quarta-feira, 3 de julho de 2013

Portas abertas

Isto é como ir ao teatro, só que é com a vida dos portugueses. A corrente legislatura é composta por pessoas peritas em tudo o que seja sacudir a água do capote, espetar facas nas costas uns dos outros, dissimular, ludibriar, enganar e manipular. Um jovial bando de embusteiros presididos por aquele-a-quem-não-se-pode-insultar. Tal como um ninho de ratos ao qual é difícil fazer com que morram, por mais veneno que se lhes deite, estes espertos são hábeis em roer a corda e abandonar o navio, pensando só na sua sobrevivência pessoal. A Mãe Natureza tem sempre razão.
Paulo Portas is too sexy for his sentido de Estado. A sua característica mais mortífera é o seu timing e a imprevisibilidade deste, que advém do fascínio que tinha pelo jogo político quando ainda falava com o sotaque de Cascais e o jornal O Independente fazia a vida negra a Cavaco algures nos anos noventa. O cinismo de Portas foi sendo sempre menosprezado enquanto Relvas fez parte do governo e o biberão de ser ministro dos "negócios" estrangeiros contentava Portas nas negociatas com os chineses e os latino-americanos. Relvas saiu há menos de três meses. Desde então a ira da populaça virou-se para o ministro Vítor Gaspar, tendo o demagogo-mor afinado ligeiramente a sua estratégia com o desfecho que hoje se conhece.

Por altura da última campanha eleitoral, corria o rumor entre os militantes do PSD que Paulo Portas e Passos Coelho já tinham tudo acertado para formarem governo, e que só não se tinham apresentado juntos a eleições para não alienarem parte do eleitorado. Especialmente os idiotas úteis cujo voto pendula entre o PS e o PSD conforme a propaganda das televisões. Possivelmente, Portas estará já a pensar num acordo semelhante com Seguro, uma vez que esta união já foi abençoada por Balsemão na reunião do Bild. Seguro, tal como Passos, faz aquilo que lhe mandam e Portas estará lá apenas para assegurar que o artificialismo da vontade popular agrade aos mercados financeiros. Isto se não pensar em nada melhor entretanto.
O jogo de Portas de passar entre os intervalos da chuva e a pantomina de estar na oposição e no governo ao mesmo tempo podem, por exemplo, ter incomodado Vítor Gaspar; tendo este frisado o "enorme" no aumento dos impostos, ou Passos, ao referir-se a ele como o número três do governo. Mas estas rabecadas apenas fizeram Portas sorrir. Não havia disciplina ou imposição de respeito nas palavras ou acções de Passos Coelho, até porque a hipocrisia deste era bem visivel no seu sorriso amarelo, e Portas conhece esses sinais como ninguém.

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