Durante o estado vegetativo da minha hibernação blogosférica, ainda tentei fazer vários arranques por pura convicção de consciência. No entanto, a minha já afamada tendência para a procrastinação tomava sempre a melhor. Não porque eu quisesse que esta ganhasse ao meu descargo de consciência, mas sim por não saber como estava a minha alma. Quando não há vibração anímica, o espírito não flui. Não se podem travar batalhas quando o kata é imperfeito.
As estações passaram como vento e a rede Zuckerberg foi suficiente para os textos que no entretanto produzi sobre a espuma dos dias. Quando se começa a blogar, parece que tudo o que escrevemos é um tratado filosófico. Passado algum tempo, a publicação de posts passa a ser um vício. Todos querem escrever o post perfeito e pertencer à fina-flor da blogosfera, que por motivos óbvios é inatingível apenas pelo mérito. Por fim, reduz-se o círculo à meia-dúzia de conhecidos e fica-se grato pelos IP's que se enganaram na busca e vieram aqui parar ao acaso.
Ao fim de seis meses sem uma linha de facto, tempo suficiente para compreender a ansiedade da minha existência, eis que o blogue se renova, tal como a Primavera que nunca mais chega. Um meio-aniversário onde poderia ter escrito sobre as vindimas, o Sandy, a arte da katana, a época natalícia, o falecimento do Nagisa Oshima, a guerra psicológica no Mali ou os meteoritos na Rússia. Ainda vamos a tempo.
Imagem: "Animal Regulation Series" por Liu Di
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