Um homem novo precisa-se. Desde os anos 70 que este dia é dedicado à tomada de consciência do ambiente terrestre. Actualmente, com a ligação em rede entre os humanos através da Internet, a tomada de consciência parece operar-se a nível global.
Este dia é similar ao do Ambiente cuja cimeira anual vai ter lugar no Ruanda, sob o lema irónico de "Muitas Espécies, Um Planeta, Um Futuro".
A deusa Gaia dos gregos antigos, representava a Terra Mater, a personificação da natureza selvagem, enquanto que a deusa Deméter era a personificação da natureza domesticada pelo homem.
Nos anos 70, o ecologista James Lovelock baptizou a sua hipótese ecológica com o nome de Gaia. Considerando a Terra como um organismo vivo, uma vez que a biosfera é moldada por um sistema dinâmico e auto-regulador, que a mantém em condições estáveis para a vida. Inicialmente ridicularizado, tem sido reabilitado recentemente. Na sua opinião, já é tarde para reparar os danos ao planeta.
A humanidade já esteve à beira da extinção, ficando reduzida entre os 3000 a 10000 indivíduos, à cerca de 70 mil anos atrás, quando se deu a erupção do vulcão Toba, na ilha de Sumatra. Esta erupção mergulhou a Terra num inverno vulcânico durante uma década.
O evento Heinrich, um ciclo de alterações climáticas que engloba a alteração das calotas polares e consequente modificação das correntes oceânicas pode ter contribuído para a extinção do Homem de Neanderthal, à cerca de 30 mil anos. Em virtude do seu regime alimentar específico, o Neanderthal não se conseguiu adaptar às mudanças ambientais do fim da era glacial.
A extinção fez parte do destino das espécies mais vezes do que pensamos. Claro que já estamos longe da guerra fria e da "Mutual Assured Destruction", mas o equilíbrio periclitante em que a espécie humana se mantém, não difere muito desde essa altura.
A guerra hoje em dia é feita de forma diferente. Na cimeira de Copenhaga, as nações da Terra reconheceram que o aquecimento global é inequívoco, estabelecendo assim, uma taxa de emissão de dióxido de carbono. Instrumento este, que permite controlar estados soberanos com menor poder económico e militar, perpetuando desta forma o sistema que nos levou a esta situação.
Dependemos em grande medida, da tecnologia, sobre a qual nos sentamos e pensamos que somos invencíveis. A própria ideia de colonização climática advém da transferência de energias renováveis para os países em desenvolvimento. Embora a ideia de invencibilidade tenha vindo recentemente a perder força, devido ao impacto das catástrofes naturais que se repetem a um ritmo cada vez mais frequente (o "ano dos furacões" de 2005 e o tsunami do Índico de 2006) quase todos os seres humanos estão programados para não pensar muito no assunto.
A recente erupção do Eyjafjallajökull (que no fundo, não é assim tão difícil de pronunciar) é sintomática disso mesmo, com os passageiros aéreos sem a mínima capacidade de improviso para lidar com um evento natural.
Tal como o Neanderthal era dependente da caça de animais de grande porte, os humanos actuais são dependentes da tecnologia. Paradoxalmente, os povos mais preparados para sobreviver ao desastre anunciado, serão aqueles cujo modo de vida não necessitar de grandes modificações face à penúria de recursos. Talvez seja esta a grande ironia que o nosso planeta nos reserva.
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