quinta-feira, 12 de maio de 2011

Juno e a Nuvem

Para se perceber a sátira, deve-se entender primeiro o alvo da mesma. Tal implica um certo nível de compreensão para a contextualizar, o que faz com que nem todas as pessoas a percebam. Não a percebendo, encontram deste modo uma barreira para a conseguirem apreciar, ou então tomam a nuvem por Juno. Não o filme da miúda grávida, mas a mulher de Júpiter.
Apesar do meu encontro imediato com os Homens da Luta não ter corrido bem, queria que eles progredissem naquele sarau da União Europeia de Radiodifusão. Nem que fosse para irritar o lobby que infesta o mercado artístico português, que corta as pernas à ascensão de sangue novo e que tanto se indigna com eles.
Sendo um purista, gostava que essa rábula nunca tivesse saído do "Vai Tudo Abaixo". O facto de se ter generalizado, fez com que se tornassem conhecidos dessas mesmas pessoas que têm a falta de compreensão necessária para apreciar a sátira.
Claro que os jornalistas, que supostamente são pessoas informadas, devem achar algo complicado destrinçar entre a pessoa Nuno, a persona Jel e o personagem Neto. Mas quem está habituado a esta coisa dos avatares, sabe distinguir essas diferentes construções da alma artística.

O recente "O Último A Sair" enveredou pelo mesmo género. O humor em Portugal atingiu um estado de decadência tal, que se torna necessário um aviso a indicar a existência do mesmo, ou então, um Fernando Mendes a vomitar piadas desconexas, de preferência acompanhado por outro gordo, como o Malato, para que o público se aperceba de que algo está a acontecer com o intuito de o fazer rir.
Apesar de não serem assim tão óbvios como os Homens da Luta (que na minha opinião, nem sequer eram a rábula mais engraçada do "Vai Tudo Abaixo") "O Último A Sair" já revela um apreciável culto, como é natural de produtos feitos para audiências mais restritas. O facto de estar naquele horário e naquele canal televisivo pode fazer mais pelo humor português do que as dezenas de pseudo stand-up comediants que foram surgindo nos últimos anos. Fornada na qual se incluía o Bruno Nogueira. A série de programas que ele gravou com o saudoso Raul Solnado foram quase como uma passagem de testemunho do humor a sério em Portugal. Que do humor a brincar já estamos conversados.

Adenda: No momento em que escrevia esta posta, o serviço do Blogger decidiu ir para manutenção e ficar read only durante vinte e quatro horas até um grupo de macacos ter conseguido resolver a instabilidade do sistema. Brincadeiras.

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