A praga dos incêndios florestais está de volta. O problema já foi amplamente estudado e as suas soluções são públicas e conhecidas, embora os responsáveis governativos continuem a assobiar para o lado enquanto esta calamidade acontece de forma periódica.
Existe uma falta de política florestal. Nenhum governo, desde que eu me lembre, conseguiu responder à pergunta: O que é que nós queremos para a nossa floresta?
Sem a definição de uma política concreta, restam as empresas de celulose, que podem plantar as suas monoculturas livremente e o absentismo dos muitos proprietários rurais, entre os quais está o próprio Estado.
A composição da floresta portuguesa é o factor que mais influência os incêndios que nela ocorrem. Segundo dados de 2001, cerca de metade é constituída por Pinheiro-bravo (Pinus pinaster) com 29,1%, e por eucaliptos, nomedamente o E. globulus, com 20,1%. Estas árvores são utilizadas pela indústria do papel e da celulose devido ao facto de apresentarem um crescimento rápido em relação às outras espécies.
As árvores que faziam parte da floresta autóctone, como os carvalhos (Quercus spp.) ou o Castanheiro (Castanea sativa) perdem cada vez mais a sua importância, em virtude da ganância das empresas de celulose, cujos administradores vão "saltando" entre os concelhos de administração dessas mesmas empresas e os cargos de secretário de Estado e de director geral das Florestas, no Ministério da Agricultura.
Como da parte dos responsáveis pela Agricultura não existe o mínimo interesse em resolver este problema, resta aos ministros da Administração Interna (actualmente Rui Pereira, e anteriormente António Costa) enfatizarem a miríade de meios aéreos e terrestres (adquiridos por um Estado endividado) à disposição e aparecerem com uma cara muito consternada nos funerais de bombeiros que se irão realizar por esse país fora.
* como vem referido aqui: "O titular da pasta da Administração Interna insistiu ainda para que os portugueses tenham comportamentos correctos, nomeadamente no próximo fim de semana, altura em que são previsíveis altas temperaturas e centenas de festas e romarias por todo o país."
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