domingo, 2 de dezembro de 2012

Resurrección: Ultima Etapa

As almas ocas e sem coração
vagueiam num deserto ermo e árido
em direcção ao palácio das noites
sob uma lua crescente, solitária,
de um céu negro e sem esperança.

Aos poucos, redefinindo o meu ser.
Sem medo, desânimo ou apatia.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A Última República

Da esquerda para a direita:
Pedro Santana Lopes, João Mota Amaral, Manuel Dias Loureiro,
Miguel Relvas, José Luís Arnaut e José Matos Correia

A República é uma forma de governo em que o país é considerado "coisa pública" e não o negócio privado ou propriedade dos governantes. Ninguém está acima da Lei e os cargos do Estado não são distribuídos devido a relações de poder familiar ou corporativo.
Durante a cerimónia oficial do 5 de Outubro, uma mulher interrompe o discurso de Cavaco, e se uma mulher aos gritos causa tanta comoção, então um tiro ou uma detonação causariam o pânico. Digo eu, que gosto de pensar em termos estratégicos.

"...de acordo com os códigos militares, a bandeira ao contrário significa que o local está tomado pelo inimigo."

Imagem: Daniel Rocha

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Delicatessen


Delicatessen é uma comédia negra francesa dos anos noventa acerca de um talhante que atrai pessoas para a sua loja através de ofertas de trabalho, para então aí as matar e vender a carne aos seus clientes. Vem isto a propósito da mediatização de Adriana Xavier, a rapariga que abraçou um polícia durante a manifestação de 15 de Setembro e que teve esse momento fotografado, publicado, partilhado e comentado até à exaustão, tornando-se o ícone desse dia.
Com a voragem a que os media nos habituaram, Adriana apareceu em televisões e jornais, culminando a sua ascensão mediática, por enquanto, nas fotos de glamour que tirou para a revista VIP, ou como dizia um amigo meu: "ela manifestou-se e conseguiu uma oportunidade de trabalho" naquilo que era um dos objectivos iniciais do protesto, para lá das reivindicações justas de querer lixar a Troika e do regresso das vidas aos seus legítimos proprietários.
Isto não é uma sociedade. Isto é o consumo de corpos de uma forma dir-se-ia quase vampiresca. Quem pensou que isto era um texto sobre política deve-se ter enganado, uma vez que de facto isto é um texto sobre culinária.

A Direita dos blogues viu no gesto da rapariga uma premeditação oportunista, uma vez que estão habituados à agiotagem dos mercados de capitais e aos esquemas de pirâmide, onde cada um tenta intrujar o próximo e o trust negocial e as "acções" desinteressadas simplesmente não existem. A Direita que defende a barricada da situação, por razões mesquinhas que não interessa estar aqui a elaborar, tem todo o interesse em amesquinhar este fenómeno mediático.
A Esquerda por seu lado, comoveu-se com a beleza do gesto, como prova inequívoca da esperança que nunca perdeu na humanidade, de como a oposição pode ser feita com elegância e de como a revolução pode ser feita com flores, um fetiche que nunca a abandonou e que se encontra fortemente inspirado no imaginário das manifestações anti-Vietname dos anos sessenta.
No meio disto tudo está Adriana, a mulher, a desempregada. A realidade nem sempre soa tão tão bem como nós gostaríamos, mesmo que seja tão bonita como o coração humano. Aliás, para um talhante, um coração é algo que está somente à distância de um cutelo.

Imagem: José Manuel Ribeiro/REUTERS

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O memorando é um "programa"


Ao contrário da propaganda nazi ou soviética, a propaganda do mundo ocidental é feita de forma mais esotérica, com várias programações, para que o programado não perceba que está a ser manipulado e para lhe dar a ilusão de liberdade.
Para fazer isso é necessário que o programado sinta que tem algum peso na sociedade e de artistas que o distraiam, como as vedetas televisivas de entretenimento. Nunca deve faltar financiamento para a propaganda.
Você até pode pensar que é imune à manipulação que a televisão lhe tenta fazer, mas não é. Por muita convicção que você tenha em determinado assunto, os manipuladores sabem que os clicks que lhe devem fazer no cérebro, para que você se oriente de uma determinada maneira, são os mesmos que para qualquer outra pessoa. O ser humano é baseado em emoções e essas são facilmente controladas pelos manipuladores, de forma mais básica ou mais ou menos sofisticada.

A ilusão do hipnotismo dos media baseia-se no facto do indivíduo se encontrar alheio à sua própria manipulação, e mesmo que tenha consciência dela, nada poder fazer para a evitar. Aqui não vale a pena pensar que existe um botão de desligar, por exemplo a televisão, porque a manipulação está por todo o lado e essa ilusão do controlo através do botão faz parte da manipulação em primeiro lugar.