intelectual ter conseguido encontrar argumentos para criticar a esquerda intelectual durante um certo tempo:
«Falando agora com mais seriedade, os conservadores não gostam de Keynes porque ele parece justificar na sua teoria, uma ampliação do papel do Estado. A teoria de Keynes sobre a recessão vê esta como uma situação em que os mercados privados estão metidos num emaranhado que a acção estatal pode ajudar a desembaraçar. Ele próprio não era socialista, muito menos a maioria dos seus seguidores; para eles, essas ideias eram uma maneira de fazer o capitalismo funcionar melhor, não uma razão para substitui-lo. Contudo, os conservadores sempre encararam a economia keynesiana como a ponta de lança de uma teoria que permite a intrusão total do Estado no mercado, e têm procurado alternativas e formas de refutar o keynesianismo.»
Paul Krugman, “Peddling prosperity: economic sense and nonsense in the age of diminished expectation”, 1994.

Aqui d'el Rei! Que o Estado está gordo, e é necessário privatizar para que muitas negociatas sejam feitas para os seus apaniguados. Alguém que faça o favor de limpar a saliva nos cantos da boca a essa gente. E uma vacina contra a raiva também não era mal pensado!

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