sábado, 26 de fevereiro de 2011

Rasgar

Ai Shinozaki, Gravure Idol

Verbo transitivo: Romper, lacerar, abrir rasgão. Golpear, ferir. Praticar (uma abertura). Abrir fenda ou buraco em. Sulcar. Traçar, desobstruir, dar acesso. Dissipar. Arrancar, separar. Alargar, espaçar.
Figurativo: Alancear, compungir. Agravar, avivar. Desfazer, rescindir. Cavar, lavrar.

in Priberam

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tempos de angústia

José Afonso (1929 - 1987)

Faz hoje vinte e quatro anos que desapareceu José Afonso. A resistência das suas quadras continua a fazer sentido hoje, mas o problema é que a sua música se institucionalizou. Todos aqueles que se alvoram de democratas, prestam-lhe tributo no Vinte e Cinco de Abril e apropriam-se da sua música.
Estamos em Fevereiro e talvez não seja de bom tom, porque não estamos em Abril. Em Portugal, as instituições são para celebrar até que fiquem vazias de conteúdo e, pelos vistos, não interessa preservar esta memória. Compete a todos nós libertar as correntes que amarram o Zeca e devolve-lo ao povo.

O ano do Senhor de 1987. Acabados de entrar na então distante Comunidade Económica Europeia, com a Revolução lá longe e a Guerra Fria ao pé. A Líbia de Gaddafi, sempre ele, combatia e perdia uma guerra com o vizinho Chade.
O presidente americano Ronald Reagan é operado à próstata, o que não deixa de ser constrangedor para uma super-potência, depois de ter vendido armas ao inimigo Irão e aos Contras da Nicarágua.
O aviador alemão Mathias Rust provou que o sistema de defesa soviético era de facto uma porcaria, ao aterrar em plena Praça Vermelha. Foi um ano de memória, não sei se boa, se má.

José Afonso - Era um redondo vocábulo

Adenda: 1987 foi também o ano em que o F.C.Porto conquistou a sua primeira Taça dos Campeões Europeus, numa final contra o Bayern. Na altura, eu era ingénuo o suficiente para torcer por eles (por nós). O que vale é que o Zeca "não ia em futebois", embora eu desconfie que ele fosse da Académica de Coimbra.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Lucidez

Vocês perderam porque a vossa defesa é uma porcaria e o vosso ataque é inofensivo. Vós já não tendes alma suficiente para ultrapassar uma tal diferença de poder. Vós viveis na ilusão da vossa suposta grandeza. Vós meteis dó.

"...isto é indigência desportiva"

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Doce Insanidade

Ellen Page

Primeiro caí,
depois senti como se o ar de uma montanha inamovível me entrasse nos pulmões, ao mesmo tempo que me retirava o fôlego. "... As pessoas têm perspectivas diferentes em relação à vida..."
Anuí. Afinal, o que se pode fazer quando às nossas próprias capacidades de persuasão falta uma certeza idealista? E se por outro lado, a loucura de todo o empreendimento é contaminada pela loucura da própria paixão, que é a mesma que causa a destruição do próximo quando é exacerbada, então a derrota de todo esse ânimo é mais do que certa.

Mas essa é a via da necromante. Tal personagem mergulha na escuridão do seu próprio desespero, deixando a agressão do seu adversário a cargo do homem amaldiçoado. O homem amaldiçoado, que já não vive. Mas cuja alma decadente e corpo corrupto foram enfeitiçados pela dita necromante, para que este cumpra os seus desejos.

Mas desgraçado todo aquele que seja apanhado entre as goivas do homem amaldiçoado, semelhantes ao braços de um louva-a-deus (aquela criatura que representa o próprio desespero), pois o seu destino encontra-se imediatamente traçado. Esse é o momento em que floresce a insanidade.
A insanidade é um sentimento negativo mais complexo do que o desespero. É uma porta que vai dar a caminhos que andam em círculo. A angústia de ver que existe sempre um novo truque quando o anterior não resulta. Tal deve-se à mente obsessiva que não pára. Uma mente como a de um cientista louco, de um deus do submundo.

O essencial é relaxar e não nos deixarmos enlouquecer.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Reflexão sobre política, sociedade e afins

A propósito da moção de censura apresentada pelo Bloco de Esquerda, a malta de direita viu nela uma excelente oportunidade para se atirar às canelas da esquerda.
Um comportamento recorrente, devido ao facto de nunca terem sido inoculados com a vacina que o doutor Pasteur inventou em 1885. Aquela que impede os cães de se espumarem.
O Bloco é criticado por estar a faltar ao respeito à democracia e a um dos seus instrumentos (a moção), devido ao facto de apresentar a mesma nos termos em que se conhece. Tal só seria verdade se o nosso sistema fosse democrático. Mas como qualquer pessoa atenta percebe, estamos numa oligarquia.
Na melhor das hipóteses, a jogada táctica do Bloco é idiota, e a argumentação apresentada para a defender não convenceu ninguém. Na perspectiva de serem ultrapassados pelo Partido Comunista, optaram por redefinir a sua agenda. Se votassem contra uma moção comunista, passaria para a opinião pública a ideia de que seriam uma espécie de sidecar do governo, o que seria intolerável.

Ontem, e pela primeira vez, comentei no Arrastão (esse monstro incontornável da blogosfera lusa) a propósito deste post de merda do Sena Martins, devido ao facto de sempre me ter perguntado porque razão um blogue que preza a justiça social e a equidade, albergar pessoas capazes de defenderem uma organização criminosa que pratica a fraude desportiva e económica e que promove o lenocínio e o tráfico de influências, e que qualquer um com acesso ao youtube consegue constatar. Claro que ninguém teve a cortesia de me explicar isso.
Em resumo, se quiserem fazer uma lavagem ao cérebro dos vossos leitores, ao menos sejam mais sofisticados.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tempo de Chuva

Esqueçam o Egipto, ou será que é Egito? Esqueçam o Irão, ou será que é Irã? Welcome to the República Agiota de Portugal - uma oligarquia de onzeneiros que manda em ti, expecto no caso de "ti" ser parte da elite dominante, que te escraviza e que vende os teus ossos ao talhante.
Este texto não contém Deolinda, nem contém Aníbal, mas contém uma raiva por essa elite trans-geracional. Pelos pedaços que são deixados, como migalhas, pelos Filhos-de-uma-Puta que mandam em Portugal. Por aqueles que dizem que a culpa da falta de perspectivas está no acomodamento de pessoas mimadas. Por aqueles que pouco se interessam por quem recebe facadas. Eu seria menos acomodado, eu seria menos mimado, se esses tais me deixassem cortar-lhes a carne com uma faca romba. Nem mais. Como fazem eles. Sem qualquer tipo de vergonha.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ao som das sirenes

Quando o Eyjafjallajökull entrou em erupção há menos de um ano, foi o suficiente para paralisar o espaço aéreo europeu. Mas o facto das cidades do Cairo e de Alexandria entrarem em erupção não parece perturbar a Europa.
A política europeia está preocupada com o problema da dívida soberana dos estados do sul, mesmo que não explique aos seus cidadãos os contornos da guerra entre os dois maiores sistemas monetários ocidentais e o papel de figuras sinistras como o George Soros no meio de tudo isto.
Pelos vistos, o Mahdi está a chegar para redimir os fieis e unir aqueles que antes estavam reunidos sob a mesma bandeira. A guerra civil entre os chefe visigóticos do ocidente está a atingir o seu máximo e a próxima Guadalete parece cada vez mais perto.

Existe a argumentação de que actualmente todos falam e escrevem sobre o Egipto sem compreenderem o país, como se estes comentadores se tivessem tornado em especialistas de política egípcia de um dia para o outro.
De facto, a desobediência civil, os motins e os protestos egípcios não são algo que possa ser compreendido pela mente europeia, especialmente a portuguesa, em que anos de "respeitinho" e conformismo obliteraram completamente tais conceitos da psique lusa. Mesmo na recente cimeira da OTAN, tais práticas eram olhadas com desdém pela generalidade da população, ao mesmo tempo que a cidade de Lisboa era fechada para usufruto de meia dúzia de criminosos importantes.
Outro facto é que, em Portugal, não se canta "bilādī" ("meu país") até à inconsciência, tal como uma ladainha que verte o sentido pátrio no interior da alma desses egípcios. Que não querem e que não aceitam. E tanto que nós portugueses poderíamos aprender com isso, mas nós não queremos.

Ao saber que eu tinha um blogue, pessoa amiga dizia-me ontem, embora por outras palavras, que os blogues e a blogosfera seriam um dos sintomas e catalisadores do declínio da sociedade, apesar de eu próprio não augurar tal armagedão digital. O facto de eu saber hiragana, urdu ou código de máquina nada tem a ver com o facto de estar incluído na geração mais preparada de sempre da história deste país. A geração mais bem preparada será sempre a próxima, na medida em que a informação esteja cada vez mais disponível.
A "geração rasca", epíteto criado por Vicente Jorge Silva, destila as suas angústias nesta mesma blogosfera e é a geração acerca da qual os Deolinda escrevem no "Parva que Sou". Não sou eu que auguro o declínio da sociedade. A insustentabilidade e instabilidade da situação actual entra pelos olhos adentro de qualquer um.

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O adeus a Maria

Maria Schneider (1952 - 2011)

"Holy family. Church of good citizens. The children are tortured until they tell their first lie. Where the will is broken by repression. Where freedom is assassinated by egotism."
Ultimo Tango a Parigi, 1972.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O fogo que alimenta a forja

Vou tecer as minhas considerações sobre aquele assunto que impede a blogosfera de dormir. Não se trata da revolta no Egipto, nem a da Tunísia, nem aquela que irá ocorrer na Líbia, nem a questão da dívida soberana ou do ataque ao Euro. O que para mim é mais nefasto no nome da criança da Luciana e do Djaló (e não Yannick) não é o nome em si, uma vez que qualquer pessoa o pode mudar a partir de uma determinada idade, caso não goste dele. Mas o facto daqueles dois serem oficialmente os progenitores.
Ambos representam o resultado da podridão existente nos respectivos meios profissionais, onde na maior parte das vezes nunca apresentaram talento suficiente para atingirem o patamar que ambicionaram, até porque a fabricação mediática daquela espécie de relação serve só para esconder determinadas realidades que ninguém se atreve a mencionar.

O pior disto tudo vai ser mesmo o azeite onde aquela criança vai mergulhar, ou melhor, já está mergulhada, e assim, vamos todos acender uma velinha a Santa Brígida, para ver se este meu povo fica mais iluminado.