terça-feira, 23 de abril de 2013

A azia como modo de vida

O semblante feminino retrata os instantes finais de uma das três derrotas que o Sporting sofreu frente ao Rio Ave esta temporada, e espelha bem a angústia de duas equipas que não estarão na Liga dos Campeões na próxima época. Talvez tenha sido um dos jogos onde o guarda-redes Rui Patrício esteve na área adversária a tentar o golo do empate, perante as gargalhadas de quem aqui escreve, uma vez que a Schadenfreude é uma das formas onde o meu humor encontra o sentido.
Com isto pretendo demonstrar que as desculpas em forma de grande penalidade que a lagartagem foi pródiga em desencantar, no recente derby com o Benfica, são um tipo de conforto emocional que lhes permite enganarem-se a si próprios. Uma vez que a realidade é sempre mais difícil de encarar, especialmente se for angustiante.
O Sporting vinha embalado pela melhor série da época, três vitórias tangenciais. Uma delas frente a um treinador "adversário" que é ao mesmo tempo dirigente do Sporting, mas que é "profissional" e até vaticinou a vitória da equipa do Lumiar sobre o Benfica, antes da equipa que treina ter perdido em casa com o Porto.
O anti-benfiquismo surge quando os adeptos rivais deixam de ter argumentação e se dedicam simplesmente a ser contra o Benfica. O facto de serem contra o Benfica é a razão da sua existência. Nada mais interessa. Eles pouco se importam se o Sporting ou o Porto perdem, desde que não seja contra o Benfica. A falácia argumentativa que sustenta o anti-benfiquismo chama-se argumentum ad odium e como se percebe, não só é intelectualmente desonesta como é imatura e mesquinha.

Não gosto da manipulação nem que me atirem areia para os olhos. O Benfica jogou com uma equipa que está a quase quarenta pontos abaixo e que até entrou afoita, mas percebeu-se rapidamente que no instante em que o Benfica forçou o portão, aquilo rebentou e foi golo. O Sporting rebentou, juntamente com o Eric Dier e o Miguel Lopes, porque não tem ritmo suficiente para aguentar o momento em que o Benfica carrega no acelerador. Tal como a vitória moral que o Benfica teve no empate frente ao Barcelona, é fácil de perceber que se o Barcelona tivesse aumentado o ritmo teria ganho sem dificuldade esse jogo.
O lateral-direito do "Barcelona C", como foi apelidado pelos anti-benfiquistas, numa tentativa de menorizarem o jogo do Benfica, chama-se Martín Montoya e é melhor do que o Eric Dier, o Miguel Lopes e o titular-lesionado Cédric juntos. Trata-se de uma questão de escala e dos sportinguistas admitirem a mediocridade da sua própria equipa. O lateral-direito do Benfica, de seu nome Maximiliano, é somente semifinalista do Mundial e vencedor da Copa América, embora os sportinguistas não gostem dele porque defende muito em cima e não estende uma passerelle como os defesas do Sporting costumam fazer. Aqui já é mais uma questão de estilo.
Poderia ainda referir o segundo golo, mas não existem imagens deste, uma vez que a empresa do magnata Joaquim Oliveira mandou remover o vídeo do Youtube, não fosse o pintinho ficar com azia. Embora sempre se possa perguntar ao Rinaudo e ao André Martins, que ainda devem estar no estádio à procura do Gaitán.

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