Atlatl: dispositivo paleolítico das armas de arremesso, que utiliza a alavancagem com o objectivo de atingir um maior alcance e precisão
Infelizmente para a população de Foz Côa, as gravuras paleolíticas serviram fundamentalmente como arma de arremesso político para diferenciar os dialogantes políticos da equipa rosa dos acéfalos calculistas da equipa azul (ver aqui uma descrição mais aprofundada sobre estas duas equipas). Mira Amaral, o ministro da Indústria do governo de Cavaco Silva, nunca ultrapassou o facto da construção da barragem ter sido suspensa em Novembro de 1995.
Cinco anos após a polémica mediatização das gravuras, estive em Foz Côa, devido a um projecto de estudo na região do Alto Douro. Para além de recomendar a visita ao vizinho Parque Natural do Douro Internacional, consegui ainda ter a oportunidade de apreciar as ditas gravuras in loco.
Aqueles que estiveram comigo são as únicas pessoas que eu conheço que as visitaram, pois a acessibilidade ao local é precária e todas as visitas são acompanhadas por um guia, que ajuda os leigos a perceberem a diferença entre um auroque e uma cabra.
Apesar da voragem mediática da altura, o marketing cultural podia ter sido mais bem explorado (descontando aqui o travo suave do "Arte do Côa", que acaba por nem ser muito mau, se não for comparado com o superior "Freixo de Numão").
Apesar da paisagem magnífica do vale do Côa, este apresenta-se desvalorizado pelo facto da barragem se encontrar já metade construída e não ter sido demolida (talvez a pensar em melhores tempos). Como quase tudo o que (não) funciona neste país, o governo de António Guterres foi pródigo, nesse aspecto tão português, de deixar tudo em banho-maria e tentar agradar a todas as partes possíveis, para existir um mínimo de contestação social. Deixando qualquer tipo de decisão importante para as calendas, na esperança que o povo em geral se esqueça do motivo por que se queixa.
Não existe razão objectiva para a infraestrutura hidroeléctrica estar ainda de pé, submergindo cerca de 90% das gravuras existentes. Bem como o facto de ao seu lado funcionar uma pedreira que efectua descargas de material para dentro do parque arqueológico. Bem sei que se impedissem o funcionamento da pedreira, estariam em causa postos de trabalho numa região onde eles são cada vez mais escassos. Mas não se pode defender publicamente um projecto cultural, e depois deixar que esse mesmo projecto seja destruído aos poucos, numa tentativa de agradar a todos.
O Museu do Côa foi inaugurado com pompa, por um discípulo de Guterres e por uma ministra que, não obstante a sua sensibilidade criativa, resolveu ignorar as questões mais importantes (pelo menos na minha opinião) mencionadas acima e relevar o facto da Humanidade não conseguir viver sem estas gravuras.
Apesar de que, tão importante projecto para o desígnio da Humanidade, não desviar um euro de derrapagem por parte do Estado Português, omitindo o facto de que, uma vez não existindo dinheiro inicialmente para o projecto, os gastos conseguirem ser muito mais comedidos. Este último motivo a contribuir bastante para o facto do museu só agora ter sido inaugurado.
Imagem daqui
sábado, 31 de julho de 2010
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Aplausos para o António
António Feio (1954 - 2010)
O verdadeiro doente é a sociedade onde vivemos e apesar disso, ele era são de pensamento. Descanse em Paz.
Imagem do Publico
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Princesas e seus paladinos
Na expressão artística existe o arquétipo da donzela em apuros, a princesa que espera ser resgatada por um galante príncipe a cavalo, que a venha salvar do seu infortúnio.
Ela representa a razão de ser do cavaleiro. Por causa dela é que ele enfrenta exércitos inimigos e arrisca a vida em defesa do seu país. A princesa é uma bela e jovem mulher, que representa a pátria do cavaleiro, na sua atávica idiossincrasia. Uma donzela pura de coração, que se encontra numa situação periclitante, devido à acção de um vilão ou de um monstro e necessita que um herói se apresse a salva-la.
A condição em que a princesa se encontra, acaba por se revestir de contornos fetichistas, onde a desventura da rapariga subtraída ao seu reino e agrilhoada por forças maléficas, adquire uma carga erótica substancial.
A ética cavalheiresca fez com que o cavaleiro se comportasse com cortesia, especialmente em relação às mulheres. O facto dos equestres serem uma classe dedicada à arte da guerra, fez com que estes seguissem um código, para contrabalançar a brutalidade do meio em que viviam.
O traço de união entre todos os cavaleiros, fossem eles paladinos da luz ou das trevas, era a noção superior de dever. O sentimento de que o bem comum, ou de uma determinada nação, é superior aos interesses individuais e ao ganho pessoal.
Com a consolidação da instituição cavaleiresca, certas virtudes que um cavaleiro deveria possuir, foram sendo estabelecidas. A traição a alguma delas, fazia com que o cavaleiro o deixasse de ser.
No caso dos cavaleiros negros. Estes não obedeciam aos princípios do sistema feudal e não tinham uma marca heráldica ou um escudeiro para tratar do seu equipamento, apresentando assim a armadura pintada de negro, para prevenir a sua oxidação. Em todo o caso, mesmo estes cavaleiros deveriam observar alguma forma de integridade.
O código de honra medieval impunha, desta forma, a todos eles, a coragem (tanto física como mental, a intrepidez e força de vontade) a prudência, a justiça, a cortesia, a pureza, devoção e misericórdia, e por fim, a resistência física e mental.
Nos dias de hoje, o arquétipo da princesa, ou a inocência, inerente ao acto de espera pelo seu príncipe encantado, acabam por ser conceitos que as jovens transportam, de uma forma inconsciente, para a idade adulta.
O homem perfeito acaba por ser uma miragem, embora esse sonho esteja imbuído de aspectos tão maravilhosos, que acaba por ressoar com bastante força no mais intimo do ser feminino.
Ela representa a razão de ser do cavaleiro. Por causa dela é que ele enfrenta exércitos inimigos e arrisca a vida em defesa do seu país. A princesa é uma bela e jovem mulher, que representa a pátria do cavaleiro, na sua atávica idiossincrasia. Uma donzela pura de coração, que se encontra numa situação periclitante, devido à acção de um vilão ou de um monstro e necessita que um herói se apresse a salva-la.
A condição em que a princesa se encontra, acaba por se revestir de contornos fetichistas, onde a desventura da rapariga subtraída ao seu reino e agrilhoada por forças maléficas, adquire uma carga erótica substancial.
A ética cavalheiresca fez com que o cavaleiro se comportasse com cortesia, especialmente em relação às mulheres. O facto dos equestres serem uma classe dedicada à arte da guerra, fez com que estes seguissem um código, para contrabalançar a brutalidade do meio em que viviam.
O traço de união entre todos os cavaleiros, fossem eles paladinos da luz ou das trevas, era a noção superior de dever. O sentimento de que o bem comum, ou de uma determinada nação, é superior aos interesses individuais e ao ganho pessoal.
Com a consolidação da instituição cavaleiresca, certas virtudes que um cavaleiro deveria possuir, foram sendo estabelecidas. A traição a alguma delas, fazia com que o cavaleiro o deixasse de ser.
No caso dos cavaleiros negros. Estes não obedeciam aos princípios do sistema feudal e não tinham uma marca heráldica ou um escudeiro para tratar do seu equipamento, apresentando assim a armadura pintada de negro, para prevenir a sua oxidação. Em todo o caso, mesmo estes cavaleiros deveriam observar alguma forma de integridade.
O código de honra medieval impunha, desta forma, a todos eles, a coragem (tanto física como mental, a intrepidez e força de vontade) a prudência, a justiça, a cortesia, a pureza, devoção e misericórdia, e por fim, a resistência física e mental.
Nos dias de hoje, o arquétipo da princesa, ou a inocência, inerente ao acto de espera pelo seu príncipe encantado, acabam por ser conceitos que as jovens transportam, de uma forma inconsciente, para a idade adulta.
O homem perfeito acaba por ser uma miragem, embora esse sonho esteja imbuído de aspectos tão maravilhosos, que acaba por ressoar com bastante força no mais intimo do ser feminino.
terça-feira, 27 de julho de 2010
No Inverno queixam-se do frio... no Verão, do calor... não compreendo estes humanos!
Benedita Pereira, a demonstrar a forma adequada de se lidar com o calor
Quase quem nem consigo respirar... ou mais especificamente... respirar, até consigo!... mas a acção reverte-se de uma certa dificuldade. Vesti uns calções, que são a modos que umas calças, mas mais curtas (para entender o verdadeiro alcance desta medida política, que tomei com a minha própria indumentária, devo esclarecer que não me recordo da última vez que vesti uns) e presumivelmente abri a janela do antro em que me encontro... o que resultou numa insidiosa, mas paulatina invasão de ar quente, que veio agravar as dificuldades respiratórias já referidas.
O resultado literal do tempo que faz, advém do processo termodinâmico de transferência de energia solar, que de uma forma inexorável, ocorre todos os anos e se propaga às regiões sub-tropicais e temperadas, após aquele momento na translação terrestre, chamado de solstício e que faz aparecer o cabrão do Estio com mais força que um filho da puta.
Imagem através do E Deus criou a Mulher
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Liberalizar a sociedade à força
Já se sabia que um partido liderado por Pedro Passos Coelho (PPC) iria fazer isto. Uma Constituição demasiado socialista da herança de Abril seria um entrave e um empecilho para os indivíduos empreendedores.
Até esta altura, considerava-se o despedimento, que é a forma mais imediata de poder numa relação laboral, como sujeito à consideração da sua justeza. Apesar da sua semântica, este sistema permitia algo que a "razão atendível" não permite, uma vez que esta se trata de uma análise com um critério discricionário e sujeito a mudanças de humor por parte de quem tem o poder e passa a ser um algoz do trabalhador.
O senso comum admite que os empresários portugueses são pessoas sem escrúpulos e que toda a sua rede de chefia é constituída por indivíduos que gostam de abusar do "pequeno poder". Algo que Passos Coelho deveria saber, caso alguma vez tivesse trabalhado na vida.
Como um infante lambe-botas do Cavaquismo feito homem, PPC assume que a sociedade está pronta para a sua visão iluminada, apenas porque já conseguiu, mais ou menos, afogar o messianismo conservador de Paulo Portas.
O Cavaquismo, em todo o seu conservadorismo, tinha pelo menos a vantagem de, em alguns aspectos, se aproximar da verdadeira social-democracia nórdica em termos ideológicos. Algo que PPC pretende ignorar, com o aumento do abuso patronal sobre a classe trabalhadora, numa altura em que o desemprego e a precariedade no trabalho são os problemas mais importantes da sociedade portuguesa.
Apesar de existirem sociedades mais liberais do que a nossa, como por exemplo a americana (talvez o Eldorado para Passos Coelho), este esquece-se que essa sociedade dispõe de algo que a nossa carece: Tribunais equitativos que funcionam adequadamente e regulam a justeza das relações laborais. Algo que PPC parece ignorar e que deveria merecer a sua atenção.
Desta forma, quando fala nas suas preocupações com o desemprego e com a destruição de emprego, as palavras de Passos Coelho contêm o doce sabor da hipocrisia. Defeito que sem o qual, um político não o poderia ser. Defeito esse, que PPC bem cedo aprendeu, na sua trajectória política já longa, desde o seu início nos berços Cavaquistas.
Imagem do The Last Honest Man
Até esta altura, considerava-se o despedimento, que é a forma mais imediata de poder numa relação laboral, como sujeito à consideração da sua justeza. Apesar da sua semântica, este sistema permitia algo que a "razão atendível" não permite, uma vez que esta se trata de uma análise com um critério discricionário e sujeito a mudanças de humor por parte de quem tem o poder e passa a ser um algoz do trabalhador.
O senso comum admite que os empresários portugueses são pessoas sem escrúpulos e que toda a sua rede de chefia é constituída por indivíduos que gostam de abusar do "pequeno poder". Algo que Passos Coelho deveria saber, caso alguma vez tivesse trabalhado na vida.
Como um infante lambe-botas do Cavaquismo feito homem, PPC assume que a sociedade está pronta para a sua visão iluminada, apenas porque já conseguiu, mais ou menos, afogar o messianismo conservador de Paulo Portas.
O Cavaquismo, em todo o seu conservadorismo, tinha pelo menos a vantagem de, em alguns aspectos, se aproximar da verdadeira social-democracia nórdica em termos ideológicos. Algo que PPC pretende ignorar, com o aumento do abuso patronal sobre a classe trabalhadora, numa altura em que o desemprego e a precariedade no trabalho são os problemas mais importantes da sociedade portuguesa.
Apesar de existirem sociedades mais liberais do que a nossa, como por exemplo a americana (talvez o Eldorado para Passos Coelho), este esquece-se que essa sociedade dispõe de algo que a nossa carece: Tribunais equitativos que funcionam adequadamente e regulam a justeza das relações laborais. Algo que PPC parece ignorar e que deveria merecer a sua atenção.
Desta forma, quando fala nas suas preocupações com o desemprego e com a destruição de emprego, as palavras de Passos Coelho contêm o doce sabor da hipocrisia. Defeito que sem o qual, um político não o poderia ser. Defeito esse, que PPC bem cedo aprendeu, na sua trajectória política já longa, desde o seu início nos berços Cavaquistas.
Imagem do The Last Honest Man
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Ameaças à sanidade masculina
Koharu Kusumi, J-pop Idol
O termo provem do inglês antigo, quando era escrita como "midhrif", em que "hrif" significa estômago. A palavra foi novamente utilizada a partir dos anos 40 pela industria da moda, devido ao facto da palavra "barriga" ser considerada indesejável pelas senhoras, devido a conotações com a obesidade.
Esta parte do corpo fica exposta quando se usa um top ou um bikini. A sua moda começou no ocidente por volta dos anos 60 até ao final dos anos 90. Altura em que o piercing do umbigo se tornou popular, bem como a arte oriental da dança do ventre.
Nos Estados Unidos, o marketing em torno desta forma de vestir destina-se principalmente às adolescentes preocupadas com a aparência de serem mais adultas, embora muitas escolas terem adoptado códigos de vestuário que o proíbam.
Zettai Ryouiki (絶対領域) que se traduz livremente por "território absoluto" ("absolute territory") e compreende a área de pele das coxas que se pode ver entre a saia e as meias. O rácio ideal será de 4 : 1 : 2,5 (comprimento da mini-saia : território absoluto : altura das meias acima do joelho). Para ser considerado ZR, a roupa interior não deve ser vista.
O termo teve a sua origem no anime Evangelion, onde designava o AT Field ("Absolute Terror Field"). Uma barreira impenetrável a praticamente todas as armas convencionais, embora a sua conotação semântica e significado seja, neste caso, bastante diferente.
O zettai ryouiki é actualmente o maior fetiche no Japão. A explicação pode ser encontrada no facto de que a beleza semi-coberta de uma rapariga ser mais atractiva, pois deixa que um olhar furtivo para uma área exposta, combinada com o tapar das outras áreas, se torne um factor de atracção e de curiosidade que incentiva a fantasia.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Suporte de telemóvel (celular)
Larissa Riquelme
A verdadeira estrela do Mundial, embora ainda esteja longe da Gata da Copa do Mundial de 1990. Mas isso seria outra competição.
Quanto a esta que terminou, apesar de o meu prognóstico não se ter revelado o mais correcto (esta coisa da omnisciência é cansativa, e por vezes a minha atenção desvia-se para outro tipo de afazeres) existiram certos pressentimentos que se revelaram correctos e outros que nem tanto.
Nas surpresas estão o Uruguai (ver o Álvaro Pereira e o Fucile a jogarem à bola é quase um paradoxo) do grande patrão Diego Forlán, com o sistema táctico mais original e difícil de executar do torneio, o fogacho Tshabalala, a Nigéria e a titular Itália em último nos respectivos grupos e os Estados Unidos em primeiro do seu.
A tristeza da Inglaterra, a Sérvia a mostrar-se à Alemanha, a Nova Zelândia (a única equipa sem derrotas) e o facto insofismável de Portugal ter passado a fase de grupos e a tourada da Suíça sobre a Espanha (foi uma bela faena).
A Argentina foi uma equipa bipolar, com a surpresa e a confirmação do seu valor e da falta dele a andarem de mãos dadas com as manias histriónicas do seu treinador. Nada que um psicólogo não consiga resolver.
Em relação ao previsto, ou quase, está a actuação da França. Festejada efusivamente, especialmente no jogo com o México, com o velhinho Cuauhtémoc a molhar a sopa no meio de um belo repasto. A equipa da casa a ficar pela fase de grupos, as prestações da Coreia do Sul e do Japão (e das coreanas e japonesas) e o samba do avião pela Holanda (após ter visto esta e o Brasil a jogarem antes).
Ao Brasil faltou algo no ataque, uma vez que tanto o inadaptado (ao futebol europeu) Robinho como o desprezado (pelo Porto) Fabiano não marcaram a diferença, apesar da sua suposta qualidade, faltando um bom médio defensivo, o que também percebo, pois deve ser complicado escolher entre o instável Felipe Melo e o anão Josué.
A Espanha ganhou todos os jogos por um golo (excepto na fase de grupos, onde o máximo que marcou por jogo foram dois) o que constitui o maior atentado à espectacularidade do futebol desde o mundial de 1994. Aquele onde o Brasil passeou a sua classe soporífera e irritante até ao título mundial.
Apesar da qualidade da troca de bola e da capacidade desestabilizadora de Xavi e de Iniesta na equipa espanhola, quem realmente quiser ver precisão de passe e toque de bola bonito, que vá ao youtube ver vídeos do Brasil de 1982 e depois tire as suas próprias conclusões.
Nas surpresas estão o Uruguai (ver o Álvaro Pereira e o Fucile a jogarem à bola é quase um paradoxo) do grande patrão Diego Forlán, com o sistema táctico mais original e difícil de executar do torneio, o fogacho Tshabalala, a Nigéria e a titular Itália em último nos respectivos grupos e os Estados Unidos em primeiro do seu.
A tristeza da Inglaterra, a Sérvia a mostrar-se à Alemanha, a Nova Zelândia (a única equipa sem derrotas) e o facto insofismável de Portugal ter passado a fase de grupos e a tourada da Suíça sobre a Espanha (foi uma bela faena).
A Argentina foi uma equipa bipolar, com a surpresa e a confirmação do seu valor e da falta dele a andarem de mãos dadas com as manias histriónicas do seu treinador. Nada que um psicólogo não consiga resolver.
Em relação ao previsto, ou quase, está a actuação da França. Festejada efusivamente, especialmente no jogo com o México, com o velhinho Cuauhtémoc a molhar a sopa no meio de um belo repasto. A equipa da casa a ficar pela fase de grupos, as prestações da Coreia do Sul e do Japão (e das coreanas e japonesas) e o samba do avião pela Holanda (após ter visto esta e o Brasil a jogarem antes).
Ao Brasil faltou algo no ataque, uma vez que tanto o inadaptado (ao futebol europeu) Robinho como o desprezado (pelo Porto) Fabiano não marcaram a diferença, apesar da sua suposta qualidade, faltando um bom médio defensivo, o que também percebo, pois deve ser complicado escolher entre o instável Felipe Melo e o anão Josué.
A Espanha ganhou todos os jogos por um golo (excepto na fase de grupos, onde o máximo que marcou por jogo foram dois) o que constitui o maior atentado à espectacularidade do futebol desde o mundial de 1994. Aquele onde o Brasil passeou a sua classe soporífera e irritante até ao título mundial.
Apesar da qualidade da troca de bola e da capacidade desestabilizadora de Xavi e de Iniesta na equipa espanhola, quem realmente quiser ver precisão de passe e toque de bola bonito, que vá ao youtube ver vídeos do Brasil de 1982 e depois tire as suas próprias conclusões.
Vanusa Spindler (circa 1990) e Larissa Riquelme (2010)
sábado, 10 de julho de 2010
Azeite a mais...
Apesar de serem uma banda de referência para mim, fico com a sensação de que Faith No More era nos anos noventa, mas devo ser o único. Hoje em dia parece que falta qualquer coisa. Algum tipo de relevância artística e conceptual, isto sem querer teorizar em demasia.
Claro que a execução é irrepreensível, como o demonstraram na edição deste ano do Alive, mas o protagonismo excessivo do chamado kitch faz-me um pouco de impressão.
Após a marca que deixaram na história da música rock, os FNM já nada têm a provar, embora o lado crítico de um melómano continue a esperar por uma demanda eterna por inovação, numa banda que, de qualquer forma, sempre foi bastante aberta a vários tipos de influências ao longo da sua carreira musical.
Na minha opinião, o mais brutal de todos os temas dessa noite foi o "Cuckoo for Caca", e cada vez mais, considero o "King for a Day" o melhor álbum deles, apesar do contributo seminal do "Angel Dust". A maior parte do relembrar de velhas glórias em que os FNM estão hoje transformados pertence a esse álbum de '95. Tanto o maltratado "Just a Man" como o "Evidência" (assim mesmo, em proto-português) e aquela dedicada ao Cristiano, sobre carros desportivos. Em seguida, os singles do "Album of the Year" e mais umas quantas do "The Real Thing" e a festa fica feita.
Concluindo, gostava mais do Mike Patton dos anos noventa (o do "vinho verde") em vez do "azeiteiro" actual que vocifera impropérios em catadupa (até perder a piada) para gáudio do público, que de uma maneira geral, gosta de azeite.
Imagem de Manuel Lino
Claro que a execução é irrepreensível, como o demonstraram na edição deste ano do Alive, mas o protagonismo excessivo do chamado kitch faz-me um pouco de impressão.
Após a marca que deixaram na história da música rock, os FNM já nada têm a provar, embora o lado crítico de um melómano continue a esperar por uma demanda eterna por inovação, numa banda que, de qualquer forma, sempre foi bastante aberta a vários tipos de influências ao longo da sua carreira musical.
Na minha opinião, o mais brutal de todos os temas dessa noite foi o "Cuckoo for Caca", e cada vez mais, considero o "King for a Day" o melhor álbum deles, apesar do contributo seminal do "Angel Dust". A maior parte do relembrar de velhas glórias em que os FNM estão hoje transformados pertence a esse álbum de '95. Tanto o maltratado "Just a Man" como o "Evidência" (assim mesmo, em proto-português) e aquela dedicada ao Cristiano, sobre carros desportivos. Em seguida, os singles do "Album of the Year" e mais umas quantas do "The Real Thing" e a festa fica feita.
Concluindo, gostava mais do Mike Patton dos anos noventa (o do "vinho verde") em vez do "azeiteiro" actual que vocifera impropérios em catadupa (até perder a piada) para gáudio do público, que de uma maneira geral, gosta de azeite.
Imagem de Manuel Lino
sábado, 3 de julho de 2010
FAQ You (in French)
Ludivine Sagnier, nascida em La Celle-Saint-Cloud, Île-de-France
Q: O que é a França?
A: Uma vergonha.
Q: Porque razão quis o treinador Domenech voltar mais cedo para casa?
A: Por causa da mulher dele.
Q: Porque razão a imprensa francesa não é mais crítica do treinador?
A: A mulher dele é jornalista.
Q: Se existem gajas tão boas em França, porque razão é que os jogadores Ribéry e Benzema se envolveram com a Zahia Dehar?
A: Por disponibilidade financeira.
Q: Se a Irlanda tivesse ido ao mundial, como seria justo, iria fazer melhor do que a França?
A: Não.
Q: Com a prestação da França, será que a Carla Bruni se vai mudar para Itália?
A: Não, porque a prestação da Itália também foi uma desgraça.
A: Uma vergonha.
Q: Porque razão quis o treinador Domenech voltar mais cedo para casa?
A: Por causa da mulher dele.
Estelle Denis, a excelentíssima esposa
Q: Porque razão a imprensa francesa não é mais crítica do treinador?
A: A mulher dele é jornalista.
Q: Se existem gajas tão boas em França, porque razão é que os jogadores Ribéry e Benzema se envolveram com a Zahia Dehar?
A: Por disponibilidade financeira.
Zahia Dehar (aceita cartões de crédito)
Q: Se a Irlanda tivesse ido ao mundial, como seria justo, iria fazer melhor do que a França?
A: Não.
Q: Com a prestação da França, será que a Carla Bruni se vai mudar para Itália?
A: Não, porque a prestação da Itália também foi uma desgraça.
Carla Bruni, em outra encarnação
quinta-feira, 1 de julho de 2010
O efeito borboleta
Na Teoria do Caos, o "efeito borboleta" designa as diferenças imperceptíveis num sistema dinâmico que, num longo período de tempo, podem imprimir mudanças significativas a esse mesmo sistema. Exemplificado na famosa ideia de que as asas de uma borboleta, situada por exemplo em Portugal, podem criar pequenas alterações na atmosfera, que progressivamente, levem à formação de um tornado, por exemplo, na África do Sul.
Se a memória não me atraiçoa, que já passou uma eternidade, as coisas começaram a correr na Covilhã. Mal, diriam alguns.
Por essa altura, esses movimentos de incompetência eram apenas imperceptíveis:
A chamada de jogadores que se encontravam já com alguns dias de férias, a chegada a conta-gotas, um estágio prolongado, o imiscuir do binómio luso-marfinense Toni, as suas palmadinhas nas costas, o descontentamento da populaça com um treino a que não conseguiu assistir, o desfile pelas ruas e pela Câmara da Covilhã e os jogos de despreocupação com as equipas africanas (embora eu confesse que estava a torcer por Moçambique).
Na África do Sul, o pessimismo com a segurança dos que relatavam o dia-a-dia da equipa, contrastava com o optimismo desenfreado dos emigrantes que ansiavam por um pouco de reconhecimento e orgulho nacional.
Mas voltando às borboletas:
Beto, guarda redes vendido, mas que mesmo assim, ou por causa disso mesmo, foi o porta-voz da equipa, onde dava largas ao seu sorriso cínico.
Daniel Fernandes, guarda-redes canadiano do famoso Iraklis da Tessalónica, onde estava a aquecer o banco depois de ter sido emprestado pelo Bochum.
Ricardo Costa, que se intrujou a tentar jogar a lateral direito.
Pepe, um aleijado madrileno-brasileiro, que por uma questão de estatuto foi considerado indispensável e indiscutível na equipa.
Zé Castro, de quem já ninguém se lembra. O stand-in de Pepe.
Rolando, um cabo-verdiano que é uma banalidade.
Duda e o venezuelano Danny, que me provocam vómitos.
Miguel, que se defende bem, com uma 9 mm.
Nani, que se lesionou num treino na clavícula. O seu estado nunca foi assumido frontalmente pelos responsáveis. Ninguém conseguiu explicar a história da sua lesão, o que levou a todo o tipo de especulações, incluindo uma acusação de doping.
Deco, um brasileiro que contestou as opções tácticas do treinador, e que apesar de ter continuado a fazer parte do grupo de trabalho, deixou de ser opção técnica.
Amorim, que foi chamado para o lugar de Nani, apesar de nunca ter feito parte dos trabalhos anteriores e já se encontrar de férias na altura, e que contraiu igualmente uma lesão inexplicável.
Liédson, que é bastante brasileiro.
Hugo Almeida, que vociferou veementemente contra o publico que assobiava a equipa em Portugal. Indo depois para o Mundial para se auto-promover e que bateu bem as asinhas.
Cristiano, um capitão de equipa, o responsável por meter os outros na linha e a voz da autoridade, ou talvez não. Para muitos, o milagreiro redentor e por fim... o bode expiatório mais acessível para todos aqueles que embarcaram no sonho cor-de-rosa da euforia vuvuzélica.
Em conclusão, a dúvida que eu tinha era saber quem é que iria redigir a versão 2010 do famoso relatório Boronha. Mas talvez tudo fosse convenientemente abafado.
No final de contas, o tornado não foi muito grande, uma vez que parece que cumprimos o objectivo de passar da fase de grupos aos 16 melhores, isto segundo a retórica queiroziana, e por último, o presidente da Federação pode sempre encontrar um bode expiatório, uma vez que já anteriormente demonstrou uma certa habilidade para fazer isso mesmo.
Se a memória não me atraiçoa, que já passou uma eternidade, as coisas começaram a correr na Covilhã. Mal, diriam alguns.
Por essa altura, esses movimentos de incompetência eram apenas imperceptíveis:
A chamada de jogadores que se encontravam já com alguns dias de férias, a chegada a conta-gotas, um estágio prolongado, o imiscuir do binómio luso-marfinense Toni, as suas palmadinhas nas costas, o descontentamento da populaça com um treino a que não conseguiu assistir, o desfile pelas ruas e pela Câmara da Covilhã e os jogos de despreocupação com as equipas africanas (embora eu confesse que estava a torcer por Moçambique).
Na África do Sul, o pessimismo com a segurança dos que relatavam o dia-a-dia da equipa, contrastava com o optimismo desenfreado dos emigrantes que ansiavam por um pouco de reconhecimento e orgulho nacional.
Mas voltando às borboletas:
Beto, guarda redes vendido, mas que mesmo assim, ou por causa disso mesmo, foi o porta-voz da equipa, onde dava largas ao seu sorriso cínico.
Daniel Fernandes, guarda-redes canadiano do famoso Iraklis da Tessalónica, onde estava a aquecer o banco depois de ter sido emprestado pelo Bochum.
Ricardo Costa, que se intrujou a tentar jogar a lateral direito.
Pepe, um aleijado madrileno-brasileiro, que por uma questão de estatuto foi considerado indispensável e indiscutível na equipa.
Zé Castro, de quem já ninguém se lembra. O stand-in de Pepe.
Rolando, um cabo-verdiano que é uma banalidade.
Duda e o venezuelano Danny, que me provocam vómitos.
Miguel, que se defende bem, com uma 9 mm.
Nani, que se lesionou num treino na clavícula. O seu estado nunca foi assumido frontalmente pelos responsáveis. Ninguém conseguiu explicar a história da sua lesão, o que levou a todo o tipo de especulações, incluindo uma acusação de doping.
Deco, um brasileiro que contestou as opções tácticas do treinador, e que apesar de ter continuado a fazer parte do grupo de trabalho, deixou de ser opção técnica.
Amorim, que foi chamado para o lugar de Nani, apesar de nunca ter feito parte dos trabalhos anteriores e já se encontrar de férias na altura, e que contraiu igualmente uma lesão inexplicável.
Liédson, que é bastante brasileiro.
Hugo Almeida, que vociferou veementemente contra o publico que assobiava a equipa em Portugal. Indo depois para o Mundial para se auto-promover e que bateu bem as asinhas.
Cristiano, um capitão de equipa, o responsável por meter os outros na linha e a voz da autoridade, ou talvez não. Para muitos, o milagreiro redentor e por fim... o bode expiatório mais acessível para todos aqueles que embarcaram no sonho cor-de-rosa da euforia vuvuzélica.
Em conclusão, a dúvida que eu tinha era saber quem é que iria redigir a versão 2010 do famoso relatório Boronha. Mas talvez tudo fosse convenientemente abafado.
No final de contas, o tornado não foi muito grande, uma vez que parece que cumprimos o objectivo de passar da fase de grupos aos 16 melhores, isto segundo a retórica queiroziana, e por último, o presidente da Federação pode sempre encontrar um bode expiatório, uma vez que já anteriormente demonstrou uma certa habilidade para fazer isso mesmo.
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