A maioria daqueles que hoje dominam os meios artístico e jornalístico nacionais; ou seja, o mundo do espectáculo, iniciaram a sua escalada ao poder no início dos anos 80. Quando se tornou necessário substituir o status quo vigente por sangue novo. Mesmo que, em alguns casos, se tratasse de sangue contaminado.
A postura exagerada da comunicadora Manuela Moura Guedes, no tom e na posse, vem desse rompimento. A sua acção não se ficou pela televisão, uma vez que Paulo Portas; de quem é amiga pessoal, a convidou para a política, tendo chegando mesmo a ser eleita deputada pelo Partido Popular.
"Alibi" é hoje um álbum de culto, com o vão e apavonado epíteto de ter estado na vanguarda da música ligeira dos anos 80. A propósito deste álbum, o suplemento do Diário de Notícias escreve num artigo retrospectivo que: «Rui Reininho e Toli (GNR) e Vítor Rua (Ex-GNR) são os três mosqueteiros de "Alibi" ... O disco é bem recebido pela crítica e o toque GNR dá-lhe a garantia de qualidade que Manuela procurava».
Parece bastante óbvio que a crítica em Portugal, funcionando num sistema corporativo de capelinhas, trataria de incensar até à exaustão esta obra da Manuela. Tal não invalida que se trate de esterco, uma vez que foi como se a confluência de duas gigantescas massas de bosta se tivessem unido por um processo de coalescência, e produzissem a tempestade perfeita de merda que se pode escutar em "Alibi".
Parece mais ou menos pacífico para as almas descomprometidas que, chamar Manuela Moura Guedes de jornalista; ou Vitor Rua e os GNR, de músicos, acaba por ser ofensivo para as respectivas classes profissionais. No entanto, eis quem as domina.
Apesar de apregoarem contra o sistema, tanto Vítor Rua, como Manuela Moura Guedes, são parasitas sistémicos. Endoparasitas, uma vez que se alojam no trato intestinal deste nosso país, apropriando-se dos nutrientes que o deveriam tornar saudável, e que, devido à acção de uma multitude de parasitas semelhantes a eles, acabam por tornar Portugal num país culturalmente débil.
terça-feira, 31 de maio de 2011
sábado, 28 de maio de 2011
A Revolução
Gil Scott-Heron (1949 - 2011)
THE REVOLUTION WILL NOT BE TELEVISED
You will not be able to stay home, brother. You will not be able to plug in, turn on and cop out. You will not be able to lose yourself on skag and skip, Skip out for beer during commercials, Because the revolution will not be televised.
The revolution will not be televised. The revolution will not be brought to you by Xerox In 4 parts without commercial interruptions. The revolution will not show you pictures of Nixon blowing a bugle and leading a charge by John Mitchell, General Abrams and Spiro Agnew to eat hog maws confiscated from a Harlem sanctuary. The revolution will not be televised.
The revolution will not be brought to you by the Schaefer Award Theatre and will not star Natalie Woods and Steve McQueen or Bullwinkle and Julia. The revolution will not give your mouth sex appeal. The revolution will not get rid of the nubs. The revolution will not make you look five pounds thinner, because the revolution will not be televised, Brother.
There will be no pictures of you and Willie May pushing that shopping cart down the block on the dead run, or trying to slide that color television into a stolen ambulance. NBC will not be able predict the winner at 8:32 or report from 29 districts. The revolution will not be televised.
There will be no pictures of pigs shooting down brothers in the instant replay. There will be no pictures of pigs shooting down brothers in the instant replay. There will be no pictures of Whitney Young being run out of Harlem on a rail with a brand new process. There will be no slow motion or still life of Roy Wilkens strolling through Watts in a Red, Black and Green liberation jumpsuit that he had been saving For just the proper occasion.
Green Acres, The Beverly Hillbillies, and Hooterville Junction will no longer be so damned relevant, and women will not care if Dick finally gets down with Jane on Search for Tomorrow because Black people will be in the street looking for a brighter day. The revolution will not be televised. There will be no highlights on the eleven o'clock news and no pictures of hairy armed women liberationists and Jackie Onassis blowing her nose. The theme song will not be written by Jim Webb, Francis Scott Key, nor sung by Glen Campbell, Tom Jones, Johnny Cash, Englebert Humperdink, or the Rare Earth. The revolution will not be televised.
The revolution will not be right back after a message about a white tornado, white lightning, or white people. You will not have to worry about a dove in your bedroom, a tiger in your tank, or the giant in your toilet bowl. The revolution will not go better with Coke. The revolution will not fight the germs that may cause bad breath. The revolution will put you in the driver's seat. The revolution will not be televised, will not be televised, will not be televised, will not be televised. The revolution will be no re-run brothers; The revolution will be live.
Gil Scott-Heron - "The Revolution Will Not Be Televised", Pieces of a Man (1971)
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Saber onde está a Toalha
Estive a ler isto, e no Título III - Assembleia da República, Capítulo I - Estatuto e eleição, diz assim:
«Artigo 152.º - Representação política
1. A lei não pode estabelecer limites à conversão dos votos em mandatos por exigência de uma percentagem de votos nacional mínima.»
Ou seja, mesmo que ninguém vá votar, os deputados são eleitos na mesma.
«Artigo 152.º - Representação política
1. A lei não pode estabelecer limites à conversão dos votos em mandatos por exigência de uma percentagem de votos nacional mínima.»
Ou seja, mesmo que ninguém vá votar, os deputados são eleitos na mesma.
domingo, 22 de maio de 2011
Guia auxiliar para a campanha eleitoral
Todos os conceitos apresentados em seguida foram desenvergonhadamente sacados à wikipedia e traduzidos para português, sendo posteriormente utilizados em conversas entre amigos, com o objectivo concreto de dar a pala do cagão.
Demagogia (δῆμος demos, "povo" + ἄγειν agein, "liderar")
Estratégia para ganhar poder político apelando às emoções. Nomeadamente através dos preconceitos, medos, vaidades ou expectativas do público.
O método utilizado é a retórica apaixonada ou a propaganda (ver abaixo) com recurso frequente a temáticas nacionalistas, populistas (ver abaixo) e religiosas.
Propaganda
Forma de comunicação que visa influenciar a atitude do público relativamente a uma determinada causa ou posição. O exacto contrário de imparcialidade ou objectivismo.
Os factos são apresentados de forma selectiva, muitas vezes omitindo factos importantes para se chegar a uma síntese pré-definida ou agenda, produzindo uma reacção emocional (em vez de racional) à informação apresentada.
Populismo
Ideologia política e tipo de discurso que lhe é inerente.
Este tipo de retórica compara o Povo contra a Elite, tentando assim ganhar influência junto deste, através do recurso à demagogia.
A Elite é um pequeno grupo, dominante numa determinada sociedade, cujo estatuto privilegiado é invejado por outros indivíduos que se encontrem num patamar inferior.
Non sequitur ("não segue")
A conclusão de um argumento não segue as suas premissas. A conclusão pode ser verdadeira ou falsa, mas a argumentação é falaciosa devido à falta de conexão entre a premissa e a conclusão. Todas as falácias formais são um caso específico de non sequitur.
Ignoratio elenchi ("ignorância da refutação")
Falácia de relevância. Muito utilizada. Argumentação que até poderá ser válida, mas que não se destina ou é irrelevante para o assunto em questão. Mudança de assunto.
Ad hominem ("ao homem")
Ataque pessoal, com o objectivo de invalidar a argumentação adversária. Pode recorrer ao insulto ou ao menosprezo, salientando falhas de carácter que são irrelevantes para a argumentação.
Envenenar o poço
Tipo de ad hominem onde é apresentada informação adversa em relação a uma pessoa-alvo, com o objectivo de desacreditar tudo aquilo o que essa pessoa-alvo possa dizer.
Demagogia (δῆμος demos, "povo" + ἄγειν agein, "liderar")
Estratégia para ganhar poder político apelando às emoções. Nomeadamente através dos preconceitos, medos, vaidades ou expectativas do público.
O método utilizado é a retórica apaixonada ou a propaganda (ver abaixo) com recurso frequente a temáticas nacionalistas, populistas (ver abaixo) e religiosas.
Propaganda
Forma de comunicação que visa influenciar a atitude do público relativamente a uma determinada causa ou posição. O exacto contrário de imparcialidade ou objectivismo.
Os factos são apresentados de forma selectiva, muitas vezes omitindo factos importantes para se chegar a uma síntese pré-definida ou agenda, produzindo uma reacção emocional (em vez de racional) à informação apresentada.
Populismo
Ideologia política e tipo de discurso que lhe é inerente.
Este tipo de retórica compara o Povo contra a Elite, tentando assim ganhar influência junto deste, através do recurso à demagogia.
A Elite é um pequeno grupo, dominante numa determinada sociedade, cujo estatuto privilegiado é invejado por outros indivíduos que se encontrem num patamar inferior.
Non sequitur ("não segue")
A conclusão de um argumento não segue as suas premissas. A conclusão pode ser verdadeira ou falsa, mas a argumentação é falaciosa devido à falta de conexão entre a premissa e a conclusão. Todas as falácias formais são um caso específico de non sequitur.
Ignoratio elenchi ("ignorância da refutação")
Falácia de relevância. Muito utilizada. Argumentação que até poderá ser válida, mas que não se destina ou é irrelevante para o assunto em questão. Mudança de assunto.
Ad hominem ("ao homem")
Ataque pessoal, com o objectivo de invalidar a argumentação adversária. Pode recorrer ao insulto ou ao menosprezo, salientando falhas de carácter que são irrelevantes para a argumentação.
Envenenar o poço
Tipo de ad hominem onde é apresentada informação adversa em relação a uma pessoa-alvo, com o objectivo de desacreditar tudo aquilo o que essa pessoa-alvo possa dizer.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Final olímpica
Hoje joga-se uma final olímpica. Vai ser olimpicamente ignorada pela maioria dos portugueses.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Africano que gosta de ir ao pote
Mellivora capensis
Assim de repente, só me estou a lembrar deste.
A tradição zoológica laranja já vem de longe. Desde o "cherne" Barroso, passando pelo "pavão" Santana Lopes (um epíteto leonino seria ofensivo para o animal) até ao bicho, felizmente já extinto, da Ferreira Leite. Alberto João, como se sabe, é um polvo. Nobre, uma galinha e Catroga, um pintelho (uma espécie de pardela).
As "hienas" como Relvas, Moedas e restante ninhada, asseguram que a temporada de caça que agora se inicia seja o mais sangrenta possível. Apesar da oposição que o "animal feroz" lhes faz, juntamente com o seu bando de macacos amestrados, para decidir quem vai ser o rei da selva. Para decidir o futuro líder das sanguessugas que se irão refastelar neste bando de carneiros, que são os portugueses.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Juno e a Nuvem
Para se perceber a sátira, deve-se entender primeiro o alvo da mesma. Tal implica um certo nível de compreensão para a contextualizar, o que faz com que nem todas as pessoas a percebam. Não a percebendo, encontram deste modo uma barreira para a conseguirem apreciar, ou então tomam a nuvem por Juno. Não o filme da miúda grávida, mas a mulher de Júpiter.
Apesar do meu encontro imediato com os Homens da Luta não ter corrido bem, queria que eles progredissem naquele sarau da União Europeia de Radiodifusão. Nem que fosse para irritar o lobby que infesta o mercado artístico português, que corta as pernas à ascensão de sangue novo e que tanto se indigna com eles.
Sendo um purista, gostava que essa rábula nunca tivesse saído do "Vai Tudo Abaixo". O facto de se ter generalizado, fez com que se tornassem conhecidos dessas mesmas pessoas que têm a falta de compreensão necessária para apreciar a sátira.
Claro que os jornalistas, que supostamente são pessoas informadas, devem achar algo complicado destrinçar entre a pessoa Nuno, a persona Jel e o personagem Neto. Mas quem está habituado a esta coisa dos avatares, sabe distinguir essas diferentes construções da alma artística.
O recente "O Último A Sair" enveredou pelo mesmo género. O humor em Portugal atingiu um estado de decadência tal, que se torna necessário um aviso a indicar a existência do mesmo, ou então, um Fernando Mendes a vomitar piadas desconexas, de preferência acompanhado por outro gordo, como o Malato, para que o público se aperceba de que algo está a acontecer com o intuito de o fazer rir.
Apesar de não serem assim tão óbvios como os Homens da Luta (que na minha opinião, nem sequer eram a rábula mais engraçada do "Vai Tudo Abaixo") "O Último A Sair" já revela um apreciável culto, como é natural de produtos feitos para audiências mais restritas. O facto de estar naquele horário e naquele canal televisivo pode fazer mais pelo humor português do que as dezenas de pseudo stand-up comediants que foram surgindo nos últimos anos. Fornada na qual se incluía o Bruno Nogueira. A série de programas que ele gravou com o saudoso Raul Solnado foram quase como uma passagem de testemunho do humor a sério em Portugal. Que do humor a brincar já estamos conversados.
Adenda: No momento em que escrevia esta posta, o serviço do Blogger decidiu ir para manutenção e ficar read only durante vinte e quatro horas até um grupo de macacos ter conseguido resolver a instabilidade do sistema. Brincadeiras.
Apesar do meu encontro imediato com os Homens da Luta não ter corrido bem, queria que eles progredissem naquele sarau da União Europeia de Radiodifusão. Nem que fosse para irritar o lobby que infesta o mercado artístico português, que corta as pernas à ascensão de sangue novo e que tanto se indigna com eles.
Sendo um purista, gostava que essa rábula nunca tivesse saído do "Vai Tudo Abaixo". O facto de se ter generalizado, fez com que se tornassem conhecidos dessas mesmas pessoas que têm a falta de compreensão necessária para apreciar a sátira.
Claro que os jornalistas, que supostamente são pessoas informadas, devem achar algo complicado destrinçar entre a pessoa Nuno, a persona Jel e o personagem Neto. Mas quem está habituado a esta coisa dos avatares, sabe distinguir essas diferentes construções da alma artística.
O recente "O Último A Sair" enveredou pelo mesmo género. O humor em Portugal atingiu um estado de decadência tal, que se torna necessário um aviso a indicar a existência do mesmo, ou então, um Fernando Mendes a vomitar piadas desconexas, de preferência acompanhado por outro gordo, como o Malato, para que o público se aperceba de que algo está a acontecer com o intuito de o fazer rir.
Apesar de não serem assim tão óbvios como os Homens da Luta (que na minha opinião, nem sequer eram a rábula mais engraçada do "Vai Tudo Abaixo") "O Último A Sair" já revela um apreciável culto, como é natural de produtos feitos para audiências mais restritas. O facto de estar naquele horário e naquele canal televisivo pode fazer mais pelo humor português do que as dezenas de pseudo stand-up comediants que foram surgindo nos últimos anos. Fornada na qual se incluía o Bruno Nogueira. A série de programas que ele gravou com o saudoso Raul Solnado foram quase como uma passagem de testemunho do humor a sério em Portugal. Que do humor a brincar já estamos conversados.
Adenda: No momento em que escrevia esta posta, o serviço do Blogger decidiu ir para manutenção e ficar read only durante vinte e quatro horas até um grupo de macacos ter conseguido resolver a instabilidade do sistema. Brincadeiras.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Heróis do Mar
As redes sociais foram invadidas em força pelo "Portugalnomics: Ep.1" (pelos vistos tem continuação) que posteriormente desaguou nos media tradicionais. A peça gráfica que presumo se pretendesse leve e bem humorada, foi levada a sério por muita gente.
Muitos aspectos deste vídeo fizeram-me lembrar a experiência que tive com alguns estudantes escoceses de Erasmus, que se gabavam da contribuição que os escoceses deram ao mundo, desde o golfe, da televisão, do telefone, da máquina a vapor, da penicilina. Em suma, os escoceses tinham inventado quase tudo. Este tipo de mitologia faz parte do meme cultural dos povos.
As referências a Cascais e ao Estoril são exageradas, embora tal fosse de esperar tendo em conta o patrocinador. O vídeo está engraçado. Pelos vistos, as pessoas que se preocupam muito com essa coisa dos "factos" não demonstram sentido de humor. Mas ia lá eu perder a oportunidade de estragar a diversão dos outros. Aquilo tem tantos erros que até dá para escolher os favoritos.
A origem da palavra japonesa "arigatō".
Já tinha tido esta discussão com um conhecido meu. Este é um erro bastante comum e até existem livros editados que fazem referência a este mito, que estudos posteriores vieram a desmentir.
Esta palavra já existia antes dos portugueses chegarem ao Japão.
Arigatō (有り難う, embora também possa ser escrito em hiragana ありがとう) deriva do adjectivo arigatai, uma variação moderna de arigatashi (有り難し) que por sua vez é composto pelo verbo ari (有り, ser) e pelo adjectivo katashi (難い, difícil). A acepção é a de algo como "o mais difícil" ou "coisa rara", no sentido de algo que merece ser agradecido. Não existe nenhuma relação com o português "obrigado", que tem o mesmo significado.
Existem contudo dezenas de palavras japonesas com origem no português, que são chamadas de garaigo (palavras emprestadas) e são sempre escritas em katakana ou romaji. A minha favorita é pan (パン, pão).
O primeiro país no mundo a abolir a pena de morte.
Este é outro dos mitos bastante divulgados. A primeira vez que a pena de morte foi abolida foi na China, entre 747 e 759, durante a dinastia Tang. Mais tarde, devido à influência dos sacerdotes xintoístas, a pena capital foi abolida no Japão em 818, sendo reintroduzida em 1156.
No ocidente, Leopoldo II de Habsburgo, aboliu a pena de morte no Grão-Ducado da Toscana em 30 de Novembro de 1786. A República Romana, um estado que existiu apenas durante o ano de 1849, após o Papa ter fugido de uma revolta popular, aboliu a pena capital durante a sua curta existência. Este último movimento veio a inspirar a abolição na Venezuela, em 1863, e em São Marino, em 1865. A última execução em São Marino tinha sido em 1468.
Portugal aboliu a pena de morte em 1867, após ter tentado por duas vezes, sem sucesso, em 1852 e 1863. Iriam passar cerca de cem anos até que o próximo país, neste caso o Reino Unido, abolisse a pena capital. Talvez o mito esteja relacionado com isso.
Aquilo que roubámos a árabes e judeus e não queremos admitir.
A vela latina é possivelmente de origem romana, e a sua difusão entre nós deve-se aos árabes do Mediterrâneo, que a adoptaram após a conquista do Egipto e do Magrebe. Portugal conquistou os Algarves (do árabe الغرب al gharb, o ocidente) e acedeu a este e a outro tipo de tecnologias, que mais tarde a historiografia tentou apagar dos seus verdadeiros donos.
O "maritime compass" referido no vídeo deve ser a bússola marítima. Em inglês designa-se por dry compass. Talvez seja um problema de léxico. Não convém traduzir as coisas por afinidade.
De qualquer modo, a bússola marítima não foi inventada pelos portugueses. O crédito desta invenção vai para Flavio Gioja, um velejador de Amalfi, cidade pertencente à então República de Pisa. Embora todo o conhecimento técnico que permitiu o desenvolvimento desse tipo de instrumentos esteja fortemente enraizado nos astrónomos do Al-Andalus, como al-Zarqālī, e nos judeus sefarditas. Os médicos referidos no vídeo eram judeus.
Os europeus já sabiam que os gregos eram capazes de contabilidade criativa. Com este vídeo, os finlandeses ficam a saber que os portugueses são capazes de historiografia criativa.
Mal posso esperar pelo Ep.2 para ver se continua a irritar a intelectualidade bem pensante cá do burgo. Queriam eles que algo Made in Portugal não estivesse cheio de erros. Os snobs do Estoril não se devem estar a importar muito com isso e os finlandeses também não.
Muitos aspectos deste vídeo fizeram-me lembrar a experiência que tive com alguns estudantes escoceses de Erasmus, que se gabavam da contribuição que os escoceses deram ao mundo, desde o golfe, da televisão, do telefone, da máquina a vapor, da penicilina. Em suma, os escoceses tinham inventado quase tudo. Este tipo de mitologia faz parte do meme cultural dos povos.
As referências a Cascais e ao Estoril são exageradas, embora tal fosse de esperar tendo em conta o patrocinador. O vídeo está engraçado. Pelos vistos, as pessoas que se preocupam muito com essa coisa dos "factos" não demonstram sentido de humor. Mas ia lá eu perder a oportunidade de estragar a diversão dos outros. Aquilo tem tantos erros que até dá para escolher os favoritos.
A origem da palavra japonesa "arigatō".
Já tinha tido esta discussão com um conhecido meu. Este é um erro bastante comum e até existem livros editados que fazem referência a este mito, que estudos posteriores vieram a desmentir.
Esta palavra já existia antes dos portugueses chegarem ao Japão.
Arigatō (有り難う, embora também possa ser escrito em hiragana ありがとう) deriva do adjectivo arigatai, uma variação moderna de arigatashi (有り難し) que por sua vez é composto pelo verbo ari (有り, ser) e pelo adjectivo katashi (難い, difícil). A acepção é a de algo como "o mais difícil" ou "coisa rara", no sentido de algo que merece ser agradecido. Não existe nenhuma relação com o português "obrigado", que tem o mesmo significado.
Existem contudo dezenas de palavras japonesas com origem no português, que são chamadas de garaigo (palavras emprestadas) e são sempre escritas em katakana ou romaji. A minha favorita é pan (パン, pão).
O primeiro país no mundo a abolir a pena de morte.
Este é outro dos mitos bastante divulgados. A primeira vez que a pena de morte foi abolida foi na China, entre 747 e 759, durante a dinastia Tang. Mais tarde, devido à influência dos sacerdotes xintoístas, a pena capital foi abolida no Japão em 818, sendo reintroduzida em 1156.
No ocidente, Leopoldo II de Habsburgo, aboliu a pena de morte no Grão-Ducado da Toscana em 30 de Novembro de 1786. A República Romana, um estado que existiu apenas durante o ano de 1849, após o Papa ter fugido de uma revolta popular, aboliu a pena capital durante a sua curta existência. Este último movimento veio a inspirar a abolição na Venezuela, em 1863, e em São Marino, em 1865. A última execução em São Marino tinha sido em 1468.
Portugal aboliu a pena de morte em 1867, após ter tentado por duas vezes, sem sucesso, em 1852 e 1863. Iriam passar cerca de cem anos até que o próximo país, neste caso o Reino Unido, abolisse a pena capital. Talvez o mito esteja relacionado com isso.
Aquilo que roubámos a árabes e judeus e não queremos admitir.
A vela latina é possivelmente de origem romana, e a sua difusão entre nós deve-se aos árabes do Mediterrâneo, que a adoptaram após a conquista do Egipto e do Magrebe. Portugal conquistou os Algarves (do árabe الغرب al gharb, o ocidente) e acedeu a este e a outro tipo de tecnologias, que mais tarde a historiografia tentou apagar dos seus verdadeiros donos.
O "maritime compass" referido no vídeo deve ser a bússola marítima. Em inglês designa-se por dry compass. Talvez seja um problema de léxico. Não convém traduzir as coisas por afinidade.
De qualquer modo, a bússola marítima não foi inventada pelos portugueses. O crédito desta invenção vai para Flavio Gioja, um velejador de Amalfi, cidade pertencente à então República de Pisa. Embora todo o conhecimento técnico que permitiu o desenvolvimento desse tipo de instrumentos esteja fortemente enraizado nos astrónomos do Al-Andalus, como al-Zarqālī, e nos judeus sefarditas. Os médicos referidos no vídeo eram judeus.
Os europeus já sabiam que os gregos eram capazes de contabilidade criativa. Com este vídeo, os finlandeses ficam a saber que os portugueses são capazes de historiografia criativa.
Mal posso esperar pelo Ep.2 para ver se continua a irritar a intelectualidade bem pensante cá do burgo. Queriam eles que algo Made in Portugal não estivesse cheio de erros. Os snobs do Estoril não se devem estar a importar muito com isso e os finlandeses também não.
domingo, 8 de maio de 2011
quinta-feira, 5 de maio de 2011
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Pedido de esclarecimento
Caro Pedro Passos Coelho
Esta carta pretende esclarecer algumas dúvidas que tenho em relação à tua acção estratégica, partindo do princípio que existe uma. Gostaria de saber onde vais lucrar caso te tornes Primeiro Ministro. Decerto que não é o interesse nacional que te move, e tu próprio fizeste questão em afirmar que desejavas ser governante numa altura mais auspiciosa para o país e não nesta miséria de conjuntura para a popularidade.
O sistema de saúde estatal e seus derivados estarão já apalavrados com o médico Nobre? Para implementar um negócio privado de fornecimento de serviços de saúde às classes mais baixas. Trabalho humanitário que essa massa de gente irá rentabilizar graças ao seu elevado número.
O sistema bancário estatal será privatizado? Esse compromisso faz parte da agenda daqueles que arruinaram o BPN e o BPP, segundo a noção capitalista de que o lucro é mais importante do que a vida humana. Urge dinamizar a economia, transformando o sector em bancos de investimento.
O sistema de ensino estatal é que ainda não percebi a quem será cedido. Gostava que me esclarecesses este ponto, para efeitos de maior transparência.
Noto uma preocupação da tua parte com os delegados estrangeiros e a sua relação com os do governo. Não te preocupes, que a troika não se deixa enganar. Tu bem sabes como funciona o sistema monetário. Caso não saibas, podes sempre perguntar ao professor Catroga. Embora este, enquanto foi Ministro das Finanças do segundo governo de Cavaco Silva e um dos responsáveis por este buraco, se tenha esquecido de aprender o que agora tenta ensinar.
De qualquer modo, é comovente ver tão gerôntica figura ter aquele tipo de ataques, qual contraponto ao Teixeira dos Santos. Da mesma forma que tu és um contraponto ao Sócrates, ou o que quer que seja que esteja nesse guião que a comunicação social está a impingir.
A minha questão em relação ao professor Catroga é a razão que move tal pessoa de idade. Certamente que não será por interesse público ou desígnio nacional. Do mesmo modo, a pasta das Finanças lhe causará pouco apelo, uma vez que o ministro irá ser o Strauss-Kahn e os seus sucessores. Será que o professor Catroga deve algum favor ao Ângelo Correia? Gostava que me esclarecesses este ponto, em nome da transparência.
Esta carta pretende esclarecer algumas dúvidas que tenho em relação à tua acção estratégica, partindo do princípio que existe uma. Gostaria de saber onde vais lucrar caso te tornes Primeiro Ministro. Decerto que não é o interesse nacional que te move, e tu próprio fizeste questão em afirmar que desejavas ser governante numa altura mais auspiciosa para o país e não nesta miséria de conjuntura para a popularidade.
O sistema de saúde estatal e seus derivados estarão já apalavrados com o médico Nobre? Para implementar um negócio privado de fornecimento de serviços de saúde às classes mais baixas. Trabalho humanitário que essa massa de gente irá rentabilizar graças ao seu elevado número.
O sistema bancário estatal será privatizado? Esse compromisso faz parte da agenda daqueles que arruinaram o BPN e o BPP, segundo a noção capitalista de que o lucro é mais importante do que a vida humana. Urge dinamizar a economia, transformando o sector em bancos de investimento.
O sistema de ensino estatal é que ainda não percebi a quem será cedido. Gostava que me esclarecesses este ponto, para efeitos de maior transparência.
Noto uma preocupação da tua parte com os delegados estrangeiros e a sua relação com os do governo. Não te preocupes, que a troika não se deixa enganar. Tu bem sabes como funciona o sistema monetário. Caso não saibas, podes sempre perguntar ao professor Catroga. Embora este, enquanto foi Ministro das Finanças do segundo governo de Cavaco Silva e um dos responsáveis por este buraco, se tenha esquecido de aprender o que agora tenta ensinar.
De qualquer modo, é comovente ver tão gerôntica figura ter aquele tipo de ataques, qual contraponto ao Teixeira dos Santos. Da mesma forma que tu és um contraponto ao Sócrates, ou o que quer que seja que esteja nesse guião que a comunicação social está a impingir.
A minha questão em relação ao professor Catroga é a razão que move tal pessoa de idade. Certamente que não será por interesse público ou desígnio nacional. Do mesmo modo, a pasta das Finanças lhe causará pouco apelo, uma vez que o ministro irá ser o Strauss-Kahn e os seus sucessores. Será que o professor Catroga deve algum favor ao Ângelo Correia? Gostava que me esclarecesses este ponto, em nome da transparência.
Atenciosamente,
Joao Pedro
Joao Pedro
terça-feira, 3 de maio de 2011
Montes do Olimpo
Christina Hendricks
Os americanos, enquanto herdeiros da Polis grega (eu ia escrever da República Romana, mas depois lembrei-me de que aquilo já não é uma república) também têm os seus deuses. Esta nova olimpíada situa-se em Hollywood. Local onde os fabricantes de relâmpagos, quais mágicos de Menlo Park, fazem as encenações com que hipnotizam o mundo civilizado e por civilizar.
A carneirada, quais reses apolíneas viciadas nos seus filmes, séries, noticiários, jogos, músicas e outras plataformas de entretenimento derivadas, vai continuando a rezar cegamente aos seus obamianos ídolos.
O que eu gostava mesmo de saber passa pelas verdadeiras medidas de latitude da Christina Hendricks, e nem sequer me importava de fazer um trabalho local de agrimensura para as descobrir.
A carneirada, quais reses apolíneas viciadas nos seus filmes, séries, noticiários, jogos, músicas e outras plataformas de entretenimento derivadas, vai continuando a rezar cegamente aos seus obamianos ídolos.
O que eu gostava mesmo de saber passa pelas verdadeiras medidas de latitude da Christina Hendricks, e nem sequer me importava de fazer um trabalho local de agrimensura para as descobrir.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Encenação mediática
Mas de grande qualidade, devo afirmar. Basta um comunicado oficial para todos ficarem mais tranquilos e começarem a celebrar. A psique humana é assim mesmo. Precisa de acreditar em alguma coisa, senão o mundo começa a desmoronar-se debaixo dos pés. O ser humano é o animal mais estudado do planeta e há largo tempo que se conhecem as técnicas para o submeter. Ivan Pavlov, Vladimir Bekhterev, John B. Watson, e por aí fora.
Deste modo, o ser humano acredita em qualquer coisa que lhe for contada, mesmo que não exista uma cabal prova de tal. Caso já se encontre suficientemente condicionado, conseguirá mesmo negar factos evidentes.
A morte mediática de Osama bin Laden limitou-se a uma análise de custo-benefício. Com a popularidade do presidente Obama a descer e o pouco interesse que este alvo desempenharia na luta anti-terrorista (uma vez que a estratégia de desestabilização interna dos países a conquistar se tornou mais eficaz) optou-se por encerrar esse capítulo da Guerra ao Terror.
Deste modo, o ser humano acredita em qualquer coisa que lhe for contada, mesmo que não exista uma cabal prova de tal. Caso já se encontre suficientemente condicionado, conseguirá mesmo negar factos evidentes.
A morte mediática de Osama bin Laden limitou-se a uma análise de custo-benefício. Com a popularidade do presidente Obama a descer e o pouco interesse que este alvo desempenharia na luta anti-terrorista (uma vez que a estratégia de desestabilização interna dos países a conquistar se tornou mais eficaz) optou-se por encerrar esse capítulo da Guerra ao Terror.
Subscrever:
Mensagens (Atom)