No Jornal das 9 da SIC Notícias, o populista e demagogo Luís Filipe Menezes contrapôs habilmente a opinião de Helena Roseta, quando esta denunciava a actividade de alguns sectores mais conservadores da sociedade norte-americana na manipulação da opinião pública. Esse iluminado descreveu essa mesma sociedade como sendo "muito aberta", devido ao facto de "ter eleito um presidente negro". Algo que, pasme-se "seria impensável na Europa... uma república europeia, eleger um presidente negro".
Esta táctica costuma ser bastante utilizada pelos demagogos. Comparam-se realidades diferentes e em seguida extrapola-se uma conclusão falaciosa, para dar mais força à argumentação dúbia que se apresenta.
Comecemos então pelo início. Desprezando as monarquias constitucionais da Bélgica, Espanha, Dinamarca, Países Baixos e Suécia, as repúblicas europeias onde habitam negros são: França, provavelmente cerca de 1.500.000 indivíduos (2,29% da população), a Itália 750.000 (1,25%), a Alemanha 500.000 (0,6%), Portugal 150.000 (1,4%) e a Irlanda 45.700 (1,1%). Nos restantes países o valor é ainda mais residual.
Comparando esta realidade com os Estados Unidos, onde residiam há uma década atrás, data do último censo, cerca de 36.600.000 indivíduos (12,3% da população) facilmente percebemos que a verdadeira razão nada tem a ver com a propalada abertura da sociedade ou da falta desta.
Imagem do Público
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