terça-feira, 23 de novembro de 2010

Administração Interna

Meia dúzia. Eles são só meia dúzia. Meia dúzia de indivíduos instalados no topo da sociedade, que desviam os recursos do país através de acordos entre eles. Uma nação delapidada como se de uma coutada privada se tratasse. As mesmas pessoas desde há trinta anos. Já ninguém se lembra dos dois operários assassinados pela Administração Interna, no Porto, em mil novecentos e oitenta e dois. Os assassinos ainda mandam no resto dos portugueses e os actuais líderes partidários são meros títeres dessa gente.
Sangram-se os portugueses como gado. Não interessa a justiça social, o serviço público ou o bem-estar dos cidadãos. Os media acalmam as pessoas, para que estas não se revoltem. Para que não causem uma rebelião. Porque os blindados que elas pagaram já cá estão... e prontos para matar... tal como em mil novecentos e oitenta e dois.

A sociedade encontra-se infantilizada devido às ideias básicas de um povo sem educação. A desresponsabilização é geral, mas favorece quem está no topo. Tal como crianças sem responsabilidade ou ideias, o povo é sangrado por esses assassinos sedentos de vida alheia. Não existe nenhuma desculpa. Esses assassinos são algo não humano, porque alguém com um coração recusa esse tipo de práticas, mesmo com o retorno de maços de papel. Dinheiro sujo, que alimenta a ganância de quem nos mata e fica impune.
As próprias massas são controladas quando se manifestam. Cabeças contadas por quem gere esse tipo de protestos. Traídas por dentro. Enganadas por manipulação. Controlo. Identificação de elementos subversivos. Agora eliminados. Mortos, se preciso for.

domingo, 21 de novembro de 2010

Dorsal Atlântica

Partindo do bom princípio que estamos perante uma relíquia da Guerra Fria, que deveria jazer completamente obsoleta nos livros de história, surpreende-me ver a vitalidade deste monstro em forma de aliança, cujo respectivo tratado foi assinado em Washington, a capital do seu maior promotor e mentor, quatro anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.
O sistema de defesa colectiva assenta no apoio de todos os seus membros ao país que sofrer uma agressão externa, funcionando tal como o seu antigo contraponto soviético. A clausula foi invocada pela primeira vez, de uma forma bastante perversa, após os ataques do 11 de Setembro. Os Estados Unidos, suposto país atacado, usaram a referida clausula para iniciar a Guerra ao Terror, um conflito actual em larga escala e do qual não se conhece o beligerante oponente. Desta forma, Portugal combate nesta guerra por imposição. Algo de que os próprios portugueses se esquecem.
Como a definição de terrorismo não é unanimemente aceite, qualquer movimento de rebelião contra as potências ocupantes é designado por "insurgência" e englobado no oponente, mesmo que não seja terrorista por natureza.

A Guerra ao Terror implicou o esforço militar da Aliança numa faixa que vai desde o Magrebe ao Sahel, passando pelo Corno de África, Península Arábica e Mesopotâmia, até ao Hindu Kush e ao Sudeste asiático. Claro que a intensidade da colonização aliada varia conforme o grau de investimento em cada região, desde os protectorados afegão e iraquiano até às presenças menos intensas em outras zonas.
A cimeira que se realizou em Lisboa teve o marco histórico de acabar de vez com a Guerra Fria. As garantias dadas aos russos, os herdeiros do antigo bloco soviético, parecem ter sido suficientes. A Guerra ao Terror consome recursos em demasia para um impasse na relação entre a Aliança e a Rússia.
O presidente Obama, ao distribuir a sua costumeira cordialidade, referiu os apontamentos que tirou para quando os Estados Unidos realizarem a próxima cimeira. A ultima lá realizada foi quando a Aliança bombardeou e derrotou a Sérvia.
Deve ter sido devido ao facto de ter recordado esta semana os episódios de uma série da minha infância, fortemente anti-guerra, chamada Mirai Shōnen Konan, que estou com este estado de espírito, ou então é por não gostar de bajuladores imperialistas.

Imagem da
Associated Press aqui

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Faena

Podemos oficializar isto. Foi desta que os portugueses voltaram a estar de vez com a equipa nacional, embora muito falte ainda decidir na qualificação.
Deixo aqui que nunca acreditei em Paulo Bento, apesar de ter apreciado uma sua entrevista televisiva onde apelava à união e a mais união. Tarefa que pelos vistos, não se mostrou difícil de conseguir, tanto na coesão do grupo como no acreditar das gentes.
Agradou-me já haver Bosingwa, Moutinho, Carlos Martins, Postiga e Rui Patrício, que não foram ao Mundial, bem como de Pepe e de Nani, que apesar de lá terem ido, foi como se não tivessem lá estado. Não incluo João Pereira neste lote, porque apesar de não ter estado propriamente mal, chegou atrasado a todos os cruzamentos de Capdevila. Algo que quase nem se notou.

Mais de meia equipa nova e a exclusão de outros elementos que andavam a apodrecer o ambiente, tornou esta equipa mais competitiva. De tal forma, que conseguiu espetar quatro golos ao actual campeão mundial, europeu e rival histórico que nos eliminou. Algo que nos estavam a dever e cuja motivação foi evidente.
No fundo, apesar de ter sido uma bela faena e um bom tónico motivador, os espanhóis é que continuam com a estrela em cima do emblema. Mas pelo menos o futuro está à vista.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mudar a imagem de perfil

Conan, o Rapaz do Futuro (Mirai Shōnen Konan) por Hayao Miyazaki

As pessoas juntaram-se em torno disto porque a nostalgia é algo que lhes apela ao coração e não por serem ovelhas. Mas é muito melhor ser snob e criticar, porque dá a ideia que se tem mais personalidade do que a ralé que adere a este tipo de coisas.
Quase que nem acredito na má vontade e na atitude das pessoas que não concordaram nem aderiram à bonecada no facebook. Mas porque raio é que essas mesmas pessoas têm facebook, se acham que todas as outras são uma carneirada? Deve ser pela inveja de não terem tido esta ideia ou pelo facto de quererem que mais pessoas adiram ao ácido excrementício pessoal que continuamente vertem nos murais.

Mudando de tópico. Estou a rever o Conan, o Rapaz do Futuro, uma série da minha infância. Na altura, nem sequer me apercebi da influência ou da crítica subliminar ao colectivismo soviético e às consequências da guerra.

domingo, 14 de novembro de 2010

A Sereia de Azul Cerúleo

Aquela sereia que canta lamentos acerca do colapso da sociedade, trazendo ao encontro dos baixios os navios desgovernados de uma fauna, que vai desde os putos que jogam Playstation, até aos velhos embriagados, que já nem sabem que aquilo não é o Texas Bar.
Os Agonist são de Montreal, Canadá, como a Alissa faz questão de mencionar. Assim quase ao jeito das rockstars internacionais, apesar do primeiro concerto deles no nosso país passar quase despercebido. A Music Box não é uma sala muito ampla, apesar de estar pela metade. Algo incompreensível para uma entrada a um preço acessível.
Tal como incompreensível foi a minha odisseia para comprar a entrada. Primeiro fui à Carbono, depois fui à ABEP, com a senhora do quiosque a perguntar-me se era mesmo na sexta-feira. Pelos vistos, eu devo ser uma pessoa pouco credível. Por fim desloquei-me à FNAC, onde a respectiva senhora deve ter demorado um bom quarto de hora à procura, para depois quase se enganar a vender-me o bilhete da semana seguinte, enquanto eu lhe tentava explicar que era nessa sexta-feira. Já estava quase com vontade de comprar bilhetes para o Lago dos Cisnes no Gelo.

Se esta é, segundo a minha perspectiva, a banda que vai trazer o Death Metal para o mainstream, talvez tenha ainda algum caminho a percorrer. As minhas dúvidas antes do concerto foram totalmente dissipadas. A transposição fiel entre o trabalho de estúdio e a prestação ao vivo deixa para trás algum preconceito que eu tivesse em relação a isso.
As digressões bastante extensas apresentam contudo algumas desvantagens. Para além do notório cansaço, fica-se com a sensação de que aquele concerto é apenas mais um, embora para os fãs seja obviamente especial.
Foi brutal, tal como o whiplash que me atormenta hoje não o deixa esquecer.

Intro: Swan Lake
The Tempest
...And Their Eulogies Sang Me To Sleep
Rise and Fall
Waiting Out The Winter
Martyr Art
Thank You, Pain
Born Dead; Buried Alive
Birds Elope With The Sun
Globus Hystericus
When The Bough Breaks
Forget Tommorrow
Business Suits and Combat Boots
Encore: Trophy Kill

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Havoc

Anne Hathaway, como Allison Lang

Havoc (2005) da norte-americana Barbara Kopple é um filme estranho. Este retrato da enfadada juventude californiana, do apartheid sobre os mexicanos e dos riscos inerentes à irreverência juvenil parece algo moralista. Mas pelo menos, o filme teve a excelente ideia de despir as actrizes Anne Hathaway e Bijou Phillips.

"Oh sim... deixa-te ficar nessa posição!"

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

As guerras são um assunto sério

Poderia parecer algum tipo de desonestidade intelectual da minha parte parte dizer que o resultado no Dragão se deve ao facto do Benfica ter enfrentado uma organização mafiosa. Mas, vamos lá, o FC Porto é a Máfia - um bando de corruptos e uma corja de bandidos.
Agora que isto está esclarecido, vamos prosseguir.
Como organização mafiosa que são, a família tripeira encara o objectivo de ganhar à majestade como uma guerra. Sem lhes interessar se agridem ou matam quem quer que lhes impeça de ganhar dinheiro através de esquemas ilegais. O combate a este tipo de organizações passa por uma atitude audaz e temerária a intimidações, jogos de palavras ou tácitas terroristas. Deve-se responder na mesma moeda. As guerras são um assunto sério.
Uma vez que Portugal se apresenta como o reduto ideal para as organizações criminosas, devido à perda de autoridade do Estado, da impunidade judicial dos indivíduos com poder e da generalização absoluta da corrupção, torna-se mais difícil lutar contra a Máfia. Tal não é impossível, como foi demonstrado o ano passado, quando o Ciclo da Mentira foi quebrado. No entanto, contra a Máfia não se pode facilitar ou corre-se o risco de se ser esmagado.

O Benfica é o campeão nacional. Campeonato ganho de forma absolutamente limpa, apesar da lama que lhe foi e que continua a ser atirada pela invejosa Máfia tripeira. Repondo a verdade que não convém lembrar, os mafiosos ficaram em terceiro lugar, que são dois lugares abaixo do de campeão.
A Máfia opera a um nível insidioso e chega a comprar as equipas com as quais joga, como aquela de Leiria, que por opção, defrontou os tripeiros sem nove dos habituais titulares.
Confesso que já estou um bocado farto da rábula das bolas de golfe, à qual se juntou agora a das galinhas. Se este fosse um país onde a Máfia não governasse e houvesse autoridade de quem seria suposto, o recinto tripeiro seria interditado até ao final da época. Mas claro que a corrupção mafiosa chega a todo o lado.
O tom de gozo reflecte-se na sensação de impunidade da Máfia, que faz com que esta apedreje os seus adversários com o beneplácito das autoridades. Força mental é necessária para lidar com estes tipos. A Máfia é orgulhosa e necessita destas massagens no ego para dar sentido à sua giesta corruptora.

Neste momento, muitos benfiquistas criticam as opções tácticas que desfiguraram a equipa e a atitude de medo que esta levou ao Dragão. Mas isso só influiria no raciocínio se estivéssemos a falar de futebol. Como se trata de uma guerra, que como se sabe, é um assunto sério, a premissa de base é a de que estamos a lutar - o termo é este - contra uma organização mafiosa, e fazer os cálculos a partir daí.
A pergunta que os benfiquistas devem fazer é a seguinte: De que forma é que se combatem organizações mafiosas? A resposta foi encontrada na Itália dos anos vinte do século passado. Um estado assolado pela Máfia, até ao momento em que a doutrina fascista subiu ao poder, com a promessa concretizada de eliminar a corrupção entranhada na sociedade italiana.
Não se ouvem as criticas internas na organização tripeira, uma vez que esta está submetida ao respeito pelos respectivos caporegime. Por outro lado, pertencendo os campeões benfiquistas a um clube plural e majestático, tal não acontece. Mas seria bom existir uma união forte e mais virtude e simplicidade.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010