Ontem, ao ler um texto do MEC (esse escritor tão sobrevalorizado da nossa praça), não pude deixar de pensar que nunca devo ter utilizado a palavra "perfídia" (e que palavra tão bela é) em nenhum texto. Como gostaria eu de ter utilizado a palavra "perfídia", embora nunca tivesse conseguido encontrar maneira de a entalar em nenhuma prosa de autoria. Houvesse maneira da palavra "perfídia", tão bela entre as demais, caber em tal pedaço de retórica, e estaria muito mais desinquietado sobre o facto de a ter de explicar.
Vamos ao que interessa - a cobra egípcia. O meu conhecimento das serpentes do Norte de África (ver aqui a bela prosa deste escriba sobre o assunto) é limitado à víbora de cornos (Cerastes cerastes). Esta não deve ser confundida com a víbora do deserto (Macrovipera deserti), uma áspide de tromba achatada que vive na Líbia, na Tunísia, possivelmente na Argélia, e que, conjuntamente com os americanos, deve ser a responsável por toda a sublevação a que temos assistido nos últimos tempos.
Ainda me lembro, porque não foi há muito tempo, de ler sobre o desinteresse dos media nacionais no problema da Tunísia, quando este começou. De facto, o Egipto chamou a si todas as atenções. Na minha opinião, pela particular característica da sua serpente nacional não ser uma víbora (apesar delas habitarem por lá) mas uma naja, e qualquer pessoa que saiba um pouco sobre o Hinduísmo tem a noção de que se trata de um animal superior, quiçá tocado pelos deuses. Serpentes estas, que ocorrem numa faixa que se estende desde Marrocos a ocidente, até ao Iémen e Omã a oriente, e que não conhecem nenhuma fronteira pelo meio. Chamam os doutos a isto de "efeito de contágio". Mas no fundo, o que sabem eles disto?
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