sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Astro qualquer coisa

O grande problema ou limitação da análise científica é o seu endeusamento de factos e de conceitos, e a colocação num altar do método científico, que, apesar da sua inquestionável objectividade e eficácia cognitiva, apresenta limitações no caso do objecto de estudo não se coadunar com uma simples abordagem cartesiana.
Para explicar determinados fenómenos é necessário uma visão de conjunto, uma abordagem mais holística, digamos assim, em vez da cegueira que as especializações trazem.
Nas próximas linhas, vou tentar demonstrar a imbecilidade da redefinição do horóscopo por parte dos astrónomos do Minnesota, e a parvoíce da excitação jornalista e de comentários do tipo "Se o meu signo afinal é X, o que é que eu hei-de fazer à minha tatuagem de Y" ou outros parecidos, primeiro apresentando os ciclos que influenciam a alma humana, seguido do porquê das coisas serem como são.

O Zodíaco é uma herança babilónica. Eles acreditavam que a altura do ano em que uma pessoa nascia, e a maneira como o céu estava disposto, iria influenciar o espírito desses indivíduos ao longo da vida. O ano era dividido segundo os espíritos elementais. Por exemplo, o Sol primordial de Carneiro rasga os céus durante a Primavera (Abril) para despertar a terra taurina (Maio) que se levanta obstinada após as agruras do Inverno. O Leão representa o Sol a irradiar o seu fogo em grande intensidade (Agosto) no Verão do Hemisfério Norte, para as sementeiras serem colhidas em Virgem, ou senhora da Espiga (Setembro) e assim sucessivamente.
Os astrónomos antigos marcavam o tempo vendo o percurso aparente que o Sol fazia na eclíptica. É de notar que provavelmente já se saberia que o movimento do Sol era aparente, apesar desse conhecimento ser desprezado depois pela cosmologia ptolemaica.

A maior parte das pessoas não consegue identificar a sua própria constelação zodiacal no céu nocturno. Eu não tenho muita sorte em relação à minha, pois ela praticamente não se vê.
Contudo, hoje em dia dispomos de maneiras de saber em que altura do ano nos encontramos, sem precisar de olhar para o céu, embora haja sempre quem não saiba a quantas ande.
Aquilo com que os babilónios não contaram, quando descreveram o sistema astrológico há cerca de três mil anos, era com a precessão do eixo da terra, um movimento que demora cerca de 26 mil anos a completar-se. Naturalmente, o Ponto Vernal, que marca a entrada da Primavera e que há três mil anos se situava em Carneiro, porque foi aí que os babilónios situaram essa constelação para se orientarem, hoje em dia encontra-se na constelação de Peixes. Mas basta pensar que um indivíduo que nasça actualmente em Abril, leva com a mesma quantidade de radiação solar na glândula pineal do que um indivíduo que tenha nascido no mesmo dia há três mil anos.

De referir como nota final, que as constelações não têm todas o mesmo tamanho e que existe mesmo uma não zodiacal, chamada Serpentário (Ophiucus) que, desgraça das desgraças, se manda para cima da eclíptica. Mas tal deve ter sido devido ao facto de em 1930, o belga que lhes traçou os limites não ter tido um esquadro melhor à mão.

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