Não tenho bem a certeza se de facto é teatro, mas um tipo qualquer de expressão teatral é certo que seja. A designação mais correcta será a de "pantomina" e os que a fazem, um grupo de pantomineiros.
A novela em torno da aprovação do OE 2011 adquire contornos dramáticos. No fundo, Passos Coelho irá aprovar qualquer coisa o que o governo lhe apresente, mas precisa primeiro de mostrar que se consegue diferenciar deste.
Tanto Passos Coelho como a anterior líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, quiseram que o Poder lhes caísse no colo, em vez de o tentarem conquistar. São ambos figuras menores, que foram progredindo socialmente na sombra daquilo que o cavaquismo lhes quis oferecer. Dessa forma, são incapazes de mobilizar as pessoas que hipoteticamente os poderiam eleger, uma vez que é demasiado evidente o seu corte com a sociedade em geral.
Claro que Passos Coelho não pretende que o governo caia, nem quer provocar eleições, nem mesmo deseja entregar o país à ulterior míngua dos duodécimos (ordinal de doze, para quem não sabe português) e do consequente aumento dos juros da dívida. Isso só aconteceria se este realmente estivesse preocupado com a maldade do OE 2011 ou da suposta canalhice em torno da sua negociação, em vez de estar mais preocupado em chatear os portugueses através da comunicação social, através de uma crispação absurda.
Descontando o facto do ministro Silva Pereira ser um spin doctor, que foi à televisão fazer aquilo que lhe competia para manipular essa mesma opinião pública, as declarações extremas de Passos Coelho nunca deveriam ter sido proferidas. Mesmo partindo do princípio que todos sabiam e sabem que é um fogo de artifício no qual já ninguém acredita.
O debate público fica empobrecido e a credibilidade deixa de existir. Passos Coelho tem pessoas suficientes para fazer o seu trabalho sujo, mas as sondagens não lhe são favoráveis e resolveu assim assumir as despesas do combate.
Agora que já conseguiu o seu arroubo mediático, esperam-se os próximos capítulos. Uma vez que já se viu que as acções honestas e não demagógicas não condizem muito bem com este tipo de pantomina política.
Imagem: Seeds of Unfolding
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Observação Lunar
Maki Goto, J-pop Idol
Tsukimi (月見) - "Observação da Lua".
Equinócio de Outono e Lua Cheia no mesmo dia.
Equinócio de Outono e Lua Cheia no mesmo dia.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
O pressuposto da forma como eu vejo as coisas
Quem faz a política são as pessoas, não são os políticos, ou vá lá, os homens públicos. O veneno que existe na opinião pública serve-lhes, mas ninguém os questiona sobre aquilo que realmente importa. Mas claro que existe pouco poder para isso.
Dito de outra forma, vários políticos e manipuladores de opinião gostam de sentir que existem pessoas a pensar a preto e branco para poderem capitalizar a sua doutrina.
A verdadeira discussão é feita por nós, aqui ou em qualquer outro lugar. Podemos mesmo advogar ideias absurdas.
Por fim tenho de frisar que, como é óbvio, não te estava a chamar de louco. Tudo pode ser passível de ser discutido. Não existem assuntos taboo, pelo menos para mim, e o apagar da inteligência, como defendes, não é a melhor forma de lidar com isso, pelo menos na minha opinião.
Mas compreendo perfeitamente que uma pessoa se sinta farta, cansada, exaurida ou com vontade de emigrar. Se não fosses um gajo sensível, não te emocionavas com esse tipo de coisas.
Dito de outra forma, vários políticos e manipuladores de opinião gostam de sentir que existem pessoas a pensar a preto e branco para poderem capitalizar a sua doutrina.
A verdadeira discussão é feita por nós, aqui ou em qualquer outro lugar. Podemos mesmo advogar ideias absurdas.
Por fim tenho de frisar que, como é óbvio, não te estava a chamar de louco. Tudo pode ser passível de ser discutido. Não existem assuntos taboo, pelo menos para mim, e o apagar da inteligência, como defendes, não é a melhor forma de lidar com isso, pelo menos na minha opinião.
Mas compreendo perfeitamente que uma pessoa se sinta farta, cansada, exaurida ou com vontade de emigrar. Se não fosses um gajo sensível, não te emocionavas com esse tipo de coisas.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Relembrando Jaco
John Francis "Jaco" Pastorius (1951 - 1987)
Passam hoje vinte e três anos da morte de Jaco Pastorius. Provavelmente o mais influente e carismático baixista de todos os tempos, na história da música. Desde que o baixo-eléctrico foi inventado algures nos anos trinta, que nunca houve, e possivelmente nunca mais haverá, alguém com a sua mítica proficiência. A qual pode ser comparada à de Jimi Hendrix em relação à guitarra, e com a semelhança de ambos os músicos terem conhecido um fim prematuro.
Sofrendo daquilo que hoje é dia é reconhecido como bipolaridade, de cujos estados a sua criação musical tem algo a dever, Pastorius abraçou a um dado momento, um tipo de comportamento errático, que o levou ao álcool e aos anti-depressivos, à medida que a sua saúde se ia deteriorando.
Tudo acabou em Fort Lauderdale, na Florida. Jaco tinha sido expulso de um concerto de Carlos Santana, tendo-se dirigido em seguida para o Midnight Bottle Club com a sua excentricidade e temperamento. A sua entrada nesse estabelecimento é recusada, o que faz com que Jaco pontapeie a porta de vidro. Segue-se uma violenta altercação com o porteiro, que resulta em múltiplas fracturas dos ossos faciais e do braço esquerdo, tendo ficando inanimado no passeio durante um certo tempo.
Ao ser levado para o hospital, Pastorius entra em coma, e apesar de uma certa recuperação inicial, uma hemorragia cerebral uns dias depois torna-se fatal. Jaco Pastorius tinha-nos deixado. Tinha apenas trinta e cinco anos.
Jaco Pastorius (with Weather Report) - Portrait Of Tracy
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Lutar pelo Direito de Justiça
O Benfica desafiou um poder que domina o futebol nacional há mais de vinte anos. O Sporting é um actor menor, e quem de facto cerceia o campeonato português é uma canalha que vai desde um velho gaiteiro, passando por um proxeneta, e acabando no "temível" (deve ter algum taco de basebol) consiglieri Pôncio Monteiro. Incluindo ainda "pessoas" como o paneleiro Abreu Amorim ou o inqualificável Guilherme Aguiar. O resultado do Derby foi, e ainda bem, o pior dos resultados que essa corja desejaria.
Fazendo uma análise desapaixonada, o Sporting encontra-se neste momento, na situação em que Os Belenenses se encontravam em 1963-64. Esta equipa tinha ganho o campeonato em 1945 e partir de 1964 (cerca de vinte anos depois) nunca mais ficaria nos quatro primeiros, excepto em 1973, 1976 e 1988, acentuando a decadência com a primeira descida à divisão inferior em 1982.
O facto do Sporting fazer valer o seu estado anímico, tanto dos seus jogadores e dirigentes como dos seus adeptos, pela identificação que fazem com o Benfica, o seu clube rival, faz com que inexoravelmente estejam condenados a serem cada vez mais irrelevantes no futuro. Apesar de todas as benesses que a canalha acima mencionada, por incidência, lhes possa prestar.
Quanto ao Benfica. Após ter ganho o campeonato passado com o futebol mais espectacular dos últimos vinte anos (nem a pressão alta do losango portista de Mourinho jogava com esta criatividade) vê-se este ano a braços com a ainda maior necessidade de ter de lutar contra as equipas adversárias, mais as equipas de arbitragem nos jogos próprios, mais as equipas adversárias que vão facilitar os jogos do FC Porto e mais as equipas de arbitragens destes.
Os roubos são à vista de todos e sem nenhuma vergonha.
A guerra deste ano vai ser renhida e acredito que se chegue a um ponto de extremos, em que toda a comunicação social (que na maior parte se encontra enfeudada) se irá perguntar como foi possível aí chegar. Uma vez que o poder político, como se já viu, não ter interesse em resolver este problema e o poder judicial se apresentar manietado por pormenores técnico-jurídicos. Apesar de todos os portugueses saberem quem é a corja responsável pela corrupção, nada se faz para inverter a situação.
Quanto ao jogo em si, o Derby foi como sempre, um momento de bela rivalidade (que não existe por parte do FC Porto, pois estes só demonstram ódio, inveja e mediocridade) e apesar da falta de educação dos adversários não dar o devido mérito ao Benfica pela vitória, o ânimo nunca esmorecerá. Mesmo que a canalha nos tente tirar o sangue.
Fazendo uma análise desapaixonada, o Sporting encontra-se neste momento, na situação em que Os Belenenses se encontravam em 1963-64. Esta equipa tinha ganho o campeonato em 1945 e partir de 1964 (cerca de vinte anos depois) nunca mais ficaria nos quatro primeiros, excepto em 1973, 1976 e 1988, acentuando a decadência com a primeira descida à divisão inferior em 1982.
O facto do Sporting fazer valer o seu estado anímico, tanto dos seus jogadores e dirigentes como dos seus adeptos, pela identificação que fazem com o Benfica, o seu clube rival, faz com que inexoravelmente estejam condenados a serem cada vez mais irrelevantes no futuro. Apesar de todas as benesses que a canalha acima mencionada, por incidência, lhes possa prestar.
Quanto ao Benfica. Após ter ganho o campeonato passado com o futebol mais espectacular dos últimos vinte anos (nem a pressão alta do losango portista de Mourinho jogava com esta criatividade) vê-se este ano a braços com a ainda maior necessidade de ter de lutar contra as equipas adversárias, mais as equipas de arbitragem nos jogos próprios, mais as equipas adversárias que vão facilitar os jogos do FC Porto e mais as equipas de arbitragens destes.
Os roubos são à vista de todos e sem nenhuma vergonha.
A guerra deste ano vai ser renhida e acredito que se chegue a um ponto de extremos, em que toda a comunicação social (que na maior parte se encontra enfeudada) se irá perguntar como foi possível aí chegar. Uma vez que o poder político, como se já viu, não ter interesse em resolver este problema e o poder judicial se apresentar manietado por pormenores técnico-jurídicos. Apesar de todos os portugueses saberem quem é a corja responsável pela corrupção, nada se faz para inverter a situação.
Quanto ao jogo em si, o Derby foi como sempre, um momento de bela rivalidade (que não existe por parte do FC Porto, pois estes só demonstram ódio, inveja e mediocridade) e apesar da falta de educação dos adversários não dar o devido mérito ao Benfica pela vitória, o ânimo nunca esmorecerá. Mesmo que a canalha nos tente tirar o sangue.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Da Inutilidade de um Antro
Heather Rae Young, fotografada por Josh Ryan
A Playmate é o modelo feminino que aparece todos os meses nas páginas centrais desdobráveis da revista Playboy, sendo designada por "Playmate do Mês". 40% delas são louras e o signo astrológico mais comum é Virgem.
Aqui estão mais algumas curiosidades irrelevantes acerca delas.
Estatísticas vitais:
Mais nova: Elizabeth Ann Roberts, Janeiro 1958 - 16 anos e cinco meses (a partir de 1984, o limite mínimo passou a ser 18 anos).
Mais velha: Rebecca Ramos, Janeiro 2003 - 35 anos e cinco meses.
Mais alta: Cara Michelle Meschter, Dezembro 2000 - 6' 2'' (1,88m).
Mais baixa: Sue Williams, Abril 1965 e Karla Conway, Abril 1966 - ambas com 4' 11'' (1,50m).
Maior peito: Rosemarie Hillcrest, Outubro 1964 - 41'' (36DD).
Menor peito: Karen Elaine Morton, Julho 1978; Anne-Marie Fox, Fevereiro 1982 e Kyra Milan, Março 2010 - todas com 34'' (32B).
Índice de Massa Corporal (IMC) - Por volta de 1960 era de 19,4 e passou para 18,2 em 2008 (O normal situa-se entre os 18,5 e os 25).
Ornamentos:
Tatuagens visíveis: Jennifer LeRoy, Fevereiro 1993; Jennifer Miriam, Março 1997; Kalin Olson, Agosto 1997; Jodi Ann Paterson, Outubro 1999; Jennifer Walcott, Agosto 2001; Aliya Wolf, Fevereiro 2004; Kia Drayton, Dezembro 2006; Jayde Nicole, Janeiro 2007; Jennifer Campbell, Dezembro 2008; Jessica Burciaga, Fevereiro 2009; Jaime Faith Edmondson, Janeiro 2010 e Heather Rae Young, Fevereiro 2010.
A primeira com piercings: Gillian Bonner, Abril 1996 (umbigo).
A primeira com o púbis rapado: Dalene Kurtis, Setembro 2001.
Notoriedade:
Ícones: Marilyn Monroe, Dezembro 1953; Bettie Page, Janeiro 1955; Jayne Mansfield, Fevereiro 1955; Dorothy Stratten, Agosto 1979; Pamela Anderson, Fevereiro 1990 e Anna Nicole Smith, Maio 1992.
Cinema e Televisão: Stella Stevens, Janeiro 1960; Cynthia Myers, Dezembro 1968; Claudia Jennings, Novembro 1969; Martha Smith, Julho 1973; Shannon Tweed, Novembro 1981; Roberta Vasquez, Novembro 1984; Erika Eleniak, Julho 1989; Petra Verkaik, Dezembro 1989; Jenny McCarthy, Outubro 1993 e Victoria Zdrok, Outubro 1994.
LGBT: Stephanie Adams, Novembro 1992.
Pornografia hardcore: Teri Weigel, Abril 1986.
Miss Estados Unidos: Shanna Moakler, Dezembro 2001.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
A pocilga do futebol português
Ao contrário do que parece, tudo começou com Laurentino Dias. Foi ele quem prometeu aos portugueses (promessa em que nunca acreditei) que a selecção nacional, comummente conhecida como Portugal, poderia ir tão longe neste mundial como foi no mundial de 2006, ou seja, estabeleceu a meta, e consequentemente o objectivo das meias-finais. O que sendo muito bom para intoxicar o Povo, não deixa de ser de um irrealismo atroz.
Bem sei que Sócrates também fez aquela promessa dos não-sei-quantos milhares de desempregados, perdão... de empregos, mas esta era muito melhor.
E que aconteceria se não cumpríssemos esse objectivo? Sim, porque a selecção somos todos nós. Todos nós é que falhámos e não apenas jogadores como o Hugo Almeida, que usam a selecção para se promover. A resposta ao que aconteceria foi dada na forma de um processo que o dito secretário "achou" na sua gaveta, e que utilizou como injusta causa para que alguém pagasse o devido, neste caso Carlos Queiroz, segundo aquelas campanhas lamacentas que os políticos tão bem sabem construir.
Agora que o processo terminou e Portugal pode alegremente perder sem a influência queiroziana, este secretário pode permitir-se de ter a aleivosia em declarar que o futebol, apesar de ter regras próprias (assim, género feudo medieval) tem de se submeter às regras do Estado de Direito, essa ficção controlada por máfias e interesses corporativistas que o senhor secretário conhece tão bem, nem que seja pelo pocilgal ajuntamento aos senhores do apito dourado e por aquelas abjectas comparações do futebol com o andebol, o basquetebol e por aí fora (quanto se trata de realidades diametralmente opostas, desde a cultural - a bola - até à financeira, onde se contam as receitas em milhões).
Infelizmente, dinheiro esse, quase sempre gerido de forma mafiosa com o beneplácito do governo.
Por isso, trata-se de uma questão de justiça considerar essa pessoa como persona non grata. Alguém tinha de dar o primeiro passo, e qualquer um que tenha estado dentro de um lamaçal, sabe bem que os passos que por lá se dão, são difíceis de dar.
Imagem de "Le Cochon Danseur", 1907
Bem sei que Sócrates também fez aquela promessa dos não-sei-quantos milhares de desempregados, perdão... de empregos, mas esta era muito melhor.
E que aconteceria se não cumpríssemos esse objectivo? Sim, porque a selecção somos todos nós. Todos nós é que falhámos e não apenas jogadores como o Hugo Almeida, que usam a selecção para se promover. A resposta ao que aconteceria foi dada na forma de um processo que o dito secretário "achou" na sua gaveta, e que utilizou como injusta causa para que alguém pagasse o devido, neste caso Carlos Queiroz, segundo aquelas campanhas lamacentas que os políticos tão bem sabem construir.
Agora que o processo terminou e Portugal pode alegremente perder sem a influência queiroziana, este secretário pode permitir-se de ter a aleivosia em declarar que o futebol, apesar de ter regras próprias (assim, género feudo medieval) tem de se submeter às regras do Estado de Direito, essa ficção controlada por máfias e interesses corporativistas que o senhor secretário conhece tão bem, nem que seja pelo pocilgal ajuntamento aos senhores do apito dourado e por aquelas abjectas comparações do futebol com o andebol, o basquetebol e por aí fora (quanto se trata de realidades diametralmente opostas, desde a cultural - a bola - até à financeira, onde se contam as receitas em milhões).
Infelizmente, dinheiro esse, quase sempre gerido de forma mafiosa com o beneplácito do governo.
Por isso, trata-se de uma questão de justiça considerar essa pessoa como persona non grata. Alguém tinha de dar o primeiro passo, e qualquer um que tenha estado dentro de um lamaçal, sabe bem que os passos que por lá se dão, são difíceis de dar.
Imagem de "Le Cochon Danseur", 1907
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Abertura de hostilidades
Foi triste de ver em Ponte de Lima algumas pessoas do bom e generoso povo a quererem cumprimentar o candidato Cavaco Silva e a serem afastadas de forma determinada pelos seguranças do outro, o Presidente da República, que tal como os motoristas e o resto da comitiva, são pagos pelo erário público (não que isso me cause grande problema. Para isso teria de falar nas vezes que Edite Estrela usou os fundos camarários para fazer campanha, ou nas vezes que Carlos César inaugurou uma obra regional enquanto estava em funções).
Não percebo muito bem a indignação em torno da incapacidade de argumentação de Cavaco em relação a quem o critica (contraditório que é feito de forma esplendorosa pelos seus cães de serviço). Alguém que sempre foi ideologicamente neutro e que se procura resguardar de qualquer polémica, nunca iria entrar num debate que não pode ganhar. Para além da sua posição social lhe dar uma alavanca moral sobre os vulgares cidadãos.
Todos sabem que Manuel Alegre é um pobre pecador, que sofre de vaidade e que gosta de caçar. Mas para o bem e para o mal, quer se goste ou não dele e apesar das hipérboles do seu discurso, Alegre é o candidato da Esquerda (os comunistas também o percebem, agora que o Avante deste ano terminou e as trombetas dos sovietes deixaram de tocar).
Assim, o grande receio de Cavaco é que o lastro de Esquerda da sociedade, historicamente mais pesado do que o de Direita, acabe por levar a melhor sobre ele. A ordenha já começou.
Este texto da Fernanda diz quase tudo.
Não percebo muito bem a indignação em torno da incapacidade de argumentação de Cavaco em relação a quem o critica (contraditório que é feito de forma esplendorosa pelos seus cães de serviço). Alguém que sempre foi ideologicamente neutro e que se procura resguardar de qualquer polémica, nunca iria entrar num debate que não pode ganhar. Para além da sua posição social lhe dar uma alavanca moral sobre os vulgares cidadãos.
Todos sabem que Manuel Alegre é um pobre pecador, que sofre de vaidade e que gosta de caçar. Mas para o bem e para o mal, quer se goste ou não dele e apesar das hipérboles do seu discurso, Alegre é o candidato da Esquerda (os comunistas também o percebem, agora que o Avante deste ano terminou e as trombetas dos sovietes deixaram de tocar).
Assim, o grande receio de Cavaco é que o lastro de Esquerda da sociedade, historicamente mais pesado do que o de Direita, acabe por levar a melhor sobre ele. A ordenha já começou.
Este texto da Fernanda diz quase tudo.
domingo, 12 de setembro de 2010
Viagem ao Érebo
Senti-me como que absorto pelos meus pensamentos passados para papel. Precisava de entender o facto do toque ser frio e absoluto como uma caligrafia bem estruturada.
O caminho descia por uma escuridão cada vez mais intensa, e nem um deus da morte conseguiria imaginar uma escuridão mais negra do que o preto, mas ali estava ela à minha frente. No entanto conseguia vê-la, a essa escuridão, como se a ira de Beleth me tivesse amaldiçoado durante a sua rebelião frustrada e agora o olho monstruoso, que actua como espião desse demónio, conseguisse por sua vez, também ver o meu fracasso. O fracasso em conter as minhas emoções.
Eu, que deveria tomar decisões perfeitamente racionais, tal como se espera de um ser da minha raça. Mas em vez disso, deixava-me inebriar pelas canções de Megara.
Aproximei-me do fim do caminho. Pequenos cristais reluziam à minha volta, abatendo um pouco a escuridão antes desenhada, até que vi uma figura imponente encimando uma barca funesta, que lentamente se deslocava para a margem.
Essa figura era um velho andrajoso que vociferava, num clamor que enchia o mundo tenebroso onde nos encontrávamos, sobre o facto de eu não ter motivo ou razão para estar ali, diante dele. As sombras dos mortos gemiam em prantos indescritíveis ao nosso lado, embora nenhuma delas se atrevesse a colocar um pé que fosse nas águas corrosivas do Estige.
Eu sabia que o barqueiro era irascível, mas sentia-me determinado em prosseguir o meu caminho. Necessitava de encontrar os três juízes. Talvez Éaco ou Minos me pudessem aconselhar sobre a melhor opção a tomar, ou que dissessem algo que atenuasse a minha miséria. Nem que para isso tivesse de ir a um lugar de onde nenhum ser vivo tivesse estado antes, exceptuando talvez os heróis lendários.
- Só transporto sombras que tenham um óbulo para fazer o pagamento! Dizia-me com gravidade, Caronte. - Para além disso, tu não estás morto... o teu lugar não é aqui!
- Também não estou propriamente vivo! Respondi. - Quanto ao pagamento, penso que só se apropria às sombras.
Lembrei-me que Orfeu tinha tocado uma canção emocionada com a sua lira, para convencer Caronte a transporta-lo, aquando da sua descida aos infernos em busca da sua amada Eurídice. Mas apesar de, tal como Orfeu, eu deter o conhecimento da serpente, aquilo que eu pudesse tocar dificilmente convenceria Caronte. Uma vez que se assemelhava mais ao ribombar de um trovão, do que às linhas melódicas e perfeitamente harmoniosas do filho de Apolo.
Ao inclinar-se na minha direcção e olhando mais de perto para a minha cara, a expressão do mórbido barqueiro alterou-se, revelando surpresa. Acedeu a fazer a travessia e atravessámos as águas negras do rio do ódio sem este ter proferido qualquer palavra.
Ao chegarmos ao Mundo Inferior propriamente dito, agradeci ao barqueiro, que já se encaminhava para a outra margem e voltei-me para subir uma leve elevação que dava para uns portões lúgubres e estudar a melhor maneira de encarar o demónio Cérbero.
Este demónio do poço podia ser aterrorizante e bastante feroz. No entanto, recebeu-me como um cão que recebe o dono, e foi então, que finalmente percebi a razão da surpresa de Caronte.
O caminho descia por uma escuridão cada vez mais intensa, e nem um deus da morte conseguiria imaginar uma escuridão mais negra do que o preto, mas ali estava ela à minha frente. No entanto conseguia vê-la, a essa escuridão, como se a ira de Beleth me tivesse amaldiçoado durante a sua rebelião frustrada e agora o olho monstruoso, que actua como espião desse demónio, conseguisse por sua vez, também ver o meu fracasso. O fracasso em conter as minhas emoções.
Eu, que deveria tomar decisões perfeitamente racionais, tal como se espera de um ser da minha raça. Mas em vez disso, deixava-me inebriar pelas canções de Megara.
Aproximei-me do fim do caminho. Pequenos cristais reluziam à minha volta, abatendo um pouco a escuridão antes desenhada, até que vi uma figura imponente encimando uma barca funesta, que lentamente se deslocava para a margem.
Essa figura era um velho andrajoso que vociferava, num clamor que enchia o mundo tenebroso onde nos encontrávamos, sobre o facto de eu não ter motivo ou razão para estar ali, diante dele. As sombras dos mortos gemiam em prantos indescritíveis ao nosso lado, embora nenhuma delas se atrevesse a colocar um pé que fosse nas águas corrosivas do Estige.
Eu sabia que o barqueiro era irascível, mas sentia-me determinado em prosseguir o meu caminho. Necessitava de encontrar os três juízes. Talvez Éaco ou Minos me pudessem aconselhar sobre a melhor opção a tomar, ou que dissessem algo que atenuasse a minha miséria. Nem que para isso tivesse de ir a um lugar de onde nenhum ser vivo tivesse estado antes, exceptuando talvez os heróis lendários.
- Só transporto sombras que tenham um óbulo para fazer o pagamento! Dizia-me com gravidade, Caronte. - Para além disso, tu não estás morto... o teu lugar não é aqui!
- Também não estou propriamente vivo! Respondi. - Quanto ao pagamento, penso que só se apropria às sombras.
Lembrei-me que Orfeu tinha tocado uma canção emocionada com a sua lira, para convencer Caronte a transporta-lo, aquando da sua descida aos infernos em busca da sua amada Eurídice. Mas apesar de, tal como Orfeu, eu deter o conhecimento da serpente, aquilo que eu pudesse tocar dificilmente convenceria Caronte. Uma vez que se assemelhava mais ao ribombar de um trovão, do que às linhas melódicas e perfeitamente harmoniosas do filho de Apolo.
Ao inclinar-se na minha direcção e olhando mais de perto para a minha cara, a expressão do mórbido barqueiro alterou-se, revelando surpresa. Acedeu a fazer a travessia e atravessámos as águas negras do rio do ódio sem este ter proferido qualquer palavra.
Ao chegarmos ao Mundo Inferior propriamente dito, agradeci ao barqueiro, que já se encaminhava para a outra margem e voltei-me para subir uma leve elevação que dava para uns portões lúgubres e estudar a melhor maneira de encarar o demónio Cérbero.
Este demónio do poço podia ser aterrorizante e bastante feroz. No entanto, recebeu-me como um cão que recebe o dono, e foi então, que finalmente percebi a razão da surpresa de Caronte.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Dão-se alvíssaras
Bastet, representando um dos sete pecados (a Vaidade)
Agora sim... vale a pena procurar a carrinha dos Xutos!
domingo, 5 de setembro de 2010
Ser Grande
José Torres (1938 - 2010)
Fascina-me a bondade existente nas pessoas que são seres humanos completos, e cujos actos em relação ao próximo reflectem esse estado de espírito.
Com ele desaparece uma ideia, para mim romântica, de selecção nacional.
Um dos preceitos do código dos samurais - o bushidō - é a Benevolência (仁 jin). O ideograma que representa esta virtude (仁) mostra um homem que liga o Céu e a Terra. O verdadeiro gigante é o gigante da alma.
sábado, 4 de setembro de 2010
Se um geógrafo incomoda muita gente...
Apraz-me dizer que o ataque pessoal que passa pelo desrespeito por uma classe inteira de profissionais é no mínimo, triste e ridículo. Claro que existem articulistas miseráveis, mas obviamente não os vou remeter a todos ao mesmo epíteto, por causa deste mísero texto de Bernardo Jardim Fernandes, doravante referido como "o ignorante".
Obviamente que o ignorante levou várias respostas, como esta, sobre o que é ser geógrafo. Eu, pela minha parte, escuso de ser educado e formal na minha escrita.
O ignorante resolveu fazer um ataque pessoal ao geógrafo Raimundo Quintal, uma voz crítica do ordenamento do território madeirense. A forma que o ignorante regional usou para o fazer, foi faltar ao respeito aos geógrafos. Este não sabe que a Geografia é uma ciência à qual se deve respeito, não só intelectual, mas também filosófico. Que a mesma se situa na charneira do conhecimento científico, e como tal, necessita da contribuição de vários saberes para atingir o seu objectivo: Responder à pergunta "onde?".
Mas de que interessa aos geógrafos e restantes técnicos do território fazerem os seus estudos, análises e diagnósticos? Se existe uma elite corrupta que predetermina esses mesmos resultados, com base nos seus próprios interesses mesquinhos, que desprezam a competência técnica dos geógrafos e o bem estar da população. Essa mesma elite corrupta que o ignorante defende (afinal, ele é um social-democrata madeirense) ao atacar o incómodo geógrafo que, chatice das chatices, está sempre na televisão, a criticar as (más) decisões de planeamento e ordenamento territorial.
A falácia da argumentação do ignorante em relação ao "geógrafo especialista em alguma coisa" é atroz, e quanto ao "ensurdecedor silêncio das dezenas de investigadores da Universidade da Madeira e das centenas de técnicos da Administração Pública Regional sobre estes assuntos?" já aqui expliquei um pouco como funciona a sociedade madeirense, por isso estamos conversados.
Obviamente que o ignorante levou várias respostas, como esta, sobre o que é ser geógrafo. Eu, pela minha parte, escuso de ser educado e formal na minha escrita.
O ignorante resolveu fazer um ataque pessoal ao geógrafo Raimundo Quintal, uma voz crítica do ordenamento do território madeirense. A forma que o ignorante regional usou para o fazer, foi faltar ao respeito aos geógrafos. Este não sabe que a Geografia é uma ciência à qual se deve respeito, não só intelectual, mas também filosófico. Que a mesma se situa na charneira do conhecimento científico, e como tal, necessita da contribuição de vários saberes para atingir o seu objectivo: Responder à pergunta "onde?".
Mas de que interessa aos geógrafos e restantes técnicos do território fazerem os seus estudos, análises e diagnósticos? Se existe uma elite corrupta que predetermina esses mesmos resultados, com base nos seus próprios interesses mesquinhos, que desprezam a competência técnica dos geógrafos e o bem estar da população. Essa mesma elite corrupta que o ignorante defende (afinal, ele é um social-democrata madeirense) ao atacar o incómodo geógrafo que, chatice das chatices, está sempre na televisão, a criticar as (más) decisões de planeamento e ordenamento territorial.
A falácia da argumentação do ignorante em relação ao "geógrafo especialista em alguma coisa" é atroz, e quanto ao "ensurdecedor silêncio das dezenas de investigadores da Universidade da Madeira e das centenas de técnicos da Administração Pública Regional sobre estes assuntos?" já aqui expliquei um pouco como funciona a sociedade madeirense, por isso estamos conversados.
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