Gostei muito do desenvolvimento e conclusão da novela Nobre. Claro que Hahaha se trata de um filme sul-coreano do ano passado, mas bem poderia ser um filme acerca do hipócrita oportunista que queria ser a segunda figura do Estado.
O título de "Chefe dos Eleitos do Povo" seria bastante adequado à sua vaidade, mas não houve uma consulta aos deputados nesta negociata pré-eleitoral, e uma vez que estes são conhecedores do manifesto desprezo que a referida criatura tem por eles, resolveram não lhe fazer a vontade.
Apesar de eu ter alguma dificuldade em reconhecer expressões alheias, consegui reconhecer as expressões de incómodo, azia e cinismo; e por fim, de abandono a que os seus próprios correlegionários o votaram. A tudo isto eu assisti em Nobre, sem nenhum sentimento especial de satisfação. Mais de pena, por aquilo que se costuma definir como miséria humana.
O facto do posto ser entregue a Assunção Esteves, que é um ser humano do sexo feminino, é um avanço muito significativo; um breakthrough, como poderiam dizer os estrangeiros, caso estes se sentassem no parlamento português. Se isto se generaliza, ainda vemos o deputado Luís Montenegro a utilizar expressões como: laste bat note da leaste, só para mostrar; com aquela arrogância típica dos laranjinhas, que é mais in por falar na língua saxónica.
Falar inglês na casa da República Portuguesa deve estar no memorando da troika e deve ter sido uma alínea que eu não consultei. De qualquer modo, se a desenvoltura dos deputados com o português for semelhante à do governo; como Miguel Relvas fez questão de demonstrar, ao utilizar a expressão "Presidenta" (que apesar de existir, deve ser evitada) então o melhor mesmo é que se exprimam em inglês, que assim a troika até os percebe melhor.
A filosofia cristã de Maria poderá ajuda-la a conseguir gerir aquele lupanar. Assim de repente, lembro-me da caridade, que se deve ter para se conseguir gostar de criaturas tão nojentas como as deputais; da fé, para acreditar que aquela gente é capaz de produzir algo, especialmente no interesse do país; e por último, da esperança. A esperança obamiana no futuro, em vez do desespero ou do cinismo, que qualquer pessoa, a partir de uma certa idade, e que não viva hipnotizada pelos media, usa como método de sobrevivência.
Como nota final, e ao contrário do que a propaganda direitista tem afirmado - para além do downplay que tentam fazer disto, devido ao embaraço evidente - uma parte significativa dos portugueses não ignorou esta novela da eleição do Presidente da AR, que ocupou o maior espaço mediático e de discussão desde que eu me lembre. Mas a Maria merece este protagonismo, com toda a justiça.
Sem comentários:
Enviar um comentário