O problema aqui com o Soares dos Santos é devido às lições de moral que a referida pessoa andou a pregar em programas como o Negócios da Semana ou o Plano Inclinado, em que fazia o apelo à emoção de forma demagógica, de que nunca iria abandonar o país dele porque tinha nascido cá, e o pai e o avô também, enquanto estendia uma passadeira para que Passos Coelho se tornasse Primeiro-ministro.
Obviamente que não critica Passos Coelho, porque este arranjou-lhe uma alínea no Orçamento de Estado, em conluio com a bancada PS, que lhe permitiu meter as mais valias na Holanda, sendo desta forma que o grupo financeiro ganha dinheiro, e não com os lucros da sua actividade em Portugal. Para especuladores financeiros que, repito, dão um ar de moralistas e são no fundo uns rematados hipócritas, essas são as migalhas que estão dispostos a oferecer ao Estado português.
Já aqui escrevi acerca de hipócritas, aquando do fenómeno da ave de arribação Fernando Nobre. A única diferença entre o hipócrita Soares dos Santos e o hipócrita Fernando Nobre é que o primeiro fez um favor aos políticos do PSD, e o segundo queria que os políticos do PSD lhe fizessem um favor.
Claro que a Caixa Geral de Depósitos fugir para as Ilhas Caimão é mais grave. Mas com um conselho de administração controlado por tubarões da alta finança como Nogueira de Leite (PSD), Agostinho de Matos (colega do ministro das finanças), Nuno Fernandes Thomaz (CDS, banca de investimento), Pedro Rebelo de Sousa (irmão do Marcelo) e Rui Machete (envolvido no escândalo BPN até ao pescoço), não se pode pedir que a Caixa tenha o interesse nacional em conta, quando essas pessoas foram lá postas com o objectivo contrário. Não é ético, mas é da sua natureza.
Quem estuda economia sabe que o Estado dispõe de três mecanismos políticos que são fundamentais para gerir as finanças e influenciar e dinamizar o crescimento económico: a política monetária, a orçamental e a fiscal. Ora, a política monetária em Portugal não existe porque o nosso dinheiro é imprimido em Frankfurt e as taxas de juro são fixadas pelo BCE. A política orçamental é ditada pela troika, e a política fiscal, devido à alínea anteriormente referida no orçamento da troika, permitiu que os grandes grupos empresariais que mandam no governo pudessem encontrar ambientes mais paradisíacos, mesmo que sejam na Holanda.
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