quinta-feira, 25 de abril de 2013

Um Abril que soa a marcha fúnebre

Trinta e nove anos de oligarquia com sabor a participação eleitoral, numa sociedade governada por bancários e magnatas, que pende à esquerda mas que elegeu um presidente, um governo e uma maioria de direita. Uma direita revanchista que esperou pacientemente uma oportunidade de se vingar e de acertar contas com Abril, uma vez que domina a forma como os portugueses pensam devido a um criterioso esquema de lavagem cerebral. A discussão política, segundo a opinião das gerações mais velhas, foi uma moda dos anos setenta. Actualmente só a bola se discute com a mesma intensidade porque o homem-público criou um fosso entre ele e a ralé, para evitar a discussão e permitir que toda a análise política seja essencialmente demagógica.

Este marasmo desenvolve-se numa sociedade infantilizada e acrítica, porque quem está no topo não quer cidadãos que pensem. Porque se pensarem, chegam facilmente à conclusão que poderiam perfeitamente não estar sujeitos à miséria de vida que têm. Essa consciência levaria a que cidadãos com C grande se revoltassem, e ninguém quer que a Revolução se faça, porque isso vai contra os "interesses" dos nababos que se encontram acomodados no alto do seu pedestal. Só numa sociedade infantilizada e acrítica é que mitos como o de "ter vivido acima das nossas possibilidades, "ter que pagar a dívida", ou o de que "gerir um País é como gerir uma casa" encontram razão de ser. A eutanásia da sociedade está em curso já desde há algum tempo.

O dia feriado deveria ser a 7 de Abril (de 2011), o dia em que a Troika aterrou na Portela. O regime de 25 de Abril (de 1974) já não existe desde o édito Aprilis Finitum e do momento em que a "República Portuguesa" passou de ser uma nação agiota a um protectorado do FMI. A agiotagem é essencialmente contra os valores de '74 uma vez que não respeita o indivíduo ou a Liberdade. A agiotagem pretende a escravidão do indivíduo através da escravidão de toda uma sociedade. O sequestro de uma geração e de décadas de vida do povo português, cujo sangue e suor irão alimentar a ganância voraz do sistema financeiro mundial, e onde Abril (de '74) é apenas uma gargalhada nos corredores de um arranha-céus nova-iorquino.

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