"Existem pessoas que já estão dobradas há tanto tempo, que até acreditam que estão direitas!"
Alegoria reptiliana
O navio está ao largo. Ela consegue vê-lo das dunas, mas a situação é crítica. Os escolhos e os destroços de antigos navios afundados não facilitam a navegação. Mas, esperem! Ninguém está ao leme. Parece desgovernado esse navio!
Em frente da nave, desenha-se um redemoinho. Se é de origem natural ou um ralo produzido pelo homem, é difícil de definir. Embora o redemoinho seja de um tal tamanho descomunal, como que nunca visto anteriormente. Ignorado, devido ao estreitamento de vistas das pessoas. Este navio encaminha-se para o vórtice para abraçar a sua perdição.
Se os seus ocupantes sobreviverem à descida ao abismo, e alguns até tentam manter a cabeça à tona para respirar, irão ver um mundo diferente. Mais pacífico e sereno. Calmo como um túmulo.
Os escravos, esses... já foram borda fora! Alguns em direcção ao vórtice. Outros, caçados por tubarões que lhes dilaceram os membros e vorazmente deles se alimentam.
Ela emociona-se, e desdiz da sua própria impotência, sem no entanto considerar que eles, de facto, escolheram o seu próprio destino...
...e que no fundo, o seu povo confia nela.
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